Eu sou um exemplo, e não de “força de vontade”… Mas sim um exemplo de que a comida de verdade pode ser nosso remédio. Porque foi o meu remédio — e pode ser para outras pessoas também.”
A Lara Rosa tem uma história incrível de superação.
Após chegar aos 160kg de peso, ela eliminou mais de 100kg apenas com alimentação saudável — mesmo com a descrença de mais de 20 médicos que insistiam em operá-la.
Hoje, ela vem ensinar as lições mais valiosas que aprendeu ao longo desta caminhada.
Por isso, recomendo que escute ou leia a entrevista até o final.
Para, assim, saber tudo sobre:
- como era a vida da Lara aos 160kg (ela não podia nem ir ao teatro),
- por que ela se recusou (e brigou com mais de 23 médicos) a fazer cirurgia bariátrica,
- quais as maiores dificuldades na jornada para eliminar mais de 100kg de gordura,
- como foi ouvir do médico “uma hora dessas você vai morrer dormindo”,
- como lidar com a opinião negativa das pessoas ao redor,
- o maior erro de quem considera fazer cirurgia bariátrica (isto leva as pessoas ao fracasso),
- como é a alimentação atual da Lara (como manter o peso após emagrecer),
- hemotransfusão, imunossupressor, remédios diversos: como a alimentação resolveu o que tudo isso não foi capaz de solucionar,
- como lidar com a vontade de doces e manter o foco na alimentação,
- os duros sintomas da dependência de açúcar e junk food,
- por que ter uma “lista de motivos” ajudou a Lara a se manter firme (e pode ajudar você a valorizar a sua saúde ainda mais),
- estratégias e hábitos que ajudam a Lara a se manter no foco,
- por que não se comparar com os outros,
- os conselhos da Lara para você,
e muito, muito mais.
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Abaixo você encontra nosso agradecimento aos apoiadores que possibilitam este projeto ser um sucesso.
E também a transcrição completa do episódio.
Para ser avisado de novos episódios, lembre-se de nos seguir no email e no canal do Telegram.
Tem episódios novos todas as segundas e sextas-feiras.
Conteúdo do post:
Obrigado Aos Apoiadores Do Podcast
Bem-vindo a mais um podcast do Senhor Tanquinho.
Somos Guilherme e Roney, e aqui a nossa missão é deixar você no controle do seu corpo.
Antes de irmos ao episódio em si, queremos agradecer aos apoiadores que tornam este projeto possível.
Apoiador #1 — Loja Online Tudo Low-Carb
Este podcast é um oferecimento da loja online Tudo Low-Carb.
A Tudo Low-Carb é uma loja que vende somente produtos que se encaixam numa dieta low-carb e cetogênica.
Lá você vai comprar de tudo, desde farinhas low-carb até adoçantes como xilitol, eritritol, e estévia.
Além de temperos e produtos naturais, feitos com comida de verdade.
Nós conhecemos pessoalmente Eliana, fundadora da loja.
E ela nos garantiu que monitora constantemente os valores para que a Tudo Low-Carb tenha os melhores preços dos adoçantes xilitol, eritritol e da farinha de amêndoas.
Então, se esse é seu caso, se você quer comprar ingredientes para receitas low-carb, recomendamos acessar a Tudo Low-Carb — porque lá é garantido que você vai encontrar.
Apoiador #2 — Medidor de cetonas Uaiketo
Esse podcast também é um oferecimento do Uaiketo — e o que é o Uaiketo?
O Uaiketo é um aparelhinho que serve para medir o seu nível de cetose através do hálito.
A gente achou muito interessante esse aparelho porque você pode saber o seu nível de cetose sem ter que furar o seu dedo ou fazer um exame de sangue para isso.
É um aparelho realmente revolucionário no mercado — e o mais legal é que o Uaiketo é uma tecnologia 100% brasileira.
O Iago, criador deste aparelho, entrou em contato com a gente, e a gente achou super legal divulgar essa iniciativa — é por isso que hoje o Uaiketo é um dos patrocinadores aqui do podcast.
A gente recomenda que você conheça esse aparelho, se a sua intenção é saber o seu nível de corpos cetônicos. É só acessar uaiketo.com.br.
Apoiador #3 — Nossos alunos do Guia Dieta Cetogênica
Este podcast só existe graças aos alunos do nosso programa VIP Guia Dieta Cetogênica.
O Guia Dieta Cetogênica é um curso em vídeo com todas as informações, passo a passo, para você seguir uma dieta cetogênica de sucesso.
E como bônus para você que escuta os nossos podcasts, a gente colocou dentro do programa, na área de membros especiais, todos os nossos livros e manuais digitais já publicados até hoje.
Então, são centenas de receitas. Tem também o nosso livro de apoio, com 120 dúvidas sobre alimentação saudável respondidas, com prefácio do Dr. José Neto, um livro super elogiado por profissionais como Dr. Souto, Dr. Rodrigo Bomeny, Danilo Balu e por vários e vários convidados que já passaram pelo nosso podcast.
E ainda tem tabelas, infográficos, textos explicativos, resumos em pdf, um grupo secreto no Facebook e muito, muito mais.
Então, convido você a conhecer o nosso programa Guia Dieta Cetogênica.
Transcrição Completa Do Episódio Com A Lara Rosa
Guilherme: Olá, Tanquinho. Olá, Tanquinha, sejam muito bem vindos e bem vindas a mais um episódio do nosso podcast. E hoje a nossa convidada é a Lara Rosa. Tudo bem, Lara? Como é que você está?
Lara Rosa: Olá, tudo bem? Olá, Tanquinhos, olá, Tanquinhas, tudo bem com vocês?
Roney: É um prazer ter você aqui conosco, Lara, a gente já se viu uma vez lá no evento ao vivo do Tribo Forte, em 2017, e a gente até tirou uma foto juntos.
Mas depois disso a gente continuou se falando por Instagram.
E hoje, pela primeira vez, temos você aqui conosco no Podcast.
Este é um Podcast um pouco diferente, porque a gente vai querer contar a história de sucesso da Lara.
Então, Lara, você poderia começar se apresentando para o pessoal que tá escutando a gente, mas ainda não te conhece?
Lara Rosa: Olá, Tanquinho, olá, Tanquinha, tudo bem com vocês?
Eu sou a Lara, eu tenho 41 anos, eu trabalho, eu sou dentista, e eu por muito tempo tive vários problemas de saúde e eu fui obesa mórbida.
Eu cheguei a pesar 160 quilos.
Com esse peso, eu adquiri esteatose hepática, resistência periférica à insulina, tenho ovários policísticos, tenho fibromialgia, tenho artrite reumatoide, tenho sacroileíte.
Eu estava com muitos problemas de saúde, nossa, tanta doença que a gente até esquece de falar.
Tenho muitos problemas de saúde, e eu fiquei obesa mórbida, estava à beira da morte, os médicos falavam que não sabiam o que iam fazer comigo, como que ia fazer.
Muitos médicos me indicavam a cirurgia bariátrica, eu fui em 24 médicos, eles me indicaram fazer bariátrica,
Por Que A Lara Não Queria Fazer A Cirurgia
Mas eu não queria fazer bariátrica, porque junto com a indicação de bariátrica eles me falavam que eu ia precisar assinar um termo de responsabilidade, de que eu tinha ciência que poderia morrer durante a cirurgia.
Eu tava tão obesa que poderia ser que meu pulmão não voltasse a funcionar depois quando eu acordasse da cirurgia, ter uma parada cardíaca e respiratória, e aí eu iria morrer.
Então, eu não tinha como opção na minha cabeça fazer a cirurgia bariátrica, porque eu tinha muito medo de morrer, e eu tava querendo fazer alguma coisa para me melhorar, e não para correr mais um risco de morrer.
E aí eu procurei muitos médicos e tudo e todos indicaram bariátrica.
Só que eu sou muito teimosa, eu não queria fazer bariátrica.
Eu falava para os médicos: “eu quero fazer uma dieta, porque assim, se eu fizer a bariátrica, eu vou ter que fazer uma dieta, então por que que eu já não faço logo a dieta?”
Até que um médico falou, uai, então já que você quer fazer dieta, eu vou passar aqui uma dieta para você fazer e ver no que dá — porque nem ele mesmo tava apostando muito no que era.
E aí eu comecei a fazer essa dieta, e eu comecei emagrecer, a minha saúde começou a melhorar e foi em 2014 que eu comecei a fazer, janeiro de 2014.
Naquela época não se falava em low-carb, cetogênica e tudo.
Eu sabia que era a dieta que o médico passou pra mim, então eu comecei a fazer e eu comecei a melhorar, a minha saúde começou a melhorar, mas é uma low-carb baseada em comida de verdade mesmo.
Porque eu brinco que tem low-carb de vários jeitos, a gente pode fazer uma low-carb tomando refrigerante zero, comendo embutidos, ou também comendo comida de verdade — uma alimentação mais natural.
E a escolhida para mim foi a alimentação mais natural, por causa das minhas doenças autoimunes também, por causa dos meus problemas de saúde, e com isso eu comecei a fazer a dieta, acreditei em mim, fiz o máximo para poder dar certo, porque já não tinha mais chance, não tinha mais opção de desistir.
Desistir ali não era mais opção, eu tinha que fazer, então eu comecei a fazer e aí a minha saúde começou a melhorar, e com isso eu comecei emagrecer também e, por fim, eu emagreci 101 quilos, recuperei a minha saúde, controlei vários problemas de saúde.
Eu ainda tenho fibromialgia, eu ainda tenho artrite reumatoide, eu ainda tenho resistência à insulina, mas estão controlados.
A esteatose hepática sumiu, o meu ovário policístico também tá controlado.
Então, assim, com a alimentação low-carb, comendo comida de verdade eu consegui sarar de alguns problemas de saúde que eu tinha, e controlar outros.
E também uma coisa que eu tinha muita vontade era de parar de tomar remédio, porque eu tomava mais de 800 reais de remédio por mês, e continuava doente.
Então eu queria parar de tomar remédio, e com esse tratamento que eu fiz, na verdade foi com a mudança da alimentação, eu consegui também parar de tomar os remédios, porque eu consegui controlar e sarar de muitos problemas que eu tinha — com a comida de verdade, com a alimentação low-carb.
Então, eu gosto muito de contar e recontar a minha história, porque eu me sinto muito feliz de poder ter me curado, e hoje em dia de motivar as pessoas, elas verem que, assim, se ela conseguiu, eu também consigo.
E eu sou um exemplo — não de força de vontade, essas coisas.
Mas sim um exemplo de que a comida de verdade pode ser nosso remédio.
Foi o meu remédio e pode ser para outras pessoas também.
As Dificuldades Na Jornada Para Eliminar 101kg
Guilherme: Com certeza, Lara, super incrível, e 101 quilos não é brincadeira. E, nessa jornada toda, quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou?
Que tipo de coisas, realmente, chegaram a te desanimar, ou foram mudanças mais difíceis de colocar em prática?
Lara Rosa:Lara Rosa: A primeira coisa mais difícil que eu senti, foi de não ouvir opinião dos outros.
Porque, como eu contei pra vocês, eu comecei em janeiro de 2014, e não se ouvia falar de low-carb, não se ouvia falar de dieta de comida de verdade, essas coisas.
A gente ainda acreditava que ovo fazia mal, que abacate fazia mal, que comer a gordura da pele do frango fazia mal.
E eu estava fazendo uma dieta que era baseada em vegetais e em proteínas, e eu comia ovo no café da manhã e tudo, e as pessoas falavam “você está louca, você vai morrer, desse jeito não pode, você está fazendo uma dieta louca e tudo”.
Foi uma das coisas mais difíceis para mim não ficar ouvindo opinião dos outros e fazer o que tinha de ser feito, porque aquela era uma nova chance, e era uma nova tentativa, então eu queria fazer por mim, não pelos outros.
É muito chato quando você tá querendo fazer uma coisa, que já é complicada.
Eu era viciada em Coca Cola, eu tomava mais de dois litros de Coca-Cola por dia; comia salgado no café da manhã, comia muitas coisas assim.
Todo mundo achava normal, eu obesa daquele jeito tomando muita Coca-Cola. mas quando eu comecei a comer ovo, comecei a comer carne, as pessoas começaram a achar estranho e falaram que eu era louca por estar daquele jeito.”
Esta foi uma das coisas mais difíceis.
E a outra, também, foi mudar a minha cabeça, porque a cabeça da gente é uma coisa muito complicada.
A gente começa muito animado na primeira semana.
Na segunda semana a gente já começa a desanimar.
Na terceira semana a gente já começa a querer desistir de tudo.
Então mudar a minha cabeça também foi bem complicado, principalmente quando chega no final do dia, que a gente tem muita vontade de comer doce.
Eu era viciada em comer doce, sorvete, chocolate, eu comia muito carboidrato mesmo, né.
Não é a toa que eu estava com esteatose hepática.
E eu comia muita comida processada… eu falo, eu era a maior “Maria Pacotinho” que existe na vida, porque muita gente fala, ah, eu amo doce, eu amo coxinha, eu amo macarrão.
E eu também!
Para mim o mais difícil foi assim: apesar de eu estar com a barriga cheia, eu não estar comendo aquelas coisas que eu gostava, mas eu sabia que eu gostava muito, que eu amava tomar Coca-Cola.
Mas eu me amava mais e eu queria fazer alguma coisa para melhorar pra mim, porque do jeito que eu tava já não tinha mais outra saída, não tinha mais outra opção.
Eu tinha que fazer aquilo e pronto.
Então eu tive que escolher o que eu amava mais: se era ficar comendo aquele monte de coisa que eu comia, ou recuperar a minha saúde, e parar de tomar aquele tanto de remédio que eu tomava.”
E emagrecer: porque no meu caso, obesidade já não era só questão de “ai, eu quero usar esse short e não tá me servindo”.
Eu tinha muitos outros problemas: além da saúde, eu não conseguia andar no Shopping.
Eu andava no Shopping e tinha que parar para descansar; eu não conseguia subir escadas, eu trabalhava num lugar que era dez degraus de escada, e eu não conseguia subir os dez sem parar no meio para descansar.
Já não conseguir ir em lugares que tinha poltrona, eu enganchava nas poltronas, eu não cabia nas cadeiras.
Eu fui ao teatro, chegou lá eu tinha comprado o ingresso seis meses antes para assistir a uma peça no teatro — quando eu cheguei lá eu não coube na cadeira do teatro, não podia ficar sentada na escada, não podia assistir à peça em pé, tive que ir embora.
E aí foi juntando todas essas coisas, que já estava dificultando a minha vida mesmo, quando aconteceu esse episódio do teatro.
Eu podia ter ido embora, eu podia ter ficado triste, eu podia ter comido mais ainda e desistido de mim.
Mas não, eu usei aquela coisa negativa que aconteceu comigo, todas as coisas negativas eu usei como um combustível para o positivo para pensar “o que você ama mais: ficar comendo ou ter uma vida?”
Porque eu não estava tendo uma vida, eu estava sobrevivendo, eu tava empurrando a vida.
Imagina, poder sair, poder sentar, poder ir ao teatro, porque se eu ia ao cinema também a cadeira de obeso, se estava ocupada, eu não tinha como ficar no cinema.
Não tinha roupa que me servia, eu usava tamanho 60, então mesmo em loja de obeso era difícil encontrar roupa número 60.
Eu tive que escolher o que que eu amava mais, se era ficar comendo ou se era ter uma vida.
E aí eu parei e pensei “apesar de tudo, apesar de todas as dificuldades, apesar de todo dia eu ficar com vontade comer doce, de comer coxinha, de comer um monte de coisa e tudo, eu tenho que ver, porque na vida a gente tem outras coisas também, que são legais, que são boas de a gente fazer, e que eu amo também”.
Então, eu amava coxinha, mas eu me amava mais e, assim, por me amar tanto eu resolvi mudar.
Não é fácil, não foi fácil, continua não sendo fácil até hoje.
Porque às vezes a gente pensa que, “ah, emagreci, pronto, linha de chegada”.
Não existe linha de chegada, a gente tem que continuar, porque se eu continuar fazendo o que eu tô fazendo, o que eu fiz para chegar aqui, eu vou continuar do jeito que eu tô.
Mas se eu voltar a fazer o que eu fazia antes, eu vou voltar a ser como antes.
Então, essas foram as maiores dificuldades que eu tive: foi de mudar a minha cabeça e de não escutar opinião dos outros também, porque às vezes a gente fica escutando opinião dos outros e aí a gente acaba desistindo por isso. Então, essas foram as minhas maiores dificuldades.
Como Lidar Com A Opinião Negativa De 24 Médicos
Roney: Incrível, Lara, e sem falar do peso que você perdeu na balança, também tem toda a questão do peso que você deixou de ganhar, né.
Talvez você, se não tivesse feito nenhuma mudança, e tivesse engordado mais.
E a saúde teria se deteriorado mais, talvez com piora dos problemas de saúde que você tinha naquela altura.
Então, não só você teve resultados super positivos, como deixou de piorar a sua saúde e a sua forma física daquele ponto que estava.
E deu para perceber que você é uma pessoa bem determinada quando você se consultou com 24 médicos e foi contra, não aceitou a opinião deles por não querer fazer a cirurgia bariátrica, por ser uma coisa perigosa.
Você foi muito perspicaz nesse ponto de “poxa, eu vou ter que fazer dieta de toda forma depois — uma dieta restritiva para quem é bariátrico, e para não recuperar o peso perdido — então, por que já não tentar começar com a dieta?
E, como que foi para você ir contra um médico atrás de outro, falar “não estou satisfeita com essa opinião, vou para o próximo, vou para o próximo”…
Como que foi você ter esse “peito” e como que você acha que é uma boa forma de lidar com os médicos, conversar com eles para tentar arranjar uma alternativa que, no final das contas, funcionou super bem para você?
Porque tem muita gente que, na primeira recomendação de bariátrica, já faz a cirurgia porque encara como uma pílula mágica, “ah, vou fazer a bariátrica e pronto, a minha vida tá resolvida e eu vou continuar comendo bobagens, só que é só comer menos”.
Lara Rosa: É, isso mesmo. Eu já tenho experiência de pessoas que eu conheço, que já fizeram bariátrica e ficaram tomando remédio o resto da vida.
E, como eu falei para vocês, eu não queria tomar mais remédios, eu queria parar de tomar os remédios que eu tomava, então eu tinha que tomar remédios para o resto da vida.
Eu conheço pessoas que fizeram bariátrica que engordaram, depois fizeram bariátrica novamente e engordaram.
Pessoas que morreram por fazerem bariátrica, e pessoas que trocaram o vício da comida, quando fizeram bariátrica, por álcool, por cigarro.
Então, assim, isso eu já sabia de antes, e eu sabia que ali não era uma solução, para mim, na minha cabeça, era como se eu comesse a unha e aí eu falasse, não, eu não consigo parar de comer unha, e aí eu vou cortar meu dedo fora.
E eu achava que era, tipo, eu vou cortar o meu estômago fora porque eu não consigo parar de comer.
Não, eu tenho que aprender porque olha aqui, eu já vi vários casos de pessoas que fizeram a bariátrica e não deu certo, porque a bariátrica não era uma garantia de que ia dar certo, e de que depois ia ficar tudo bem, porque eu já conhecia pessoas que tinham feito.
Eu até conheço um rapaz que ele fez duas bariátricas já, e ele continua obeso.
Então eu sabia que, mais importante do que fazer uma bariátrica, era a mudança da alimentação, era mudar o que a gente comia.
E com a consciência de que não é uma pílula mágica, porque se fosse todas as pessoas que fizeram a bariátrica continuariam magras.
E o que vocês chamam de determinação, na verdade eu vou contar para vocês que é teimosia minha.
Eu sou muito teimosa, e eu não queria fazer, então se eu ia num médico e ele falava, “ah, para você é bariátrica, só tem jeito bariátrica e fique sabendo que no seu caso você pode morrer”…
Eu não teimava, eu falava, “tá bom, doutor”, e ia embora.
Eu passei em médicos do convênio, em médicos particulares.
Eu lembro que teve um médico que era super famoso na cidade, e ele falou assim, “eu vou te encaminhar para a gastro já”, e ele era endocrinologista.
E eu falei “não, doutor, eu não quero fazer bariátrica, não quero ir num gastro”, e ele falou, “então não adianta mais você continuar vindo aqui”.
Então eu não teimava com médico, eu via o ponto de vista dele, e aí como ele já estava irredutível — porque a maioria das pessoas querem mesmo ir no médico, e o médico falar da cirurgia…
Eu conheço até gente que engordou para fazer a bariátrica.
Só que, como eu fui em vários médicos, vários médicos, chegou uma hora que eu já estava meio cansada de chegar e escutar primeiro o que eles falavam.
Então eu chegava e falava, “doutor, eu sei que estou obesa, eu sei que a indicação é bariátrica, mas eu vim aqui para saber se tem outra solução além da bariátrica”.
E a maioria falava que não, que tinha que fazer bariátrica, ou botar balão, e eu não queria nenhuma dessas opções.
Principalmente balão: porque eu tenho doença autoimune e eu tinha medo de colocar algum corpo estranho no meu organismo e dar reação de corpo estranho, e aí ia ser pior ainda.
Até que eu cheguei em um médico, ele era idoso, ele até já se aposentou, eu até contei essa história no meu livro, eu não sei se vocês viram, e ele já estava para se aposentar, já estava finalizando os pacientes dele e tudo, eu acho que ele falou assim, “ah, vamos ver o que que essa menina quer”, e aí ele anotou num papel as coisas e falou para eu comer.
Ele me entregou e falou, “come isso aqui e daqui seis semanas você volta, tá bom?”
E eu falei, tá bom, peguei o papel e fui embora, na próxima refeição eu já comecei a comer o que ele tinha anotado no papel.
Depois de seis semanas eu voltei lá, eu tinha emagrecido cinco quilos, não tinha passado fome, estava comendo ok.
Vontade eu tava passando: porque eu tava passando muita vontade de comer as outras coisas que tava viciada, que eu era viciada em açúcar mesmo.
No começo eu fiquei irritada, com dor de cabeça, chateada e tudo, mas assim, eu sabia que era um processo e que eu ia ter que tentar aquilo ali, que era a minha última tentativa.
Daí, eu fui fazer, voltei lá depois de seis semanas, eu tinha emagrecido cinco quilos.
Eu não sabia que eu tinha emagrecido cinco quilos, porque eu pesava 160 quilos, nenhuma balança caseira pesa 160.
A maioria das balanças, até de farmácias, geralmente pesa até 130, então não tinha como eu ficar me pesando, porque a balança que ele me pesava lá era balança de boi.
E aí eu e pesei, e ele falou, “olha, você emagreceu cinco quilos”, só que cinco quilos para mim era como tirar um copo de água do oceano, não fazia tanta diferença porque eu pesava 160, então eu estava com 155, nem roupa ficava folgada nesses cinco quilos.
E falou, “você emagreceu cinco quilos, você consegue continuar?”, e eu fui continuando.
E depois, eu lembro que quando eu emagreci cinquenta quilos, eu fiquei extremamente feliz.
Porque eu falei, agora vai, é dessa vez, tá dando certo e vou continuar.
Eu cheguei lá, ele falou comigo, ele falou “no dia que você veio aqui, que eu anotei aquelas coisas no papel e tudo, você olhou para mim e falou tá bom, pegou o papel e saiu, eu achei você nunca mais ia voltar, mas aí depois você continuou voltando, e agora você está emagrecendo e já emagreceu cinquenta quilos, parabéns. Continua”. E eu continuei.
Mas o que mais me fez, assim, ter vontade de fazer e tudo, foi que eu já estava muito obesa, estava cheia de problemas de saúde, estava pré-diabética, eu era tipo uma bomba relógio.
O médico um dia até falou para mim que eu tinha que dar graças a Deus que eu tinha passado aquele dia sem ter um infarto e sem ter um AVC, porque eu era uma bomba relógio, e a qualquer momento eu poderia ter um infarto ou um AVC, e as opções que eles me deram foram as seguintes: morrer, ficar em cima de uma cama ou andar de andador antes dos quarenta anos.
E aí, eu não gostei de nenhuma dessas três opções que os médicos me deram, e aí eu resolvi lutar com todas forças, que eu nem sabia que eu tinha, para poder ir em frente e consegui.
Eu comecei a me sentir bem, comecei a melhorar com a alimentação que eu tava fazendo, e eu vi que eu tava emagrecendo, eu não tava passando fome, eu não tava comendo as outras coisas, né, mas, assim, eu não tava passando fome.
E todas as vezes na minha vida que eu não tive sucesso na dieta, foi porque eu ficava com fome, e eu tinha muitos quilos para perder.
No começo a meta era perder 80 quilos, eu tinha muito peso para perder e, assim, se você quer perder cinco quilos, dez quilos, você até consegue perder passando fome.
Porque você passa fome quanto tempo, um mês, dois meses, até que perde esses quilos.
Mas eu tinha que perder muitos quilos.
E se eu fosse fazer dieta que eu ficava com fome, eu ia ter que ficar muito tempo passando fome, e chega uma hora que a gente cansa de passar fome, a gente se irrita, a gente larga.
Então, nas outras vezes todas que eu desisti de fazer dieta, foi uma das duas coisas.
Ou eu tomava remédio e passava mal, ficava com taquicardia, passando mal, tendo tontura e tudo, e aí parava de tomar os remédios (que era inibidor de apetite), e voltava com mais fome ainda, porque dava rebote.
Ou era porque eu passava fome, fazia aquelas dietas que você ficava comendo o dia inteiro, ficava o dia inteiro com fome, comia de três em três horas mas ficava o dia inteiro com fome, doida para chegar a outra refeição, e aí chegava na outra refeição tinha que comer de novo, e aí ficava com fome ainda e continuava com fome, e era uma coisa que não tem jeito, qualquer pessoa desiste.
Eu comecei a fazer essa dieta, tinha que comer comida, as coisas da lista de alimentos e podia comer quanto eu quisesse, quando desse a minha fome.
E aí eu comecei a aprender sobre fome, sobre saciedade, e aí eu me dei bem porque eu não passava fome, e foi muito bom.
Depois o médico falou, que nem ele botou fé que eu ia conseguir, mas eu tava tão determinada de que eu não queria fazer bariátrica, e eu tava tão determinada que eu não tinha gostado daquelas três opções que os médicos tinham me dado, que era ficar em cima de uma cama, que era morrer ou andar de andador, eu não queria nenhuma daquelas três coisas, e eu decidi ter um final diferente para mim.
Você até falou que se eu não tivesse começado, eu poderia ter piorado ainda mais a minha saúde, eu poderia ter morrido.
Eu acredito que eu teria morrido, porque do jeito que eu já tava, eu tinha apneia do sono, eu fiz aquele exame de polissonografia, eu tive 24 episódios de apneia numa noite.
O médico falou pra mim, “você vai morrer dormindo, porque olha aqui, você tá tendo muita apneia, uma hora dessas o seu coração vai parar e você não vai conseguir”.
Então, assim, eu acredito que se eu não tivesse começado em janeiro de 2014, hoje em dia eu não estaria mais aqui, porque eu tava tão doente, com tanto problema de saúde, eu tava só acumulando os problemas de saúde cada vez mais, que com certeza eu não estaria mais aqui hoje se eu não tivesse mudado.
Como É A Alimentação Atual Da Lara
Guilherme: Realmente, é uma história de superação, e ainda mais nesse contexto desacreditado, em que os médicos não botavam esperança em alterações alimentares.
E é incrível ver que você conseguiu, justamente, recuperar a sua saúde com esse caminho.
Uma coisa que eu queria destacar, a respeito da bariátrica que você mencionou, a gente tem um podcast aqui, justamente sobre bariátrica e balão intragástrico, e alterações nesse sentido, com o doutor Senra, e a gente falou justamente sobre a necessidade que as pessoas que passam pela bariátrica têm de continuar fazendo uma mudança alimentar.
E depois ainda vão ter vários outros problemas de absorção de nutrientes e muito mais, então é aquele ponto que o Roney mencionou também: que a cirurgia não é uma pílula mágica.
Não é só questão de fazer a bariátrica e solucionar tudo.
Por vezes — até como você mencionou — o pessoal ganha peso para poder fazer a cirurgia, porque acha que vai ser um evento, e que a partir daí ela não tem mais trabalho nenhum, ela só tem que fazer a cirurgia e tudo vai se resolver magicamente. E a gente sabe que não é assim.
Falando nisso, que existe essa necessidade de um cuidado continuado com a alimentação, com bons hábitos, como é a sua alimentação hoje?
É a mesma que você usou para emagrecer? Que tipos de coisas se mantiveram e que tipo se alteraram ao longo desses últimos anos?
Lara Rosa: A minha alimentação é a mesma coisa: vegetais, proteínas, frutas de baixo açúcar.
Às vezes as pessoas falam, “uai, mas como que você não emagrece mais?”
Porque o organismo da gente tem a termogênese adaptativa, e ele acaba — vocês devem saber explicar isso mais do que eu — se acostumando com aquela quantidade de calorias que a gente está ingerindo.
Mas, desde o começo foi basicamente a mesma alimentação.
Quando eu emagreci, eu fui dos 160 aos 59 quilos, mas aí eu fiquei com 59 quilos, eu perdi massa magra e gordura, e eu fiquei, literalmente, pele e osso.
Então, eu comecei a fazer treino para ganhar massa magra, e aí a alimentação mudou um pouco, aumentou um pouco a quantidade de carboidratos e de proteínas que eu comia na alimentação, para poder ganhar um pouco de massa magra.
Eu ganhei um pouco de massa magra, mas a minha massa magra é limitada, porque como eu tenho fibromialgia, quando eu faço treino, o treino que seria tipo até a falha, que seria até a exaustão do músculo, para o músculo crescer, em mim, quando eu treino muito, quando eu levo o meu organismo à exaustão, eu acabo perdendo mais massa magra.
Então, é engraçado que, assim, o treino que eu faço para condicionamento, o treino que uma pessoa normal faz para condicionamento, é o que eu faço para ganho de massa magra, porque se eu fizer um treino para ganho de massa magra treinando até a falha, fazendo pirâmide, fazendo aquelas coisas, eu acabo perdendo massa magra.
Foi muito engraçado isso que aconteceu, porque eu acabo perdendo.
Então, assim, eu ganhei um pouco de massa magra, mas foi limitado também, então depois voltou a ser a alimentação mesmo do jeito que era, com vegetais que nascem em cima da terra, que têm menos açúcar, proteínas e frutas cetogênicas.
Mas eu não sou muito de comer fruta não, eu gosto mais de comer comida mesmo.
E uma coisa que aconteceu, foi que depois que eu já tinha emagrecido bastante, que eu já tinha ganho um pouco de massa magra e tudo, eu ainda tomava alguns remédios, eu tomava metformina, que é usado para quem tem resistência à insulina, quem é diabético e tudo.
Eu tomava metformina de 850mg, quatro comprimidos por dia, e aí eu fui no médico e falei “eu quero saber o que que eu faço para parar de tomar esse remédio”.
Porque assim, eu já tinha um conhecimento da low-carb, eu já tinha estudado bastante, porque eu estudei bastante.
No Brasil era meio complicado porque não tinha muitas coisas, mas eu comecei a procurar muito e aí eu encontrei muitos artigos, muitas coisas em Inglês, e estudei bastante e eu vi que era usado para diabetes, para ovário policístico, para fibromialgia, a low-carb.
E eu falei com o médico, “eu falei eu não estou mais comendo carboidratos, mas eu ainda continuo tomando o remédio, eu quero saber o que que eu faço para parar de tomar esse remédio”.
E aí ele me falou “para você parar de tomar esse remédio, você tem que furar o mínimo possível, você tem que ficar muito low-carb, em quantidades super baixas carboidrato por dia; tem que evitar ficar fazendo receita, tem que evitar ficar furando a dieta e comendo coisas que têm mais carboidrato”.
E aí eu fui ao meu nutricionista, que é o Bernardo Maia, e falei com ele o seguinte.
“Olha, eu não vou tomar mais esse remédio e quero saber o que eu vou comer para não tomar mais esse remédio. “
Ele falou, “você está me falando que você quer controlar a sua resistência insulínica”, porque eu ainda sou resistente à insulina, eu fiz exame de curva glicêmica, eu faço a cada seis meses, há mais de dez anos eu faço esse exame a cada seis meses para controlar, e eu ainda sou resistente à insulina.
Então ele falou, “você está me falando que você não vai mais tomar esse remédio, mas você sabe que você é resistente à insulina?”
Eu falei que sim, e ele falou “então, tem que furar o mínimo a dieta e ficar no mais low-carb que você conseguir”.
Então é isso o que eu faço, eu fico no mais low-carb que eu consigo, furo raramente a dieta, a última vez que eu saí da dieta esse ano foi em 6 de janeiro, que eu tomei um sorvete, e eu fico bem no básico mesmo.
Quando eu faço receita, geralmente eu faço receita uma vez na semana, porque final de semana sempre dá vontade de a gente comer um docinho, né.
Então, no domingo sempre eu faço um docinho low-carb de sobremesa, e no resto eu fico comendo mesmo ovos, abacate, vegetais, bem low-carb, porque eu sei que no meu caso não é só questão de emagrecimento, é questão de saúde também.
Então, com a low-carb eu controlei a minha resistência à insulina, a fibromialgia, os ovários policísticos, o meu intestino irritável — que eu tenho síndrome do intestino irritável também.
Controlei a minha artrite reumatoide: eu tinha feito já tratamento com imunossupressor, já tinha feito hemotransfusão (que tira o sangue da veia e injeta nos músculos), para fibromialgia e para artrite, e nada dessas coisas tinha surtido efeito, porque eu continuava me alimentando das outras coisas que fazia o meu organismo inflamar também.
Porque a outra alimentação que eu tinha era inflamatória, né.
Então, quando eu comecei a comer comida de verdade, me alimentar mais baixo em carboidrato, todas essas coisas começaram a melhorar, então eu continuo e eu quero continuar o máximo que eu conseguir.
Eu falo que esse é um caminho que eu encontrei que eu quero seguir para sempre, porque para quem ouve de fora eu falando essas coisas, pode achar, “ah, é neurótica, nunca sai da dieta”.
Mas a dieta é tratamento para mim, e como eu escolhi não tomar remédio, eu tenho que ficar muito certa na dieta e entender que o que eu tô comendo também é meu remédio.
Porque se eu ficar furando, se eu ficar saindo da dieta, comendo, por exemplo, glúten, que eu sou intolerante, que me inflama o organismo, eu vou ficar doente, eu vou ter que voltar a tomar remédio.
Então, como eu escolhi não tomar remédio, eu tenho que seguir o máximo que eu posso, e a alimentação continua sendo a mesma do começo mesmo, basicamente o que eu como sempre.
Como Lidar Com A Vontade De Doces
Roney: Perfeito, Lara, e aproveitando que você tomou no assunto de exceções da dieta….
Como que foi para você no começo, que você era bem viciada em alimentos com carboidratos, com açúcar, como você mesmo falou, quais estratégias mentais foram importantes para você conseguir superar esse vício no início, e até mesmo quais estratégias mentais você usa até hoje em dia quando às vezes, talvez, bata a vontade de alguma coisa que você não deveria ingerir?
Porque a gente sabe que tem todo esse apelo da saúde, como você falou, que afinal você estava fazendo isso por você, mas mesmo assim a gente sabe que, provavelmente, batia uma vontade de, talvez, uma Coca-Cola, um doce, uma pizza, e como você lidava com isso e lida com isso?
Lara Rosa: Eu queria dizer que foi lindo no começo… mas não foi não, foi péssimo.
Eu ficava muito irritada, ficava chateada, ficava irritada mesmo.
Eu sou uma pessoa super calma, mas meu temperamento mudou bastante no começo porque eu era viciada em doce, era viciada em açúcar e meu cérebro pedia.
Então, eu tinha muita vontade de doce: até sonhava com as comidas.
Só que eu sabia que esta era uma chance que eu tava me dando.
E no começo eu fiz muito certinho: a primeira vez que saí da dieta, apesar de sonhar com comida, foi só depois depois de seis meses de ter começado.
Porque eu estava apostando que aquilo ali ia dar certo para mim.
Então, para dar certo, eu teria que dar o meu máximo, eu teria que fazer 100% porque eu queria o que ia acontecer.
Já que o pão integral, o iogurte e aquelas outras coisas das outras dietas tradicionais não estavam dando certo, eu queria ver se aquilo ali ia dar certo mesmo para mim.
E eu falei já que eu sou teimosa. Eu fui teimosa nisso também, eu falei “não vou furar a dieta, vou ficar firme aqui e quero ver se esse negócio vai dar certo mesmo”, porque eu tava pagando para ver mesmo se ia dar certo.
Porque a gente era acostumado a escutar que era a margarina que fazia bem, o pão de não sei quantos mil grãos, comer ricota, e de repente o médico me manda eu comer queijo amarelo, manda eu comer abacate, manda eu comer pele de frango, então eu tava querendo pagar pra ver se aquilo ali ia dar certo, mas foi péssimo.
Eu fiquei muito irritada, eu sonhava com comida, eu queria comer, eu salivava, eu ficava pensando “você não tá pagando pra ver? Então vamos pagar pra ver”.
Só que é complicado porque o nosso cérebro ele gosta muito, ele gosta muito de procurar conforto, e o conforto mais rápido que a gente tem, é na comida.
Então, quando a gente fica chateado, quando a gente fica estressado, no final do dia depois que a gente já trabalhou muito, ou quando a gente passa uma raiva muito grande, uma chateação muito grande, a gente quer o que? Açúcar.
A gente quer comer alguma coisa doce, comer alguma coisa que a gente tem um apego emocional, porque a gente tem apego emocional na comida.
Muitas pessoas falam, “ah, eu não consigo ficar sem um pãozinho”, e eu tinha apego emocional, eu tinha apego emocional em sorvete, em chocolate…
Só que eu tinha que colocar na minha cabeça e conversar comigo mesma de que eu tava pagando para ver, então já que você está pagando para ver, vai passar vontade mesmo e vamos pagar para ver, e aí eu não fazia muita receita no começo.
Porque também no começo não tinha muita coisa de receita, os ingredientes eram caríssimos, chocolate 85% era tipo 100 reais uma barrinha, então era bem complicado.
Mas aí eu apelava, botava abacate com cacau e comia, quando eu tava com muita vontade de comer doce, e um xilitol, e seguia.
Ia num shopping, via as coisas, ficava com vontade, mas aí eu usava a estratégia da mamãe quando eu era criança, que falava “na volta a gente compra”.
Então eu ia lá, olhava, e falava “na volta eu compro”.
Na volta eu nem lembrava mais o que era que eu tinha falado que ia comprar, e aí eu sempre colocava isso, na volta eu compro, na volta eu compro, só que o nosso cérebro ele fica querendo muito.
Até hoje, para lidar com a vontade de doces, tomo um café, bebo água com gás (bom que dá uma estufada na barriga), então até você esquece o que você estava com vontade de comer na hora.
Então eu tomava água com gás e tomava café, e quando eu saia da dieta, e até hoje quando eu saio da dieta também, eu nunca uso o “já que”.
“Já que eu comi um brigadeiro, eu vou comer um bolo; já que eu comi um bolo, um eu vou tomar um milkshake; já que eu tomei o milkshake eu vou comer…”
Porque a gente acaba se afundando nessa história, então eu também eu engano o meu cérebro com essas coisas, eu não uso o “já que”.
Quando eu como alguma coisa, eu sei que ele fica querendo “já que você comeu isso, vamos comer outra coisa, vamos comer outra”.
Mas não, eu falo “não, eu já comi o brigadeiro, já está bom, vamos voltar para o que a gente estava, porque não foi esse o caminho que você escolheu? Não foi isso que você queria?”
A Estratégia De Olhar Fotos Do Passado E Fazer Uma “Lista De Porquês”
E aí eu olho as minhas fotos, eu costumo sempre olhar minhas fotos, e eu escrevi uma carta para mim também.
Nessa carta eu contei porque que eu ia começar a fazer a dieta, porque eu ia começar a mudar, e aí em nenhum lugar lá tem escrito “emagrecer” como primeira coisa.
A primeira coisa era ter saúde, e aí eu listei outras coisas como
- conseguir amarrar o meu tênis,
- não entalar nas cadeiras,
- conseguir me limpar quando eu fosse no banheiro,
- achar roupa em loja de gente normal, (porque mesmo em loja de obeso era difícil de achar),
- não ter medo de morrer dormindo (porque eu tinha muito medo de morrer dormindo por causa da apneia)
E eu listei várias coisas, e aí essa lista ela fica comigo até hoje, e ela sempre ficava comigo na carteira.
Então, toda vez que eu dava uma baqueada, eu pegava a lista, eu lia e eu olhava as minhas fotos, porque eu fiz aquela lista, a minha lista de porquês, porque quando a gente tem uma “lista de porquês”, fica tudo mais fácil, sabe?
Não é mais fácil de botar no cérebro, é mais fácil de a gente entender, porque a gente troca o “como” pelo “porquê”.
Eu podia falar “ai, como eu vou emagrecer? Ainda mais emagrecer 80 quilos”.
Esta era a meta inicial, era eu pesar 80 quilos.
Eu não ficava pensando como que eu vou fazer isso, eu pensava: por que eu vou fazer isso?
E aí, quando eu cheguei no médico, eu lembro, em 6 de janeiro eu cheguei aqui em casa e eu fiz a lista e no final eu coloquei, eu vou conseguir, porque eu tinha certeza que era uma coisa que dependia só de mim, e eu precisava fazer.
Então, toda vez que eu desanimava, que eu fraquejava, eu começava a olhar as minhas fotos de antes, lembrava como que era difícil estar do jeito que eu tava, eu olhava a minha carta, lia a minha carta e via a minha lista de porquês, não uma lista de como, como que eu vou ficar sem comer as coisas que eu gosto?
Eu pensava por que eu vou fazer isso?
Porque eu quero ter saúde, porque eu quero me recuperar, porque eu não quero mais ficar obesa…
E eu tenho uma história com o meu pai — meu pai desde sempre teve problema de coração e ele não era obeso.
Ele teve cinco infartos e morreu no sexto.
Nos últimos anos da vida dele, ele estava com 30% da capacidade cardíaca, e ele ficava deitado na cama o tempo inteiro, ele não conseguia sair do quarto dele e ir na cozinha porque passava mal.
Então, eu tava vendo aquilo, e ele nem obeso era e eu tava obesa.
Então, assim, eu tava vendo um exemplo do que poderia acontecer comigo na minha frente, e ele acabou falecendo de infarto.
E aí, então, eu via todas essas coisas e eu usava, como falei, essas coisas negativas de combustível para eu continuar, porque não foi fácil, não é fácil.
Eu trabalhava doze horas por dia, saia do trabalho e ia para a academia, mas eu só comecei a ir para a academia depois que eu tinha emagrecido 43 quilos, porque eu era tão obesa que o médico falou para mim o seguinte.
Se você for para a academia e agachar, no simples ato de agachar, você pode quebrar a perna — de tão obesa que você é.”
E mesmo depois de emagrecer 43 quilos, que eu entrei na academia com 117, ainda tive que fazer exercícios adaptados, porque eu não cabia nos aparelhos.
Então, assim, a gente vai vendo todas essas coisas acontecendo, e a gente pensa:
- um brigadeiro é maior do que tudo isso?
- um milkshake é maior do que tudo isso?
O prazer do açúcar é momentâneo, a gente tá num momento e fala, “ah, eu preciso comer isso”.
Mas aí a gente para e pensa “tá, mas até hoje eu fiz assim, e deu certo?”
E aí eu pegava a minha carta e lia, olhava as minhas fotos e aí eu entendia que eu realmente precisava continuar o que eu tava fazendo, porque eu não estava mais fazendo por opção, eu estava fazendo por sobrevivência.
Estratégias E Hábitos Que Ajudam A Lara A Se Manter No Foco
Roney: Perfeito, Lara, Perfeito.
Você falou que mantém sua alimentação próxima ao que era naquela época.
Desde quando você começou, uma ou outra exceção, receitinha às vezes nos finais de semana, e você tem outros hábitos que você foi implementando?
Você acabou de falar dos exercícios físicos na academia, que foi uma coisa que você implementou depois de um tempo.
E outras estratégias que você acha que contribuem para a sua saúde, além da alimentação e do exercício, você teria algumas outras para citar?
Lara Rosa: Ah, eu gosto de fazer meditação e tem sido muito bom para mim também, principalmente nessa época.
Eu sou paciente de grupo de risco do COVID, então eu tô em isolamento social e tem ajudado bastante.
A meditação ajuda não só para você se sentir bem, ajuda também no processo de emagrecimento, porque quando a gente medita a gente muda a mente um pouco.
Apesar de muitas pessoas não acreditarem, muda um pouco. E aí a gente começa a atingir áreas mais profundas do nosso cérebro.
Uma coisa que foi muito legal também ter começado a fazer foi correr, porque muita gente acha que é só correr, mas correr é uma terapia também, e aí eu comecei a correr e eu me sinto vitoriosa por ter começado a correr, ter conseguido correr.
Eu nunca imaginei, com 160 quilos, que eu iria correr algum dia na minha vida.
Eu sempre achava legal e tudo, só que tem aquelas coisas, você comenta com as pessoas, “eu acho legal correr”.
E a pessoa olha e fala “você está obesa e acha que você vai correr?”.
Mas, foi uma das coisas bem legais, eu uso bastante também como terapia.
Muitas pessoas perguntam se eu fiz terapia durante o meu processo de emagrecimento, eu acho importante fazer terapia, mas eu não fiz.
Quando eu comecei o meu processo de emagrecimento, eu trabalhava doze horas por dia, todos os dias, seis horas no sábado, então eu trabalhava 66 horas por semana, não tinha tempo, gastava 800 reais na farmácia, com remédios, e eu fazia um curso de especialização que levava mais da metade do meu salário, então eu também não tinha dinheiro.
E eu não tinha como opção de fechar agenda para ir fazer consulta com psicólogo porque, como eu falei, eu tinha meu dinheiro comprometido.
Então, eu gastava dinheiro na farmácia, eu gastava o meu dinheiro na especialização e o pouco que sobrava era para botar combustível, comprar coisas para fazer as minhas marmitas e tudo.
E muita gente fala que dieta é cara e tudo, não é.
Porque eu também não tinha dinheiro, não tinha tempo, então eu não fiz.
Mas eu acho terapia importante para as pessoas fazerem porque ajuda bastante.
Eu não fiz terapia, justamente por isso, porque eu não tinha tempo mesmo e não tinha dinheiro.
O pouco tempo que eu tinha, eu tava tentando me dedicar a essa mudança de vida que eu tinha.
Tanto que quando eu tô trabalhando e tudo, eu vou para a academia nove horas da noite, muita gente fala “nossa é tarde”, mas é a hora que eu consigo.
Então, assim, eu vou para a academia, volto da academia 11 horas da noite, chego em casa e ainda vou arrumar as minhas coisas, ainda vou arrumar as coisas para o outro dia, ainda vou jantar, geralmente eu durmo meia noite, meia noite e meia.
Eu tive que dar um jeito, mesmo sem ter tempo e mesmo sem ter dinheiro.
Eu tive que dar um jeito… Porque senão ia chegar uma hora em que não ia adiantar ter todo o tempo nem todo o dinheiro do mundo — porque eu ia estar ou doente ou morta.”
Mas eu acho bom, se a pessoa for passar por um processo de emagrecimento, fazer uma terapia porque ajuda também.
Os Conselhos Da Lara Para Você
Guilherme: Perfeito, perfeito, ótimos hábitos.
E a gente sabe que você tem uma presença grande na Internet, Lara, no Instagram, e também lançou um livro recentemente.
Que tipo de conselhos, dicas ou estratégias, enfim, uma mensagem que você gosta de passar para quem tá começando essa jornada?
Quem encara justamente essas dificuldades, esses empecilhos para mudar os hábitos, as opiniões contrárias, que tipo de conselhos você daria para essas pessoas?
Lara Rosa: Eu costumo dar os conselhos que eu aprendi durante a minha caminhada para as pessoas.
O primeiro conselho que eu dou é: não escute os outros.
As pessoas vão falar, todo mundo vai criticar, as pessoas falam se você está gordo, se você está magro, se você está loiro, se você está moreno, se você tá rico, se você tá pobre, as pessoas vão falar de todo jeito.
Então, não escute o que os outros falam, não faça pelos outros, faça por você.
Não fique pensando, ah, eu vou começar uma dieta porque meu marido quer, porque meu filho quer, porque a minha mãe quer.
Não — tem que ser porque você quer.
Já é uma caminhada difícil, já é complicado.
Vai ter dias que você mesmo querendo, você vai ter vontade de não continuar, você vai ter vontade de desistir.
Então, faça por você, não pelos outros.
Não fique pensando que vai ser tudo perfeito, que vai ser tudo lindo porque não vai.
Vão acontecer várias coisas durante essa jornada.
Eu costumo falar que é uma jornada, porque vai se conhecendo também, você vai se descobrindo.
Vão acontecer várias coisas durante essa jornada, mas o mais importante não é que você vai fazer 100% sempre, vai ter vezes que você vai tropeçar, vai ter vezes que você vai cair, mas o importante é você continuar, porque não pode desistir.
O que te leva para frente é você continuar, vai ter dias que você não vai conseguir fazer a dieta 100%, vai ter dias que você não vai conseguir fazer o treino 100% e vai ter dia que você não vai conseguir fazer nada…
Mas não desista, continue, porque a curto prazo, por exemplo, você ter comido uma coisa fora da sua dieta hoje, para hoje não é tão bom, mas a longo prazo, você ter saído da dieta uma vez no mês não vai fazer tanta diferença.
A curto prazo você ter ido hoje para a academia e ter feito um treino ruim hoje na academia, é ruim, mas a longo prazo o que importa é que você foi sempre.
Então, essa constância de você fazer sempre, cair, levantar, cair e levantar, e não se apegar à queda. Se você cair, levanta e continua, não fica esperando…
As pessoas costumam falar, “eu queria ter a sua motivação”. A motivação é o motivo para você fazer uma ação, não tem nada a ver com estar animado.
As pessoas querem estar animadas, elas acham que eu acordo todo dia, uhul, hoje eu vou fazer dieta, hoje eu vou para a academia, e não é assim.
Você tem que se conscientizar e pensar por que que você está fazendo isso.
O porquê você está fazendo isso é motivo da sua ação, aí está a motivação.
E muitas vezes, a motivação aparece no meio do caminho quando você começa a ver os resultados.
Muitas vezes não aparece, mas faz, porque lá na frente você vai ter se agradecido por você ter feito.
Se eu tivesse desistido, eu poderia não estar mais aqui… mas hoje, depois de seis anos, eu me agradeço daquele janeiro de 2014 eu ter acreditado em mim e ter falado “eu vou fazer e vai ser dessa vez e vai dar certo”.
Então, a gente fica achando que só com os outros dá certo, que com a gente não dá certo, porque várias vezes a gente já tentou fazer várias, eu já tinha tentado várias vezes fazer várias coisas, e não tinha dado certo.
Mas eu parei de pensar no passado, eu comecei a pensar no que eu ia fazer no presente para, no futuro, eu me agradecer.
Então, eu comecei a pensar, tipo, o que eu vou fazer hoje para amanhã ser melhor?
E aí eu comecei a pensar, esqueci tudo que já tinha passado e coloquei na minha cabeça que era uma nova tentativa, que era uma nova jornada, e eu comecei.
Então, assim, eu gosto de falar para as pessoas, acredite em você, continue, persista, não escute o que os outros falam, faça por você, não pelos outros, e não fique esperando a vontade vir, nem a motivação.
Entenda que a motivação é o motivo para você fazer uma ação, o porquê você está fazendo aquilo, porque as pessoas acham que vai dar vontade de você fazer.
Eu costumo falar que um viciado em álcool e em drogas, ele nunca chega lá e fala, “então, hoje eu estou com vontade de parar de beber e eu vim aqui”.
Não, ele vai porque precisa, então a gente tem que fazer as coisas da gente porque a gente precisa, não fique esperando motivação e animação, porque tem dias que você não vai estar animado, mas faça um compromisso com você.
Fala “eu vou fazer isso por mim porque lá na frente vai ser melhor eu ter feito”, é sempre melhor a gente ter feito.
Muitas vezes eu vou para a academia cansada, sem vontade de ir, sempre que eu termino o treino eu falo “ah, ainda bem que eu vim, foi melhor eu ter feito”.
Dieta também, às vezes eu também não estou com vontade de fazer a dieta, mas eu falo “eu vou fazer porque depois vai ser melhor eu ter feito”.
Eu moro perto de uma pastelaria, e todo dia essa hora começa a fritar pastel ali, e eu adoro pastel, só que eu sou intolerante ao glúten.
Eu poderia falar, ah, eu vou comer um pastel hoje, mas depois que eu comer o pastel eu sei que eu vou passar mal, eu sou intolerante ao glúten, eu vou ficar com diarreia e tudo.
Então, eu não como, apesar de ficar com vontade, eu fico pensando e depois eu falo, foi melhor não ter comido, porque se não a essa hora eu teria passado mal.
Então, não fique pensando, pense que depois foi melhor você ter feito, mas vai acontecer tropeços, você vai cair, vai ter vontade de desistir e tudo, mas a gente tem que continuar, a gente tem que acreditar na gente e continuar.
E, também, uma coisa que eu gosto de falar, é para a gente nunca ficar pensando muito no tanto de quilos que a pessoa precisa perder, no tanto de dias que vai demorar e tudo, porque eu precisava perder muitos quilos.
Se eu fosse pensar nos muitos quilos que eu precisava perder, eu também poderia não conseguir, porque era muita coisa.
A gente pensa 100 quilos, é muita coisa. Então, o nosso cérebro gosta de recompensa, por isso que ele gosta tanto de doce no final do dia, no final de semana.
Ele gosta. Ah, essa semana foi cansativa, no final de semana você merece um doce. O nosso cérebro gosta muito de recompensas.
Eu costumo falar para a gente dividir a nossa caminhada em pequenas jornadas.
Eu costumava dividir as minhas coisas em um dia, fazer um dia de cada vez, no final do dia eu me agradecer porque eu vou estar dando uma recompensa para o meu cérebro.
Eu falo em voz alta, parabéns, hoje deu tudo certo, você fez tudo certo, e eu me agradeço e falo, tá de parabéns, vamos continuar.
Porque o meu cérebro, quando eu penso isso, que estou de parabéns e tudo, eu libero mediadores químicos nele que ele fica feliz, e aí ele me ajuda a continuar, porque ele gosta de recompensas.
Se a recompensa está longe, o esforço é muito grande: por exemplo, para perder 100 quilos, ele vai ter que se esforçar muito, e se eu for pensar só nos 100 quilos, vai ser muito complicado.
Então, eu pensava em um quilo, eu pensava que eu tinha que perder um quilo de cada vez, um quilo, mais um quilo, mais um quilo, e aí dividindo em pequenas quantidades, e me recompensando com elogios, também com roupas que eu comprava, porque eu ia emagrecendo e eu ia perdendo as roupas. A gente vai se recompensando e a gente vai vendo que o nosso sacrifício tá valendo a pena, tá sendo bom.
Essa questão de emagrecer muitos quilos, a gente não consegue quantificar: se eu perguntar para a pessoa quantos quilos é um quilo… eu não sei, no corpo de uma pessoa, quanto é dois quilos, cinco…
Então eu costumava, toda vez que eu perdia cinco quilos, eu ia no supermercado e aí eu pegava o saco de cinco quilos de arroz, dava uma volta no supermercado, e daí eu sentia que era pesado, que cinco quilos de arroz é pesado para você ficar andando no supermercado, e depois eu devolvia e falava, esses quilos não são mais meus.
Então, o meu cérebro entendia a recompensa como sendo aquilo tudo que eu emagreci, aquele saco de arroz que eu fiquei cansada de carregar no mercado, como o que eu emagreci.
Então, assim, dividir também a nossa caminhada em pequenos passos, eu gosto muito de dar esse conselho, porque aí a gente consegue ver a recompensa rápida.
Um quilo, geralmente um quilo, às vezes tem gente que demora uma semana para perder um quilo.
Mas é muito melhor do que você colocar 10 quilos, que você vai demorar dez semanas para perder os 10 quilos, e aí vai ser uma coisa mais difícil do seu cérebro entender que está valendo a pena todo aquele esforço que ele tá fazendo, porque a gente não foi feito para gastar energia, a gente foi feito para economizar energia.
Tudo o que nosso cérebro quer fazer é economizar energia.
Então, se a gente está fazendo um esforço muito grande, como o de fazer a dieta, botando o cérebro em restrição calórica, passando vontade de comida e colocando uma recompensa para lá, para frente, ele não vai entender isso e vai chegar uma hora que ele vai travar e ele vai querer te levar para a zona de conforto de novo.
Então, é importante dividir a nossa caminhada em pequenos passos, que aí tudo fica mais fácil.
E são essas dicas que eu gosto de dar, que eu acho que ajudam a gente continuar e não desistir, porque o importante é a gente continuar sempre e não desistir.
Não Se Compare Com Ninguém
Roney: Incríveis dica, Lara, incríveis.
E, inclusive isso que você falou de não pensar muito, fazer, por metas pequenas, digamos assim, para você ver a evolução acontecer mais rápido do que você pensar daqui seis meses ou um ano, são ótimas estratégias.
E uma outra coisa é que a gente falou hoje é que você é um exemplo de que perdeu aí mais de 100 quilos, que melhorou diversos sintomas, melhorou diversos aspectos das sua saúde.
Esses exemplos de pessoas que tiveram sucesso nas dietas são ótimos para inspirar, mas eles não podem ser o único parâmetro, porque cada pessoa é diferente.
Não é todo mundo que tem que esperar chegar em 160 quilos e ter um monte de problemas de saúde para ir e fazer dieta.
Porque as pessoas se comparam, “ah, mas fulana, a Lara, perdeu 100 quilos, e eu fiz um mês de dieta e só perdi um quilo, não tá funcionando para mim, estou num platô, o meu corpo não funciona com low-carb”.
Mas, só de pensar o quanto de peso você deixou de ganhar em um mês, fazendo uma alimentação correta, e o quanto você deixou de perder de saúde, já valeu a pena, com certeza, esse um mês.
Então, vamos usar as histórias de sucesso como inspiração, mas não como único parâmetro.
Vamos olhar cada um para si e se comparar consigo mesmo, com o passar do tempo.
E acho que assim também é uma ótima forma de não cair em frustrações desnecessárias.
Lara Rosa: É isso mesmo, e é o que você falou, porque muita gente fala “eu tô emagrecendo devagar”.
Mas eu demorei muito, eu demorei três anos para eu poder emagrecer isso, então eu falo que eu demorei três anos, mas as pessoas elas ficam frustradas porque elas querem que eu fale que foi em seis meses, ou um ano… e não é assim, demora.
Muitas pessoas falam isso comigo, “ah, mas eu só perdi não sei quantos quilos”, e eu falo, “mas até outro dia você estava só engordando e prejudicando a sua saúde”.
Hoje em dia você está se alimentando melhor — então continue fazendo, porque um quilo já é melhor do que o que você estava conseguindo até outro dia.
E assim, você está se alimentando melhor e a sua saúde está agradecendo também.
Então, continua, porque as pessoas elas têm mania de comparar com a Internet, e muitas coisas que acontecem na Internet, que são relatadas lá, não são de pessoas normais como nós, mas, assim, muitas outras pessoas dão esperanças milagrosas para as pessoas.
“Emagreça 50 quilos em dois meses” e esse tipo de coisa, e as pessoas acreditam nesses 50 quilos em dois meses, mas aí no terceiro mês o que que vai acontecer com a pessoa?
Então, as pessoas se comparam muito com as outras, e só comparam muito com histórias que elas não sabem também se são reais, né.
Muita gente fala comigo, que “ah, eu só tinha visto gente famosa que emagreceu tantos quilos, e que faz bariátrica e não conta para ninguém, então quando eu vi você eu vi que você fez dieta, que era verdade, e que dava certo, eu comecei a fazer também”.
Então, assim, as pessoas com histórias reais, elas se inspiram de forma diferente de quando é uma história que ela viu apenas na televisão e ela não conhece a pessoa.
Mas não pode ficar se comparando com os outros porque cada um é cada um.
Meu irmão em um mês perdeu 20 quilos, eu para perder 20 quilos foi quase um ano, então, assim, cada pessoa é de um jeito.
Roney: Exatamente, exatamente. É uma ótima mensagem para a gente ir encerrando o podcast.
É Difícil Para Todo Mundo
Guilherme: Eu gostei muito dessa parte de não se comparar com os casos extremos que a gente vê na Internet.
Porque, por exemplo, a gente recebe dezenas de depoimentos todos os dias, e a maioria das pessoas têm uma taxa de perda de peso normal — de meio quilo a um quilo por semana, uma coisa assim.
Só que eu acho que por ver um exemplo irreal de alguém que perdeu 10 quilos num mês, ela fica chateada de estar perdendo às vezes meio quilo ou um quilo por semana — porque ela queria perder 10 quilos num mês.
Mas isso não é o verdadeiro, não quer dizer que é o ideal para ela — o importante é que ela está indo na direção certa.
É aquela coisa que a gente fala também: o tempo vai passar de qualquer jeito, daqui a um ano, você pode ter perdido não sei quantos quilos e estar com a saúde muito melhor.
Então, mesmo que seja de maneira lenta, é bem melhor do que se lamentar, se frustrar e desistir porque não está sendo rápido, e no final, daqui um ano, olhar para trás e ver que deveria ter começado.
Roney: E, complementando, um dos motivos também de a gente ter querido gravar essa entrevista com você, Lara, é porque as pessoas muitas vezes falam para a gente, quando a gente pergunta “quem você queria ver no podcast”, e falam “um caso de sucesso de uma pessoa normal, do dia a dia”.
Eu falei “nossa, mas como se eu e o Gui não fôssemos pessoas normais… pessoas que os médicos e nutricionistas que a gente traz não fossem pessoas normais.”
Como se, por a pessoa ter formação acadêmica, conhecimento, sobre nutrição ou medicina, fosse mais fácil para ela emagrecer.
E na verdade não: todo mundo tem as suas dificuldades.
Mas, no caso, você veio aqui e mostrou um belo caso de sucesso aqui no podcast, então também foi muito legal para dar esse exemplo “normal” para as pessoas, um exemplo bem palpável, que é você.
Lara Rosa: Obrigada, muitas pessoas acham que é mais fácil, porque é médico, porque é nutricionista, mas as pessoas também têm as dificuldades delas e o cérebro também boicota do mesmo jeito, faz a gente não querer fazer, faz todas as coisas do mesmo jeito.
Não é porque tem o conhecimento maior de uma coisa que é diferente.
Se fosse assim, todo mundo que trabalha no banco não deveria dinheiro, teria a conta ok e seria cheio de dinheiro, porque sabem mexer com finanças.
Mas é legal porque, assim, eu mostrei para vocês que eu também trabalho muito, eu também não tinha dinheiro e eu consegui fazer as coisas, porque a maioria das vezes as pessoas falam comigo
- “ah, eu trabalho muito”, eu falo, eu também.
- “ah, eu sou viciado em doce”, eu também.
- “ah, eu recebo pouco”, eu também.
Então, assim, mesmo a gente trabalhando muito, sendo viciada em alimentação que não é tão ideal assim para a gente, recebendo pouco, dá para a gente fazer.
Porque é melhor a gente fazer do que a gente esperar acontecer como aconteceu comigo, ficar do jeito que eu fiquei para depois correr atrás.
E o meu desejo é que eu consiga inspirar cada vez mais pessoas para que ninguém precise passar pelo o que eu passei para poder mudar como eu mudei.
Roney: Exatamente, Lara, exatamente, foi essa também a nossa ideia ao te trazer aqui para essa entrevista.
E queria aproveitar para te agradecer pelo seu tempo, pela sua mensagem, por essa entrevista que ficou muito bacana, ficou incrível.
Então, muito obrigado, Lara, por sua presença aqui no nosso podcast.
E aproveite também para contar para o pessoal como eles podem te seguir, acompanhar o seu dia a dia.
Lara Rosa: Muito obrigada, eu quero agradecer a vocês também pelo convite, fiquei muito feliz, vocês são umas pessoas muito especiais, não só porque eu gosto de vocês, mas também porque vocês mudam muitas vidas, eu costumo ver bastantes relatos de pessoas que seguem vocês, que acompanham os cursos de vocês, o livro de receitas, que está maravilhoso, e que com isso conseguem mudar de vida também, ter uma alimentação melhor.
Eu quero agradecer, de verdade, por esse trabalho lindo que vocês fazem.
Eu tenho um Instagram, meu Instagram é @lararosa101, que são os 101 quilos que eu perdi.
Lá eu divido minha alimentação, divido minhas dificuldades, divido bastantes coisas com as pessoas e, também tenho um canal no YouTube que também é LaraRosa101, onde eu gravo vídeos e conto sobre as minhas dificuldades e sobre as coisas que eu passei na obesidade, quem sabe pode inspirar alguém também.
E muito obrigada e eu já estou ansiosa para poder contar para todo mundo sobre a nossa conversa que foi maravilhosa.
Roney: Show demais, Lara, show demais.
Então, mais uma vez, muito obrigado pela presença. E, também, queria aproveitar pra agradecer aos Tanquinhos e Tanquinhas que nos escutaram até aqui, muito obrigado por sua audiência.
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A gente se fala no próximo episódio.
Um forte abraço do Senhor Tanquinho.
Oii…
Gosto de fazer a receita do “Sopão da USP” (sei que não é da USP), aquela com salsão, nabo, repolho, etc, sem o creme de cebola nem o caldo, com um pouco de acém ou peito de frango desfiados pra tomar na janta.
Essa receita é considerada low carb ou vou ter que parar?
(adorei o site ^^)
Obrigada.
Oi Josi, tudo bom?
Se esse sopão só leva os ingredientes citados por você, não há nada de errado com ele.
Pode comer tranquila =)
Forte abraço.