50% de tudo o que ensinamos está errado. O problema é que não sabemos quais 50%.”
(Tim Noakes)
Você já imaginou como é a real formação de um médico na faculdade?
Hoje trazemos a graduanda em medicina Debora Di Matteo para falar exatamente sobre isso.
Então escute este episódio esclarecedor para saber tudo sobre:
- os problemas e percalços da formação dos médicos,
- como a faculdade na Inglaterra é diferente da brasileira,
- o total desconhecimento de muitos médicos sobre medicina baseada em evidências,
- o que teria de ser acrescentado na faculdade para melhorar a formação científica dos novos médicos,
- o que poderia ser retirado da formação,
- a importância de não vivermos só da medicina baseada em diretrizes,
- os dois casos de médicos que não conhecem evidências,
- de quem é a responsabilidade pela sua saúde,
e muito, muito mais!
Basta apertar o play para se surpreender. E você pode ler a transcrição completa abaixo.
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Transcrição Completa Do Episódio
Guilherme: Bem-vindo a mais um podcast do Senhor Tanquinho. Eu sou o Guilherme.
Roney: E eu sou o Roney. E aqui a nossa missão é deixar você no controle do seu corpo.
Guilherme: Olá, Tanquinho! Olá, Tanquinha!
Bem-vindos a mais um episódio do nosso podcast.
E hoje temos uma convidada um pouco diferente…
Roney: Nós trazemos a Debora, que está graduando em Medicina, e ela vai trazer uma perspectiva de dentro da faculdade para nós.
Tudo bem com você, Debora?
Debora: Tudo bem, gente?
Eu queria, em primeiro lugar, agradecer vocês.
Eu sou uma grande fã desse podcast.
Eu acho que esse tipo de trabalho pode mudar a vida das pessoas e até salvar a vida de muita gente.
Então, obrigada por proporcionarem a tanta gente o acesso a informações de qualidade, baseadas em evidência.
Guilherme: Ah, muito obrigado, Debora!
Então se apresenta um pouquinho, conta para as pessoas o que eles têm que saber sobre você e sobre o seu background.
O que motivou você também a estar aqui presente, trazendo essa perspectiva que, digamos, é um pouco contrária da maioria dos estudantes, do establishment de Medicina atual.
Debora: Bom, a minha história é um pouco diferente.
Eu, na verdade, sou formada em Administração de Empresas, só que eu atuei só três anos na área.
Em 2013 eu resolvi mudar completamente de carreira e fui fazer cursinho para passar em Medicina.
Então, na verdade, foi uma coisa que sempre foi o meu sonho, mas quando eu tinha 17 anos eu não consegui me decidir.
Aí depois de um ano que eu já estava formada eu percebi que eu era frustrada, que eu não tinha seguido o caminho que eu queria… e resolvi tomar coragem e começar tudo de novo.
Eu passei no vestibular, e no meu 2º ano de faculdade eu consegui uma bolsa para estudar na Inglaterra por 14 meses.
Lá eu estudei Neurociência no Departamento de Psicologia da universidade que eu estava e eu acabei tendo bastante experiência com pesquisa, estatística…
Eu aprendi mais estatística lá do que quando eu estudei Administração.
E isso tem sido muito bom para a minha formação médica.
Eu estou agora no último período do 4º ano de Medicina, eu faço parte da Diretoria da Liga de Endocrinologia da minha universidade e eu sou uma defensora de Medicina baseada em evidências, Medicina preventiva, dieta paleo, low-carb.
E aí eu tenho tentado aprofundar meus conhecimentos nessa linha.
Em julho eu participei do I Congresso Internacional Low-Carb, que foi organizado pela Carolina Guilherme.
Foi um evento pioneiro no Brasil. Acho que quase não tinham estudantes de Medicina lá.
E aí o que eu posso dizer para vocês, acompanhando o trabalho dos médicos que estavam lá que atuam nessa linha, em primeiro lugar, o Dr. Souto; Dr. Erik Neves e Dr. José Neto – que vocês acho que até já entrevistaram – a Dra. Janaína, de BH; e o Dr. Rodrigo Bomeny, aqui em São Paulo…
O que eu posso dizer é que os cursos de Medicina no Brasil, hoje, pela minha experiência, pela experiência dos meus colegas que estão em outras universidades, é que esses cursos carecem muito de Medicina baseada em evidências.
Então é por isso que eu acho importante que as pessoas tenham conhecimento de como funciona a dinâmica da formação médica, até para elas saberem o que esperar e como conversar com o seu médico.
Guilherme: Certo.
E como funciona a dinâmica da formação médica, já que a gente tocou nisso?
Debora: Então, não é um curso fácil, como vocês podem imaginar.
Eu vou tentar resumir aqui, mais ou menos, só para dar uma geral…
Guilherme: Acho que é legal porque muitas pessoas vão ao médico, mas não tem nenhuma ideia de como foi a formação dessas pessoas.
Muitas vezes até uma parcela mais humilde, ou que teve menos acesso à educação, da população vê aquele profissional de jaleco e acredita que ele guarda todas as respostas.
Então muitas vezes tem uma imagem meio endeusada nesse sentido.
Debora: Exatamente. Era isso que eu ia falar.
Eu acho que a carreira médica, culturalmente, é vista de uma forma muito idealizada.
As pessoas entram no consultório achando que o médico vai ter um computador dentro cabeça, que ele vai acessar uma base de dados infinita que está memorizada ali e que ele vai saber exatamente o que fazer, e como ele estudou muito, provavelmente aquilo ali está certo.
E não é bem assim que funciona.
Começando o curso de Medicina é estruturado em três fases: tem o pré-clínico, que dura, geralmente, um ano e meio. No pré-clínico nós aprendemos bioquímica, fisiologia, embriologia, biologia celular… que são as matérias básicas.
Depois, pelos próximos três anos e meio, nós estudamos a parte clínica, em que a maioria das aulas é teórica e nós também temos aulas práticas.
É nessa fase do clínico que nós fazemos o Trabalho de Conclusão de Curso, que hoje em dia não é mais exigido em todas as universidades de Medicina.
Nós participamos das Ligas Acadêmicas, que são aulas, estágios nas matérias que você tem mais interesse.
Não são obrigatórios mas todo mundo acaba fazendo, porque isso é muito valorizado no currículo mais para a frente.
E nós temos muitas provas nessa fase. A carga horária é super extensa.
Então é uma rotina muito pesada, nós temos aula o dia todo, à noite nós temos que estudar ou temos que ir para as aulas das ligas, às vezes tem plantão de madrugada – que são os estágios voluntários, nós vamos para aprender, nós não recebemos nada – e isso, basicamente, resume de forma rápida o que seria o clínico, que também seria a parte em que o estudante de Medicina deveria ter mais contato com a pesquisa, que eu vou falar mais para a frente, que é o que não acontece.
Bom, mas os dois últimos anos são o internato.
No internato nós passamos o dia inteiro no hospital. É quase 100% prático.
Nós rodamos várias áreas no hospital e nós temos algumas aulas teóricas à noite, umas duas vezes por semana.
Nessa última fase é quando nós também começamos a estudar de forma mais intensa para a residência.
A residência é a especialização que nós vamos escolher, como se fosse, sim, um segundo vestibular.
Então, considerando tudo isso, como eu falei, nós deveríamos ter as bases para entender, por exemplo, o que é um estudo observacional, o que é um estudo randomizado…
Nós deveríamos ter isso na fase clínica. E nós até temos.
É uma matéria chamada Metodologia da Pesquisa Médica ou alguma variação desse nome.
Nós temos dois semestres dessa matéria antes de começar o TCC nas faculdades que exigem o TCC – como eu falei, algumas não exigem – mas apesar de nós termos essa matérias, na prática isso acaba sendo deixado muito de lado porque a carga horária é muito baixa.
Isso eu estou falando das faculdades de Medicina no geral. É um problema de matriz curricular mesmo.
Inclusive, em abril deste ano o MEC proibiu a criação dos cursos de Medicina pelos próximos cinco anos.
Porque eles querem promover um estudo amplo sobre a formação médica no Brasil com a cooperação do Conselho Federal de Medicina, das Associações Médicas, para avaliar o nosso currículo porque existe uma defasagem.
Eu trouxe até um exemplo de currículo aí para vocês.
Se você pegar, por exemplo, o currículo de uma faculdade de Medicina bem conceituada no Brasil, que exista há mais de 50 anos; aí você olha para um currículo do pessoal que entrou em 2013 e está se formando no final deste ano, o número de horas/aula, que são referentes à Metodologia de Pesquisa e ao TCC não chega nem a 3% da carga horária total do curso.
Então no curso inteiro essas matérias correspondem a 252 horas.
O curso de Medicina tem, em média, 9.000 horas.
Então, só para uma base de comparação, quando eu estudei um ano na Inglaterra, que eu não estava no curso de Medicina, eu estava no Departamento de Psicologia, eu tive um curso de Métodos de Pesquisa e Análise de Dados e em um ano eu já tive 200 horas, que é quase o que nós temos em seis anos de Medicina.
Então é bem complicado.
Roney: Debora, então rapidinho, já que nós falamos que você estudou na Inglaterra, você chegou a ter contato com alguma grade horária de Medicina, chegou a ver como é e se é muito diferente da que é padrão aqui no Brasil?
Debora: Então, infelizmente, eu até tentei buscar essa informação e eu não consegui.
E lá eles não deixavam eu pegar nenhuma matéria de Medicina, então eu tive que estudar uma coisa que fosse similar e como eu me interesso por Neurociências, eu fui para Neurociências, mas acabou sendo uma experiência muito boa porque eu voltei com 700 horas de pesquisa de lá, uma coisa que eu jamais teria no Brasil no curso de Medicina, né?
E eu ainda acho que apesar de eles terem mais carga horária referente à pesquisa lá, e provavelmente eles tenham também no curso de Medicina, ainda assim existe muita confusão ao que é publicado.
Eu, quando estava lá nos bastidores da pesquisa, via que existe muita pressão para publicar.
Eles precisam disso para se manterem dentro da universidade, então é complicado.
As pessoas podem pegar dados que já existiam e ficar tentando fazer associações.
Mas o que diferencia é que lá eles sabem dessa realidade.
Eu acho que eles têm um pouco mais de noção do que a gente aqui, que acaba não tendo tanto contato com pesquisa.
Então qualquer coisa que sai na mídia – e isso eu vejo, assim, mesmo em relação a professor, sabe, na faculdade – e não consegue assimilar que aquilo não tem um peso importante como evidência científica.
Eu acho que eles têm mais essa noção lá do que nós temos aqui, então isso está muito presente na formação médica.
A pessoa já tem um certo preconceito, por exemplo, em relação à dieta low-carb.
Porque ela só acompanha notícia da mídia falando que é a dieta da moda, ou então essa notícia que saiu falando que “diminui quatro anos da expectativa de vida”.
E ela não consegue assimilar, mesmo que ela vá buscar o artigo, ela não consegue assimilar que questionário alimentar é uma coisa bizarra que não deveria mais ter pesquisa igual essa que saiu, sabe?
Não deveriam mais deixar publicar isso.
E essas pessoas não têm essa noção, falta muito isso. E isso acontece justamente por causa da rotina pesadíssima que nós temos e porque nós nunca mais somos cobrados sobre o que nós aprendemos lá na Metodologia Científica no 2º, 3º ano. Nunca mais.
Guilherme: Do jeito que você está mencionando, é fato que existe essa Metodologia Científica no currículo.
Porém a maioria dos estudantes… praticamente ninguém entrou em Medicina porque era muito interessado em Metodologia de Pesquisa.
E também é colocado meio que: “Ah, teve isso, vamos fazer o check na caixinha e vamos seguir com a ‘Medicina de verdade’ ”.
Eu acho que é a parte mais clínica que desperta a paixão da maioria dos estudantes.
Debora: Inclusive eu trouxe aqui uma pesquisa que eu achei interessante mostrar. Foram dois colegas meus, da Medicina, que fizeram, o João e a Marcela, e o objetivo deles foi testar o conhecimento sobre o que é Medicina baseada em evidências entre os acadêmicos de Medicina.
Aí eles enviaram uma pesquisa online para 136 acadêmicos, que foram distribuídos de uma forma mais ou menos igual entre o pré-clínico, clínico e o internato, e os estudantes tinham que ler as informações e marcar se a afirmação era verdadeira ou falsa.
Têm três pontos que eu achei que foram os mais críticos e eu vou ler aqui para vocês:
- 74,3% responderam que para praticar a Medicina baseada em evidências é preciso seguir diversas diretrizes de várias sociedades médicas nacionais e internacionais.
Ou seja, eles acreditam que as diretrizes são o mais alto nível de evidência. Nós sabemos que não é assim.
- 69,9% responderam que todo profissional de saúde atualizado e que participa ativamente de congressos já está praticando a Medicina baseada em evidências.
Isso é um absurdo!
Porque nós sabemos que os congressos médicos têm uma influência muito forte da indústria farmacêutica e estar atualizado não significa, necessariamente, que você está praticando Medicina baseada em evidências.
Se você vê que saiu um artigo você tem que olhar aquilo de forma crítica, você tem que saber qual foi a metodologia empregada, você tem que ver se eles estão mostrando o risco relativo, se eles estão mostrando o risco absoluto, quais foram os critérios de seleção. Isso não é só estar atualizado.
E teve um ponto que foi bem impressionante que eles colocaram:
- 95,6% (quase 100%) acredita que a Medicina baseada em evidências valoriza os estudos clínicos para tomar a decisão sobre a conduta, mas deixa de lado a experiência clínica.
Então isso mostra o quê?
Que os acadêmicos têm uma ideia totalmente distorcida do que significa basear a conduta em evidências porque experiência clínica tem que ser valorizada.
Você não vai deixar de lado a experiência clínica.
Guilherme: Claro, é um dos pilares da Medicina baseada em evidências, que até como você mencionou (o Dr. Souto e o Dr. José Neto) já vieram aqui no podcast e explicaram um pouquinho sobre essa Medicina — que é tão pouco compreendida pelos profissionais, como essa pesquisa evidenciou.
Debora: Exatamente.
Então eu conversando com algumas pessoas sobre isso recentemente, algumas me falaram – e elas estudam Medicina! – “Eu, até pouco tempo atrás, não sabia quando eu olhava ‘Medicina baseada em evidências’ mas isso é estranho… a Medicina já não é baseada em evidências?”. Não, não é.
Por isso que têm tanto desconhecimento.
Nós não aprendemos isso na faculdade. Mesmo quando nós aprendemos, eu já tive casos de estar em uma aula, por exemplo, e a professora falar: “Olha, eu valorizo muito a Medicina baseada em evidências” e eu pensei: “Nossa, que ótimo! Finalmente, né?”.
E aí depois, no final da aula ela entrou no assunto de Diabetes e falou: “Ah, gente, então, tem muita gente que fala aí de dieta low-carb, mas isso não tem evidência”. Eu falei: “Meu Deus do céu!”.
É complicado. Aí, inclusive, eu mandei os artigos para ela, não sei se ela leu porque eu mandei 50 artigos.
Mas evidência é o que não falta para a low-carb em diabéticos, né?”.
Guilherme: Com certeza.
E nesse ponto que você mencionou anteriormente, da questão de que os médicos tanto aqui no Brasil, quanto na Inglaterra, quanto ao redor do mundo todo, são obrigados a publicar; na verdade é uma coisa endêmica da ciência hoje em dia, em que você mede o sucesso de um profissional, de um pesquisador, pelo número e pela força das citações que ele tem.
Então tem um problema de incentivo.
Muitas vezes o pesquisador tem essa questão de ter que publicar um certo número de papers por ano e a verdade (o que talvez ele até saiba de maneira mais direta, que é ou não é bem assim), acaba ficando em segundo plano porque senão ele perde, às vezes, o sustento da família.
Então é uma questão bem complicada do jeito que se faz ciência nas universidades hoje.
Debora: Sim.
E agora que você falou isso, eu até lembrei de outra coisa interessante. O meu TCC eu fiz na Inglaterra.
Quando eu estava lá eu fui obrigada a aprender estatística sozinha, até porque eu entrei no 2° ano deles lá no curso que eu estava de Neurociências
E o projeto que eu tive que fazer, eu fiz um experimento e eu tinha que escolher um método estatístico que eu achava mais adequado e eu tinha que aprender no SPSS como rodar aquele teste estatístico que eu achava que era mais adequado, explicar por que e etc.
Quando eu voltei para o Brasil – porque eu tinha ido para lá no começo do curso, eu estava no 3º período – no 4º período, o pessoal já estava começando a fazer TCC e eu achei muito estranho que aqui – eu não sei como é nos outros cursos, mas pelo menos no curso de Medicina as pessoas fazem coleta de dados e tudo, mas geralmente elas pagam para um estatístico analisar os dados.
Então, ou elas pagam para um estatístico analisar os dados, ou elas apresentam dados descritivos, por exemplo, média e desvio padrão, e não fazem nenhum teste muito complexo.
Então, isso, eu acho que faz muita diferença porque na verdade você foi lá, coletou os dados, pegou toda a parte teórica, tudo o que existe na literatura, só que você não sabe o que você fez de estatística porque foi outra pessoa que fez a análise para você.
Então eu acho que esse também é um problema considerável.
Nós não somos incentivados no curso a aprender estatística. Não tem carga horária para isso no nosso curso.
E é outro ponto que eu acho que deveria ser revisto agora que eles vão mudar a matriz curricular. Não sabemos como é que vai ficar.
Guilherme: Uma dúvida que me surgiu a seguinte.
Medicina já é um curso bastante extenso, rico, carregado de disciplina… talvez teria que tirar alguma coisa para entrar mais estatística, mais metodologia de pesquisa… ou você acha que deveria aumentar o total do curso?
Qual é a sua visão? Que tipo de alternativas você vê nesse sentido?
Debora: Com certeza!
Nós temos muitas aulas que eu acho que nós não precisaríamos ter, sabe?
Por exemplo, nós temos… muitos cursos adotam o PBL, que é um método que funciona como discussão de casos, então é você pegar um caso, fazer grupos menores porque as aulas de Medicina, na aula geralmente têm 90 alunos, então fazer o método PBL é interessante porque você divide em grupos menores, de mais ou menos 15 alunos, depende da universidade, e você faz a discussão de caso ali.
Na teoria, é uma coisa maravilhosa, porque você pensa: “Nossa, é muito mais prático você conseguir discutir aquilo que você aprendeu em aula, vendo um caso que você poderia estar vendo no hospital, e você vai assimilar aquilo de uma forma muito melhor”.
Mas o que acontece?
Nós temos lá, mais ou menos, 01h30 de aula teórica.
Nós saímos da aula teórica e nós temos mais 01h30 de PBL ou tutorial, tutoria, depende da universidade como é chamado.
Nós ficamos muito desgastados porque você ter aula… tem dia, por exemplo, das 07h50 até às 19h00. E é a repetição do mesmo assunto. É interessante o PBL? É. Poderia ser, ao invés de uma 01h30, poderia ser 40 minutos? Nós não precisaríamos discutir dois casos no PBL.
Ou as aulas poderiam ser reduzidas para a gente ter tempo para estudar por artigo.
Porque eu queria até dar um exemplo de como o estudante de Medicina estuda para a prova porque, eu não sei, acho que as pessoas não fazem nem ideia disso, né?
Mas a primeira coisa é que o tempo dele é todo preenchido, então é isso que eu falei: o dia inteiro de aula.
Sai da aula vai para a liga, estuda, plantão de madrugada, vai para a prova no dia seguinte, mal tem tempo de respirar, aí ele vai ter que estudar para uma prova.
Então vamos supor que ele está ali na cadeira de Cardiologia.
Ele está estudando Cardiologia e ao mesmo tempo ele está tendo Neurologia, Angiologia – que é estudo da parte vascular –, Urgências, Emergências, Farmacologia, Pneumologia, aula prática, estágio… tudo isso que eu falei.
Como ele vai estudar para essa prova?
Ele vai pegar todas as aulas que ele teve na faculdade, ele vai juntar a anotação dos colegas com a anotação dele, vai pegar o que o professor passou nos slides… só isso já vai dar de 100 a 250 páginas por prova, anotada no computador.
E aí ele vai tentar decorar o máximo que ele conseguir para ele ficar com uma média acima de 7 e não reprovar.
Então, quando ele tiver lá, esse aluno que está passando pela cadeira de Cardiologia, tem uma aula disso sobre Dislipidemias, o professor fala na aula que nós temos que orientar os pacientes a não comer gordura porque a gordura vai gerar problemas cardiovasculares.
Vocês acham que no meio de tanta coisa que ele tem para fazer, com todas essas matérias, ele vai parar para pegar a Diretriz, para olhar referência, para ver em que eles se basearam para falar que a gordura faz mal? Ele não vai.
Mas assim, se na melhor das hipóteses – vamos supor que seja o estudante que está muito interessado nisso, que ele administra muito bem o tempo dele, que ele vá olhar os artigos – ele vai achar o quê?
Estudos observacionais, que não implicam em causa e efeito, mostrando uma associação entre doença cardíaca e consumo de gordura saturada.
Aí, o que vai acontecer? Ele vai pensar: “Nossa, realmente! Então é isso mesmo!” porque ele não vai lembrar da aulinha de metodologia que ele teve, falando que estudo observacional é de baixo nível de evidência.
Até porque já faz um ano que ele teve isso. Ele não vai lembrar.
Ele só estudou para passar na prova de Metodologia da Pesquisa Médica e nunca mais viu nada sobre isso.
Mas vamos supor que ainda assim ele fique em dúvida e aí ele vai lá perguntar para o professor dele, que é cardiologista, que está atuando na área, que é uma pessoa super respeitada na universidade; como aluno, é uma pessoa que ele admira muito, e aí ele vai perguntar.
O que nós temos que lembrar? Que esse professor teve o mesmo problema.
Ele não foi cobrado durante a carreira para distinguir estudo observacional de estudo randomizado.
Ele foi cobrado para saber identificar a doença e tratar de acordo com o que estava nas diretrizes, de acordo com o que ele viu nos congressos (que têm uma grande influência de indústria farmacêutica, como eu falei).
Então o que ele vai falar? Ele vai falar: “Ah, é óbvio! Gordura faz mal! Isso está preconizado na American Heart Association. Não tem dúvida disso”.
E a partir daí vai se formando mais um profissional que aprende a Medicina baseada em diretrizes.
Guilherme: Certo.
Então é um ciclo que se perpetua, no caso, e esse estudante hipotético teria que juntar muitos pedacinhos de evidência, de conhecimento, separados, para formular essa teoria e perceber isso.
Precisaria juntar o fato de que o estudo observacional não é estabelecedor de causa e efeito, e levar para o professor dele que, no caso, pela própria autoridade dele ia falar: “É por isso que eu sou o professor e você é o aluno”.
Debora: Exatamente!
E até às vezes eu penso, se nós olharmos, por exemplo, o Dr. Souto, que é a nossa referência de low-carb, né?
No Brasil hoje acho que todo mundo que estuda um pouquinho dessa área sabe disso.
O Dr. Souto para mim é uma pessoa inteligentíssima, brilhante, só que dentro da realidade dele como médico, ele não sentou em uma poltrona, assim, num final de tarde de um domingo, em abril de 2011 e falou: “Bom, agora eu vou pegar todas as diretrizes alimentares que eu aprendi na faculdade de Medicina e eu vou lá olhar os artigos de cada uma para ver se o que eles estão falando está certo mesmo”.
O que fez ele começar a estudar tudo isso, como ele mesmo já falou aqui para vocês?
Foi um podcast em que ele ouviu uma entrevista do Gary Taubes…
Guilherme: Que é um jornalista…
Debora: Exatamente! Você já antecipou a minha pergunta: O Gary Taubes é médico? Não, ele não é médico.
E a partir disso ele comprou o livro do Gary Taubes, “Por que engordamos?”, teve também uma forte influência da Nina Teicholz, que escreveu o “Gordura sem Medo”.
Ela é médica? Não é.
Mas a Medicina precisa que pessoas de fora da Medicina façam isso.
Então a Medicina precisava que essas duas pessoas, que não são da área médica, conseguissem estudar isso e conseguissem mostrar as verdades nutricionais.
E aí quando eu falo isso para as pessoas, o que eu quero dizer?
Não espere que o seu médico saiba analisar um estudo de forma absolutamente crítica porque ele não foi capacitado para isso na universidade.
Então é aquilo que eu falei: ele vai ver coisas que saem na mídia, vai continuar tendo o preconceito que ele tem com o que não está em diretriz, e não é por mal.
É porque ele acha que tem que ser assim, porque os professores falaram que era para ser assim e porque os professores dos professores falaram que era para ser assim. E ele não vai ter tempo para ir atrás de outra coisa.
Roney: Exatamente.
E no ponto em que você tocou anteriormente com relação aos próprios profissionais, ou mesmo estudantes acharem sempre que a Medicina é baseada em evidências, que nem você falou: “Ah, mas a Medicina já não é baseada em evidência?”.
Na verdade você poderia falar em que muita parte da Medicina é baseada hoje em dia?
E, já que eles acreditam que é baseada em evidência, por que quando tem uma evidência na frente deles – como vários ensaios clínicos randomizados mostrando que low-carb é bom por vários motivos, por vários benefícios – eles muitas vezes ignoram isso às vezes nem leem…
Até por acharem que sabem tudo e não leem esses estudos e não levam em conta, como você disse, que apresentou 50 estudos e nem sabe se a professora leu ou não?
Debora: Então, no que eu acho que a Medicina é baseada hoje?
Em primeiro lugar, nas diretrizes.
E diretrizes nutricionais têm um impacto muito forte, principalmente na Medicina Preventiva e nós sabemos que tudo o que vem dessas diretrizes geralmente é baseada em dieta low fat.
E isso envolve toda aquela questão de ego das pessoas que fizeram essas diretrizes, das pessoas que não querem admitir que até então elas estavam erradas porque elas estavam se baseando em estudos observacionais e quando começaram a aparecer os estudos randomizados elas não querem falar: “Olha, a gente estava errado até então, então ignorem tudo porque agora a gente quer falar que gordura natural dos alimentos não vai mais te matar do coração”.
Então isso é uma coisa muito maior. Eu acho que tem muito a questão da indústria farmacêutica também. É interessante para eles falar, por exemplo, que todo mundo precisa tomar estatina.
E aí você vai lá na diretriz de Cardiologia americana e você percebe que eles baixaram ainda mais as metas de colesterol para pacientes diabéticos.
Tem uma influência. A gente sabe que tem! Mas o que acontece?
O médico vai no congresso e ele vai ser apresentado para esse dado.
Tem um monte de palestra de indústria farmacêutica em congresso, mostrando: “Olha o remédio novo que a gente desenvolveu!”.
A gente sabe que é tudo manipulado ali. Eles mostram o que eles querem.
Só que é o que eu falei: o médico muitas vezes não tem tempo e ele acha que pode confiar porque o professor dele falou, durante a formação toda dele, que ele podia.
Porque o preceptor dele na residência, quando ele se especializou, falou que está tudo bem, que o remédio é bom, que todo mundo precisa tomar esse estatina.
Eu mesma. Já tiveram vários professores meus, quando eu estava com o colesterol alto, na época eu estava com 27 anos, eles falaram que eu precisava tomar estatina, sabe?
Risco baixo, estava com a alimentação totalmente desajustada, fazendo low fat, fazendo tudo errado… mas eles acreditavam que aquilo estava certo.
Porque eles baseiam a conduta deles no que é apresentado por diretrizes, no que eles veem em congresso.
E outra coisa que acontece muito na Medicina também é o bom senso, sabe?
Então quando às vezes você pergunta para um médico o que tem que fazer e ele responde baseado em bom senso.
Ele nem sabe se tem um estudo sobre aquilo. Ele nunca foi apresentado a um estudo sobre aquilo.
Mas como ele estudou para aquilo?
É aquilo que eu: ele estudou pelo o que o professor passou na aula.
Ele estudou pelo slide porque ele não tinha tempo, porque ele ia ter prova no dia seguinte e ele fez um plantão de madrugada.
E a vida dele foi seguindo assim. Então, ele não parou, ele não conseguiu parar para ver se aquilo era verdade ou não.
Agora, por que eu acho que mesmo você apresentando às vezes, eles não querem enxergar?
Por que eles não conseguem parar para analisar aquilo? Eu acho que nós temos que ser insistentes, sabe?
Eles vivem uma rotina, realmente, muito corrida.
Tem esse desconhecimento, tem essa rotina muito corrida, então é um conjunto de fatores que contribui para que ele se mantenha em uma bolha de desinformação.
E eles, mesmo assim, são respeitados, principalmente os que estão atuando dentro da universidade.
Eles já alcançaram certo nível de admiração dos estudantes, dos colegas, então acaba se acomodando um pouco.
Mas não é só isso. Eu acho que tem muito médico bom, têm médicos excelentes que não tiveram acesso a isso ainda porque ninguém insistiu com isso.
E eu acho que não dá para tirar o mérito do que um médico alcançou na carreira dele.
Eu acho que ele teve, sim, muito esforço, ele trabalhou, ele perdeu noites de sono, mas ele teve uma defasagem ali.
Tem um sistema todo errado na formação dele, sabe?
Então eu sei que às vezes dá um pouquinho de raiva até.
A pessoa vai falar e aí o médico fala uma coisa que parece absurda para quem já está dentro dessa área de low-carb, de paleo, mas ele precisa que alguém apresente isso pra ele.
Da mesma forma que me apresentaram, da mesma forma que apresentaram a vocês.
Às vezes não é só: “Ah, ele não está interessado”. Às vezes ele nunca teve acesso à informação!
Roney: Então acho que passa por dois pontos: que seria o paciente, por exemplo, levar essa informação ao médico, que eu acho que é parte do trabalho que nós fazemos, que é apresentar essa informação para o maior número de pessoas pela internet.
E mais tarde o paciente vai se consultar com o seu médico ou nutricionista, enfim, e talvez já tendo esse conhecimento prévio, vai poder insistir com o médico para que ele pesquise.
E também os profissionais da área têm que ser um pouco humildes para realmente ir atrás disso e não ficar achando que o que eles sabem é a verdade absoluta e que todo o resto não é verdade — só porque ele não tinha visto até então.
Debora: Sim.
Eu acho que existe mesmo, existe isso realmente.
Tem gente que está na área e não quer saber e simplesmente, igual eu falei, por questão de ego também para não falar que estava errado até então.
Mas eu acho que nós não podemos generalizar.
Também têm aquelas pessoas que nunca ficaram sabendo.
Aí tem gente que pode falar assim: “Ah, mas eu que tenho que fazer isso? Eu que tenho que levar isso para o meu médico? Ah não! Eu vou trocar de médico!”.
E aí o que eu falo para essas pessoas?
Gente, vocês têm noção de quão privilegiado nós somos por termos conseguido ter acesso a essas verdades nutricionais? Isso aqui é um privilégio!
Os ouvintes desse podcast de vocês, do Senhor Tanquinho, são privilegiados!
Os leitores do blog do Dr. Souto, as pessoas que foram lá no evento “Alimente” são um grupo privilegiado.
Eu mesma! Eu vou falar para vocês: até dezembro de 2017, a oito meses atrás – é muito pouco tempo – eu estava comendo bolachinha integral a cada três horas, como diz o Rafa Lund, achando que eu estava abafando.
Então eu sinto que eu tenho sorte de ter descoberto tudo isso.
Se eu não tivesse escutado… eu também entrei contato com tudo isso através do podcast do Dr. Souto com o Rodrigo Polesso, eu lembro até o dia – foi dia 1º de dezembro de 2017 – porque isso mudou completamente a minha vida e minha carreira daqui para a frente…
Guilherme: Marcante!
Debora: Sim! Tem que fazer aniversário, né?
Se eu não tivesse escutado talvez eu estaria fadada ao desconhecimento não sei por quanto tempo.
Então o que eu quero dizer? Seja, você também, você que está nos ouvindo, seja um germinador de mudanças na Medicina.
Talvez o seu médico realmente não dê bola.
Como vocês falaram, têm pessoas que não querem saber.
Mas talvez aquilo mude a conduta dele para sempre. Talvez você esteja salvando a vida de outras pessoas indiretamente.
Guilherme: Sim, sim. Você vai mudar a visão dele, que vai reproduzir isso com outros pacientes, que não são tão privilegiados quanto você que tem acesso a essas informações.
E isso que você falou mais cedo de: “Ah, eu que tenho que levar para o meu médico?”.
Eu vejo um pouco de preguiça na parte de muitas pessoas, igual você falou, essa reação de: “Ah, eu que tenho que fazer?”.
Poxa, a saúde não é sua?
Você não acha que é melhor?
Você não quer ter uma conversa de nível alto sobre isso — em vez de você fazer a pergunta e ele responder que ele já sabia e ficar por isso mesmo?
Então faz parte da sua responsabilidade, também, pesquisar e se informar mais. A saúde é sua no final das contas.
Debora: Exatamente. Eu ia falar exatamente isso.
Porque eu acho assim: a maior força motriz nesse cenário são os pacientes.
Eu acredito muito que o movimento tem que acontecer de baixo para cima porque, como eu disse, nenhum médico vai parar toda a sua rotina para conferir se as diretrizes estão certas.
Ele não aprendeu a fazer isso, ele não faz ideia de como fazer isso, ele não tem tempo de fazer isso.
Então, se você for esse agente de mudança para o profissional que te acompanha, de repente ele é um excelente médico, mas ele precisa desse seu empurrão.
E aí essa questão que você falou da, auto responsabilidade, é muito importante porque o que acontece?
Ninguém pode estar mais interessado na sua saúde do que você mesmo. Nem o seu médico!
Você não precisa fazer Medicina, saber tratar as doenças, saber as doses de medicamento.
Mas se você tem determinada doença, ou se você quer se prevenir de determinada doença, se interesse, pesquise.
Não deixe que o seu médico decida tudo por você.
A decisão tem que acontecer em conjunto com o paciente.
Ela tem que ser individualizada.
Mas para isso o paciente também tem que se interessar e trazer para o médico boas evidências, não trazer coisas que ele viu no fórum do Yahoo, como nós acabamos vendo por aí… Mas trazer e falar assim: “Olha, que legal, eu vi que saiu isso…”.
Talvez você não saiba explicar exatamente o com termos técnicos, mas se você entra ali, no blog do Dr. Souto, está tudo mastigado ali.
Hoje em dia você não precisa mais pegar e… se o seu problema for esse: “Ah, porque eu não falo inglês…”.
Tem tudo! Você consegue achar artigo traduzido! É só você buscar informação.
Então eu acho que tem que ter… a gente não pode mais, como paciente, ter uma postura passiva. Acabou isso.
O paciente tem que ter, sim, uma postura ativa. É só assim que esse cenário vai mudar.
Roney: Perfeito, Debora!
Nós gostamos muito e achamos que fica aí a reflexão para quem está nos ouvindo, né?
Sejam os pacientes ou sejam os médicos.
Debora: Sim.
Eu acho que pensando dessa forma, talvez, até incentive algumas pessoas a abordarem.
É importante não ter medo de falar com o médico, não pensar assim: “Ah, ele é médico, estudou mais do que eu”.
Porque foi o que eu falei: existe essa defasagem na parte científica e você é paciente, então você tem todo o direito de questionar o seu médico, de perguntar, de saber a opinião dele… é a profissão dele. Ele tem que te responder.
Não se sinta intimidado por ser paciente e ele ser o médico.
Guilherme: Perfeito!
Que legal poder contar com você na próxima geração aí de médicos que nós estamos tendo!
E, falando nisso, quais são seus planos para o futuro? Você já sabe o que vai fazer, se especializar? Conta mais para a gente!
Debora: É difícil, viu?
Eu gosto muito de Endocrinologia, mas também têm outras especialidades que eu gosto: Dermatologia, Psiquiatria…
Então é complicado. Eu ainda não posso dizer que eu estou 100% decidida.
O que eu posso dizer é: independente da especialidade que eu escolher, eu quero ter um foco bem importante nessa questão alimentar porque eu acho que Medicina Preventiva tem que ser a base de tudo.
Você tem que auxiliar o paciente com isso e começa pela alimentação.
Então sempre basear a minha conduta em evidências e tentar orientar a alimentação do paciente da melhor forma possível com o que nós temos hoje de estudo científico randomizado e nada baseado em estudos que querem nos vender medicamentos e esse tipo de coisa.
Roney: Perfeito, Debora!
Que mensagem você tem para deixar para o pessoal que nos ouviu até aqui?
Debora: Então, o que eu gostaria de dizer é: não desista do seu médico.
Eu sei que parece estranho, eu sei que parece: “Nossa, como assim a pessoa estudou Medicina e eu tenho que falar isso para ele?”.
Gente, a primeira coisa é olhar para o seu médico como alguém que está ali também por amor.
Não é uma carreira fácil.
É uma carreira que você tem que se doar, você tem que abrir mão de muita coisa da sua vida pessoal.
E às vezes ele só está te falando alguma coisa que você sabe que é errado em relação à Nutrição porque ele não teve essa oportunidade que eu falei.
Então manda e-mail, pede o e-mail dele, mostra para ele coisas que você ache relevantes. Pede o contato dele.
Não desista porque ele precisa de alguém como você! A gente precisa de pessoas de fora da Medicina.
Então é uma coisa que eu acho que tem que ficar aí de mensagem. Vamos fazer isso acontecer.
Eu sei que isso vem crescendo cada vez mais no Brasil e isso está crescendo justamente por causa dos pacientes; de vocês, por exemplo, que fazem esse tipo de trabalho, de podcast, de mostrar a verdade para as pessoas.
Isso está vindo de baixo para cima, então vamos continuar com esse movimento.
E eu acho que cada um tem a sua responsabilidade e aos poucos nós podemos reverter esse cenário e, como eu falei, salvar a vida de muita gente.
Roney: Perfeito, Debora!
E agora, para quem gostou de você e gostou da entrevista, como eles podem te acompanhar mais? Você tem alguma mídia social para deixar para o pessoal?
Debora: Eu tenho o meu Instagram.
Eu costumo postar as coisas nos stories, às vezes eu deixo também nos destaques, tem até coisas do evento “Alimente” que eu deixei nos destaques da última vez.
Meu Instagram é @debora.di.matteo. É mais por ali mesmo.
Guilherme: E nós vamos deixar linkado aqui no podcast.
Debora, muito obrigado pela sua perspectiva.
Nós gostamos para caramba de ter essa visão aí por dentro das faculdades, no Brasil e fora dele.
Nós ficamos bem contentes de poder contar com você nessa próxima geração de médicos que está surgindo no Brasil e também de ter essa perspectiva de não só você estudar para você ser, em si, uma profissional melhor, mas de também de ter essa mentalidade de ajudar um cenário total a mudar, ser uma agente de mudança mesmo.
Então, obrigado pela sua participação!
Debora: Eu que agradeço, meninos. Espero ter contribuído um pouquinho aí.
E é isso aí! Obrigada pelo trabalho que vocês desenvolvem.
Desejo muito sucesso aí para vocês!
Roney: Muito obrigado de novo, Debora!
E quem nos ouviu, você que gostou do podcast, manda para nós um e-mail com o seu feedback para nós sabermos o que você achou.
E também o que você gostaria de ouvir nos próximos podcasts — para nós estarmos sempre alinhados com você que nos ouve.
Guilherme: Nós esperamos que esse podcast aqui com a Debora ajude a mudar muitas perspectivas, assim como nós sabemos que já mudou em outros episódios, de muitas pessoas.
E nós agradecemos à Débora por ter feito seu papel de ajudar essa mudança, ao ter participado aqui.
Então, novamente, obrigado, Debora.
Nós ficamos super felizes de podermos contar com você aqui, em mais esse episódio.
Debora: Obrigada, meninos!
Roney: Nós nos vemos em um próximo episódio de podcast.
Nós soltamos episódios todas as segundas-feiras.
Um forte abraço
Roney e Guilherme: Do Senhor Tanquinho.
Guilherme: Você acabou de ouvir mais um episódio do podcast do Senhor Tanquinho.
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