No episódio de hoje, vamos conversar com a nutricionista (em formação) Kelly Oenning.
Nós a conhecemos enquanto usávamos nosso Instagram, e acabamos por acaso descobrindo o perfil da Kelly – recheado de dicas rápidas, receitas incríveis e posts informativos.
Sendo que neste bate papo nós falamos um pouco sobre a trajetória da Kelly, sobre a importância de cozinhar, e sobre as dificuldades de estudar nutrição.
E ouvindo o episódio até o final você vai descobrir:
- Como a Kelly descobriu o mundo LCHF e resolveu mudar de vida,
- a importância de estudar e aprender para cuidar da saúde e de você,
- Como é fazer faculdade de nutrição e ser contra o “dogma high-carb” atual,
- Quais utensílios e ingredientes não podem faltar na sua cozinha,
E muito mais!
Você pode ver posts e acompanhar o trabalho da Kelly no seu Instagram, e também no snapchat com o nome Kellylchf.
Ouça o podcast clicando no player abaixo:
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É uma maneira muito fácil de transformar sua ida ao trabalho (ou mesmo academia) em um momento de produtividade e lazer :)
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Transcrição do Podcast
Podcast do Senhor Tanquinho #011 – Kelly Oenning e a paixão pela nutrição
Guilherme: Bem-vindo a mais um podcast do Senhor Tanquinho. Eu sou o Guilherme.
Roney: E eu sou o Roney. E aqui a nossa missão é deixar você no controle do seu corpo.
Guilherme: Olá, Tanquinhos e Tanquinhas! Bem-vindos a mais um episódio do nosso podcast.
Roney: Hoje nós iremos falar com a Kelly.
A Kelly é responsável pelo Instagram que era das irmãs Paleo, que agora é o Kelly LCHF e ela sempre posta várias receitas, inclusive quem acompanha o Senhor Tanquinho já deve ter visto alguma receita dela, que a gente sempre reposta também, e ela tem uma presença bem legal no Snapchat também.
Apesar de fazer um bom tempo que nós mantemos uma parceria, essa é a primeira vez que vamos falar com a Kelly.
Guilherme: Fala, Kelly, tudo bem? Faltou nós falarmos alguma coisa de você?
Kelly: Não. Tudo bem, tudo certo e com vocês?
Guilherme: Também.
Então, começa contando para o pessoal como você começou a se interessar por uma alimentação saudável e low-Carb – e mesmo pelas receitas.
Kelly: Bom, então vamos lá… eu fiz Direito, trabalhei quatro anos como assessora de juiz e decidi estudar para concurso público porque eu queria ser juíza. Era meu sonho.
E aí eu parei de trabalhar e decidi ficar em casa para estudar e como toda boa estudante para concurso público, eu comia muito chocolate, muito doce… já vinha comendo muito para passar na prova da OAB, que eu passei antes mesmo de terminar a faculdade…
Então eu já vinha dessa época “comendo muito, estudando e comendo mais ainda”, aí eu falei: “Bom, não está certo isso.”
Eu estava, na época, com oito quilos a mais do que eu estou hoje. Aí eu falei: “Vou numa nutri.” e fui.
E aí como todo mundo já sabe, e eu acho que a maioria já passou por essa experiência: começava a contar calorias e comer quantidades determinadas.
Então era uma maçã com duas castanhas-do-Pará, duas fatias de pão integral e em duas horas e meia, duas horas eu já estava morrendo de fome. Um frango do tamanho da palma da mão…
Aquela história terrível: a gente parece que vai enlouquecer.
E eu estudando, sentia muito mais fome, e muito mais ansiedade – aí não funcionava. Não estava dando certo.
Aí parti para outros nutris, outros… E enfim, foi uma batalha.
Até que eu falei: “Bom, eu vou começar a estudar sozinha” e busquei na internet, comecei a estudar e o primeiro livro que eu li foi “Dieta da Mente”, que abriu as minhas portas para o choque, aquele choque que a gente tem num primeiro momento, assim: “Caramba, estava tudo errado! Tá tudo errado.” e aí eu pesquisei mais ainda e caí no Blog do Doutor Souto.
Comecei a estudar e o direito foi ficando de lado e a nutrição foi cada vez mais entrando na minha vida.
Até que chegou um momento que eu não queria mais saber do Vade Mecum, de leis, eu não queria mais aquilo.
Eu queria a nutrição porque eu tinha me apaixonado, eu falei: “Eu encontrei o meu caminho”.
Aí eu estava até numa deprê danada porque eu pensei: “Pô, já estou com quase 30 anos, vou agora estudar Nutrição? Já fiz Direito, já estou há anos estudando para concurso, vou abandonar esse caminho que já foi percorrido uma boa parte?”.
Um dia eu saí para caminhar com o meu marido e ele disse: “Kelly, tu tá infeliz, né, no Direito?”, aí eu falei: “Tô.”, “Tu quer nutrição?”, “Quero.”, “Então vai fazer!”, “Olha, tu tá falando sério? Não me fala duas vezes que eu largo tudo e vou”, aí ele falou: “Não, eu tô falando sério. Vai te fazer feliz?”, eu falei: “Vai. Tá, mas o que que os outros vão dizer? Imagina: estava estudando para concurso, queria ser juíza e agora vai fazer Nutrição?”, “Dane-se o que os outros vão dizer. Vai seguir o teu sonho”. E eu fui.
Então ano que vem é o último ano de nutrição, e posso dizer para vocês que esse é o meu lugar, eu sei que eu estou aqui para isso, que eu me descobri.
Apesar de um pouco mais velha, mas e daí? Não tem nada demais nisso… e a faculdade de Direito por muitos anos me sustentou e o Direito também foi maravilhoso para mim, mas eu me descobri agora.
E a Nutrição é sensacional. Apesar de ainda muitos dogmas dentro da própria faculdade, que eu enfrento hoje, inclusive eu estava lendo aqui, antes da nossa conversa, não sei se vocês já viram esse manual aqui “Diretriz Brasileira de Doenças”, sobre a dislipidemia aterosclerose.
Porque a gente tem uma matéria que se chama Dietoterapia.
E essa matéria ensina a gente a fazer uma dieta para o paciente…
E eu não estou mentindo, vou mostrar:
- clara de ovos – preferir,
- soja,
- proteína da soja,
- vinagre, ketchup, mostarda, molhos sem gordura.
Olha onde é que está o coco: consumir em pouca quantidade. Fala em margarina light aqui.
Aí eu questiono sempre, imagina, tanto que eu não consigo ficar de boca calada e não vou ficar porque eu acho que a nossa parte a gente tem que fazer, né?
Vocês sabem, a gente tem vários estudos e a gente precisa mostrar isso para o pessoal, então o trabalho que a gente faz, mesmo sendo de formiguinha, a gente vai conseguir, quem sabe, mas tem que tentar…
Eu vi que o Doutor Souto foi em Viçosa, Minas Gerais, numa faculdade… nossa, seria fantástico se a gente conseguisse trazê-lo para cá.
Relacionado: entrevistamos as Nutris de Viçosa – clique aqui para ler ou ouvir.
Mas eu vejo que ali na Nutrição eu consigo aproveitar muitas matérias em relação à fisiologia, anatomia, patologia, são matérias que a gente consegue aproveitar muito.
E depois que eu mesma sozinha comecei, através dos sites, a estudar sozinha, eu consegui emagrecer oito quilos.
Meu marido é ectamorfo, tem dificuldade para ganhar massa magra, dificuldade para ganhar peso. Ele fica dois dias comendo mais ou menos e já perde dois, três quilos.
Ele conseguiu ganhar uma massa magra legal, fazendo academia e eu também consegui mudar muito estudando a forma do meu corpo.
Então assim, fora a qualidade de vida – porque isso é secundário: a qualidade de vida é o que interessa.
Antes eu vivia com dor de cabeça, nossa, vivia; dormia super mal…
Então nós começarmos a ver que as pequenas coisas fazem muita diferença, e isso é fantástico. É muito legal.
Guilherme: É verdade. É um caminho sem volta. Quando você descobre os bons estudos e o conhecimento de qualidade, é difícil você voltar para o convencional. É uma qualidade de vida muito superior.
Kelly: Verdade.
E as receitas, porque como todo o início, tudo que a gente começa, a gente tem muita dificuldade em fazer a transição.
Porque eu acho que como muitas pessoas, eu comecei, primeiro: “Ah, glúten não faz bem, então tira o glúten”. Aí consome tudo sem glúten, com muita de farinha de arroz, né? Está errado também. Aí a gente vai: “Bom, também está errado isso, então, o que eu vou comer agora?”.
E aí essas substituições hoje eu não preciso mais fazer porque eu já me acostumei. É meu estilo de comida já, já estou legal e consigo, de vez em quando comer uma sobremesa… e também não sinto falta, nem vontade de sair desse estilo de vida porque eu sei que a gente tem receitas maravilhosas, que ficam tão boas quanto, que é de comer rezando!
Eu fiz um cheesecake com a minha irmã esse final de semana, postei no Snapchat, o que era aquilo, gente? Era de… Meu Deus, era muito bom! Parecia um sorvete de creme! Gente, isso é muito bom, né?
Num primeiro momento até parece: “Não, não pode ser verdade…”. Parecia que tinha que sofrer para perder peso, né? Tem que sofrer e eu não estou sofrendo! Como isso é possível? Como eu posso comer um ovo inteiro, sem sofrer, com a gema molinha, deliciosa, né?
Então é fantástico e as receitas vieram por isso: para eu começar a me adaptar, a sair de casa e levar um lanchinho e estar sempre com alguma coisa diferente para comer, para não sentir falta e partir para uma doceria famosa aqui da cidade.
Mas hoje eu faço bastantes receitas, faço principalmente no Snapchat, tem um retorno muito legal, as meninas que me seguem, 99,999% é mulher, né? Acho que quando eu vejo lá só de vez em quando tem um homem, daí eu olho e eles nunca visualizam. Eu sei que receita é coisa de menina, a gente fica falando ali no Snap.
Então eu sei que tem muita coisa legal desse pessoal, a gente está numa direção muito bacana, nós podemos transferir isso para os nossos familiares, amigos, conhecidos e a gente consegue aplicar isso.
E eu acho que essas receitas dão para a pessoa um incentivo para ela começar ou para ela continuar e não desistir. E depois, perceber que é um estilo de vida e não uma dieta – porque assim fica mais fácil também, né?
Guilherme: Sim, é uma mudança para a vida.
E para quem está começando a dieta e tem dificuldades de seguir, qual seria o seu conselho? O que você diria para essa pessoa?
Kelly: Para quem está começando e tem dificuldade para seguir?
Guilherme: É, para se acostumar com as mudanças que esse estilo de vida envolve…
Kelly: Então, às vezes as pessoas até falam direto para mim lá no Snapchat, no Direct… eles fazem umas perguntas que eu fico até impressionada, que nem: “Você conta os carboidratos depois do brócolis cozinhar ou antes? Kelly, você faz jejum intermitente de 18 ou de 20 horas?”.
Qual é a minha dica?
Eu vejo que as pessoas começam o estilo de vida com muita neura e isso torna muito complicado elas continuarem porque elas querem contar carboidrato de vegetal, de brócolis, cenoura, cebola; então acaba que por um determinado tempo elas conseguem sustentar, mas depois disso não mais.
Porque elas querem buscar um resultado imediato.
Elas ganharam peso em anos e elas querem buscar esse resultado em um mês, ou em alguns dias, ou no verão, que está ali batendo na porta.
Não é assim. Nós temos que ter primeiro paciência e foco. É a primeira coisa e aprender, é o que eu sempre digo para elas, nós temos que aprender a gostar.
“Ai, Kelly, eu vejo que tu faz musculação, mas eu detesto. Eu não gosto.”. Bom, aí você sabe que o resultado pode vir mais rápido ou ele pode vir mais lento. Vai depender de você, da quantidade que você está disposto a seguir.
Então assim, a minha dica principal é ter paciência.
Eu acho que quando nós eliminamos o açúcar as pessoas sofrem muito no começo com essa falta do doce.
Então ter paciência, persistência, eu acho que foi o trunfo para mim e para a minha irmã.
Principalmente a minha irmã que também tem uma história muito bacana. Ela eliminou bastante peso, e o marido dela eliminou 28 quilos.
Então para eles o jejum era muito bom nesse sentido, para tirar essa falta do açúcar, essa abstinência, então para eles funcionava assim. Para mim, talvez não. Então para mim, o xilitol com abacate, pronto, já super acalma a minha vontade, principalmente na TPM, que eu fico doida por um doce.
Então é ter paciência e persistência. Eu acho que é isso e fé em Deus e pé na tábua que o resto vem, né? Nós só não podemos querer andar mais rápido do que nós conseguimos. Então nós temos que ter uma coisa de cada vez.
Quando a gente vê, está perdendo peso e está sem neura, tranquilo, comendo um brócolis, a cebola, a cenoura, a beterraba sem pirar o cabeção porque quando começa a pirar depois você entra até fisiologicamente num modo compensação e aí isso não é legal.
Roney: Perfeito, Kelly.
E você, como cozinheira, inclusive você faz workshops eventualmente, nós queríamos saber que alimento e que instrumento não podem faltar na sua cozinha?
Kelly: Gente, que pergunta difícil… porque é tanta coisa, né?
Eu comprei uma máquina de fazer sorvete agora. Eu fiz um com o coco…
Eu tenho uma máquina do George Foreman que nós colocamos o coco dentro e ela espreme, sabe?
Tipo prensa e sai só aquele puro do coco que nós não conseguimos extrair e com aquilo lá eu fiz um sorvete com cacau, com aquele creme, gente, meu Deus… ficou muito bom.
Mas o que não pode faltar na cozinha Low-Carb… um ingrediente ou um utensílio?
Guilherme: Os dois.
Kelly: Os dois? Ai, utensílio eu acho que um baita mixer, daqueles que têm todos os negócios que encaixam… um mixer daquele que tritura, bate a clara, que é mais barato e fácil para a gente conseguir adaptar a todas as receitas. Eu tenho e uso em tudo.
E, bom, eu ia dizer a farinha de amêndoas, mas a farinha de amêndoas hoje, né? Tem que entrar no cheque especial para comprar.
Então eu vou falar um ingrediente que seja mais barato. Nesse caso, eu acho que a gente tem as opções da farinha de linhaça, apesar de eu usar pouco porque eu acho que ela ainda tem um resíduo amargo.
>>> Relacionado: Conheça o incrível pão low-carb com farinha de linhaça
Mas a linhaça, o gergelim são farinhas muitos boas, e a de coco então.
Aquela branca de coco, eu adoro; aquela mais branquinha aqui em Joinville está R$ 1,80; 100 gramas, então é um preço com um bom custo x benefício para fazer receitas.
Já fiz pão e fica muito bom, já fiz bolo… Inclusive na segunda-feira na faculdade agora eu vou fazer um bolo de coco com o resíduo de coco e com essa farinha.
E como é o pessoal lá da clínica-escola, são pessoas que não têm muitas condições financeiras, então com um coco de sete reais, a gente vai fazer o leite de coco, o bolo de coco e uma panqueca de coco, e dá para muita gente comer.
Guilherme: Boas respostas.
E para quem está começando na cozinha, se interessou e gostou do seu Snapchat, do seu Instagram e está interessado em seguir esse estilo de vida, mas fala: “Ah, eu não sei nem fritar um ovo”, como essa pessoa pode começar a se interessar pelas receitas e se interessar pela atividade de cozinhar e usar isso para ajudar a mudar o estilo de vida (conforme nós defendemos)?
Kelly: Sabe, Guilherme, isso também é uma dúvida que eu recebo bastante.
Muita gente gosta da academia, mas não gosta da cozinha; o outro gosta da cozinha, mas não gosta da academia, e muita gente não gosta mesmo da cozinha. Principalmente homens.
Esse final de semana que eu falei que passou e eu fiz o almoço na casa da minha irmã, fomos eu e ela responsáveis. No próximo vai ser meu cunhado e meu marido e nós vamos gravar tudo no Snap também porque eu acho que vocês têm que ir para a cozinha mesmo.
Está certo e eu até mencionei esses dias: “Olha lá o Senhor Tanquinho, vão os dois para a cozinha…” e tem um monte, uma galera indo para a cozinha e é super legal. E eu falei: “Ó, mas tem que ter sobremesa e tudo.”, “Nós vamos procurar lá no site deles…”, aí eu falei: “Isso, procura que tem bastante de receita legal e vídeo legal lá.”
Então, por exemplo, pessoas mais velhas, como minha mãe, que costuma cozinhar muito, desde a época que eu era criança, o doce tradicional; tem muita dificuldade de cozinhar Low-Carb: “Ah, eu não sei fazer essas coisas que tu faz. É muito difícil fazer isso que tu faz.”, ou o pessoal do Snap: “Ah, eu não gosto de cozinhar porque eu não sei.”, aí no Snapchat eu começo a passar algumas dicas para aprender a cozinhar com esses ingredientes, que é um pouco diferente.
E também para se apaixonar pela cozinha, é só fazendo mesmo, não tem jeito.
Eu passo a receita do pãozinho no Snap, elas vêm várias vezes: “Kelly, eu não consegui fazer. Deu errado.” e me manda foto, aí eu falo: “Tu fez exatamente como eu fiz?”, “Sim.”. Fez? Então continua porque é persistência. A gente só vai acertar um dia, se for errando. Não tem outra saída.
Então eu explico para elas, por exemplo, a farinha de coco, ela é muito absorvente. Se você viu que a massa ficou muito grossa, porque às vezes a minha clara é um pouco maior do que a tua; então coloca um pouco mais de água, se você colocar farinha de coco, então tem que colocar um pouco mais de líquido e assim a gente vai… a farinha de amêndoa não, a farinha de amêndoa é um pouco menos de líquido.
O pão não pode bater tanto porque a gente não pode incorporar tanto ar na massa senão ele não cresce tanto.
Então são algumas dicas que se as pessoas pegam, elas vão acertando e é a partir desse momento que elas dizem: “Ah, não é que isso é gostoso mesmo? Não é que é bom mesmo?” e aí fica mais fácil, né?
Mas tem que aprender a gostar e não desanimar porque vai dar errado. Eu, sem brincar, eu acho que eu gastei muito jogando ingrediente fora no começo porque na época que eu comecei a cozinhar eu não encontrava as receitas fácil assim.
Hoje tem o Instagram, tem blogs, mas antes não tinha fácil.
Hoje tu coloca lá Pão Low-Carb e tem um monte de receitas e aí tem os macetezinhos que eu vou explicando no Snap para o pessoal ir aprendendo.
Roney: Legal, Kelly.
Desde que você entrou nesse mundo Low-Carb de receitas e tudo mais, seja na faculdade, no Snapchat, no Instagram ou mesmo nas suas aulas ao vivo, qual você acha que é a sua maior dificuldade e qual é sua a maior alegria?
Kelly: Nesse caminho, hoje, a maior dificuldade… eu vou dizer que minha maior dificuldade é a minha maior alegria. É estranho, né? Mas é! Por que?
Porque a minha maior dificuldade é levantar a mão na sala de aula e dizer: “Professora, mas e esse estudo aqui randomizado que foi feito sobre gordura saturada, que não é bem assim, que não é o colesterol o culpado…?”.
Ver ela desenhar no quadro uma artéria, ir lá e fechar a artéria com colesterol, dizer que o colesterol é o culpado e a gente tem que comer menos gordura, principalmente manteiga, óleo de coco, manteiga de coco, isso é a minha maior frustração hoje, mas eu já sabia que ia ser assim. Já estava preparada para isso.
E saber que eu sou a minoria, na verdade, somos em três na sala que pensamos assim, de uma turma de 40, também é um desafio porque a maioria acha a gente louco, né?
“É louca essa aí… Imagina comer torresmo no intervalo.” porque eu levo torresmo, eu levo aquele à pururuca, frito, sabe?
Não é frito, é assado, tem um tiozinho aqui que vende do porquinho dele… então o pessoal me acha meio doida, né?
E eu fazia Snap do lanche deles, eu puxava uns assim e postava bolo, chocolate, coxinha e até que eu fui podada de fazer Snap na sala de aula do lanche dos colegas. Hoje eu não faço mais. Brigaram comigo! Risos.
Mas enfim, esse é o meu maior desafio e também a minha maior alegria de saber que nós estamos no caminho certo.
Eu não sou a única porque se vocês estão aqui comigo hoje, se eu encontrei vocês é porque tem gente que pensa igual a mim.
Se eu ouço podcast na terça é porque eu sei que tem gente que pensa igual e que eu não estou sozinha e que nós temos muitos estudos de verdade, que nós não estamos apenas embasados nesses grupos observacionais…
Guilherme: Não é fantasia. É estudo e de qualidade. É um grau de evidência bem superior do que você olhar depois e não conseguir separar causa e efeito.
É bem legal essa sua história, Kelly.
Kelly: Justamente. É aprender… a primeira coisa é aprender a analisar, em estudo clínico, estudo epidemiológico, estudo observacional; é ler e aprender o que tu está lendo como é que foi feito, né?
Porque uma coisa é eu falar, por exemplo essas diretrizes aqui, eles citam todos os estudos: “Ah, conforme estudo x”, aí você vai lá ver, é observacional e o nível de evidência é mínimo.
Então nós estamos falando de um nível de evidência de meta-análise contra um estudo observacional.
Só que nós também estamos lidando contra a política, né? Temos que ver isso também, que tem todo esse fator.
Guilherme: É bem complexo mesmo… tem toda uma indústria que vende lanches e se você fala para as pessoas que elas não precisam de lanches, o que essa indústria vai fazer? Vai aceitar perder todo mundo? Não é bem assim.
Kelly: Justamente.
Eu tenho esperança. Eu acho que a classe tende a crescer muito nesse sentido e eu estou muito feliz.
Deixa até eu aproveitar e contar para vocês, que o meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) vai ser sobre o mito da gordura saturada.
Eu tinha decidido fazer sobre isso, mas eu não tinha encontrado a pessoa certa para me orientar e aí eu pensei, lembrei da minha professora de Fisiologia; falei: “Eu acho que ela vai aceitar porque ela não é nutri. Eu acho que ela vai topar.”.
Aí eu fui lá conversar com ela e ela disse: “Tem certeza, Kelly, que tu quer fazer esse tema aí? Tu sabe que é polêmico.”, eu: “Tenho certeza absoluta, professora. Aliás, eu já tenho todo o material pronto.”, aí ela disse: “Então vamos lá. Apoiado. Vai ser uma chance para mim porque eu quero muito estudar esse tema, então você vai ser o meio para que eu possa também estudar isso.”
Eu fiquei muito contente! Então vocês imaginam: ano que vem uma banca sobre o mito da gordura saturada, falando bem da gordura saturada.
Essa sim é a minha maior alegria. São dois pesos e duas medidas para a mesma situação que eu vejo e, para mim, essa é a parte mais legal: é quebrar esses paradigmas e estar a frente já.
Roney: Com certeza, Kelly. Que legal.
É um desafio e quando nós vamos vencendo, mostrando os estudos, com embasamento, é uma felicidade.
Principalmente ver crescendo esse pessoal, cada vez mais gente se interessando pelo assunto e a gente podendo levar esse conhecimento, ser um meio, justamente, para as pessoas aprenderem… é realmente uma grande felicidade.
Kelly: Verdade.
Guilherme: Bom, nós estamos chegando ao final do podcast. Como nós falamos, era uma entrevista rápida para apresentar você, tanto como uma possibilidade de as pessoas aprenderem as receitas, como também mais um exemplo de profissional que é atualizada, que pesquisa…
E nós queríamos abrir agora para você deixar alguma mensagem para os leitores ou responder, como se fosse uma resposta a alguma pergunta que nós não fizemos.
Kelly: Tá.
Guilherme: Como se fosse alguma pergunta que você gostaria de ter respondido hoje, que a gente não fez. Qual seria essa pergunta e qual a sua resposta?
Kelly: Bom, uma mensagem para todos os leitores: para nós termos saúde e para nós termos qualidade de vida, nós precisamos realmente estudar.
Hoje, na situação que nos encontramos; precisamos ir atrás um pouco.
Claro, nós conseguimos muitas informações nas redes sociais, também tem muito site, muito Instagram com conteúdo muito bom, com conteúdo de qualidade. Pessoas afim mesmo de ajudar, de passar uma informação concreta, assim como vocês, o Souto, a Paty Ayres, as nutris, todas as meninas aí a Lara [Nesteruk], a Djulye, a Nanda Muller…
Muitas pessoas que nós conseguimos extrair muito delas. Muito de conhecimento.
E eu acho que esse é o caminho. Nós irmos, nós conseguimos sozinhos e se tiver dificuldade, está sentindo que não está dando resultado porque não somos iguais.
Nossa fisiologia é diferente e muita gente se frustra, às vezes, porque está fazendo errado ou está ingerindo gordura demais ou está fazendo alguma coisa que não está funcionando como estratégia… não existe mágica, não existe regra. Nossa fisiologia não é 1 + 1, então procurar um profissional que seja atualizado para ajudar.
Mas hoje, com certeza, um nutricionista, se todos nós tivéssemos essa consciência, não teria emprego no futuro porque nós podemos sim, sozinhos, conseguirmos uma boa parte de melhoria de vida. Chega num dado momento que nós somos freados pela fisiologia individual de cada um, ou não.
Então aí depende de cada um, se você está fazendo Low-Carb, se você está sentindo diferença, não se preocupe muito com o peso. Siga. Vá devagar. Um dia após o outro. Olhe o seu espelho, suas roupas… o peso é o de menos, eu acho. É a minha opinião porque hoje eu peso 53 quilos.
Na minha foto do Instagram, eu tenho uma de antes e depois, uma de 2014 e de 2017. A de 2014 foi de quando eu já tinha emagrecido aqueles oito quilos que eu tinha engordado. Então eu emagreci aqueles oito quilos e eu estava com 48 e hoje eu estou com 53. Só que hoje a minha composição corporal é muito legal e eu ganhei massa magra em Low-Carb.
Então eu posso dizer: sim, é possível. Porque as pessoas acham que Low-Carb é zerar carboidrato. E não é. Presta atenção: não é.
Então, às vezes eu falo: “Não, para com isso! Come a batata doce, come a mandioca. Para de neura!”. Se você treina, faz por merecer, às vezes eu posto lá no Instagram, meu pós-treino: mandioca, carnes, pratão de salada…
“Ah, mas tu come mandioca?!”. Sim, eu como. Eu acabei de treinar! Eu estou merecendo essa mandioca agora.
Então é isso que as pessoas têm que tentar entender um pouco para não ultrapassar essa linha. Porque eu sempre digo: às vezes você emagreceu tanto e ficou tão feliz, que hoje o carboidrato é o diabo, né? Então nós temos que pensar: não, ele não é. É uma estratégia. Então nós temos que ter consciência disso e que às vezes o que é bom para mim, pode não ser bom para você e o que eu faço, talvez você não tenha resultado.
Mas uma coisa é fato: [low-carb] é o que funciona para a maioria das pessoas, não resta dúvida… tanto quanto a saúde, quanto à estética.
Roney: Que legal, Kelly.
Guilherme: Acho que foi um ótimo resumo.
Kelly: Ah, que bom! Que bom! Foi muito bom conversar com vocês!
Guilherme: Então fala para o pessoal que está escutando a gente, onde que eles podem acompanhar você, seu trabalho e saber mais sobre você, cursos, se consultar com você num futuro próximo… fala onde eles podem te encontrar.
Kelly: Então, meu Instagram, que até o Roney já falou: é @kelly_oenning e o meu Snap também é esse mesmo usuário ( @kellylchf ).
Eu tenho só o Snap e o Instagram que eu divulgo mais um pouco do meu trabalho, as receitas, alguns estudos… meu dia-a-dia bastante é no Snapchat.
Como agora está bem corrida, esta semana eu nem consegui fazer muito Snap porque eu estou lidando com a monografia, estágio, então está bem corrido, mas sempre que dá eu estou filmando.
Roney: E os seus workshops você sempre posta no Instagram a data em que você vai fazer…
Kelly: Isso! Sempre posto no Instagram.
Estou agora trabalhando num módulo de salgados, que vai ser o próximo, provavelmente. Aí vai ter panqueca, vai ter uma massa de pizza diferente…
Roney: Legal, Kelly! A gente vai ficar até com água na boca dessas receitas que você posta lá.
Kelly: Quando vocês vierem para o sul têm que passar aqui, hein?
Guilherme: Pode deixar, com certeza!
Kelly, muito obrigado pelo seu tempo. Obrigado por ajudar também a difundir essa filosofia, esse modo de pensar que é tão importante hoje em dia e também de ousar ser essa voz que levanta a mão na sala porque é assim que a gente muda mesmo.
Kelly: Ah, obrigada! Eu que agradeço vocês pelo carinho, por termos desde o início dado as mãos e nos unir – porque eu acho que nesse mundo nós temos que dar as mãos.
Se nós pensamos iguais, pensamento atrai, então eu acho que nós temos que nos unir e só assim nós vamos conseguir ser mais fortes e irmos contra os paradigmas constituídos desde a década de 40, com Ancel Keys e outros.
Guilherme: Depois nós podemos voltar para uma segunda rodada com mais perguntas dos leitores.
Por enquanto nós ficamos por aqui, obrigado a todo mundo que ouviu.
Um forte abraço
Guilherme e Roney: Do Senhor Tanquinho.
Kelly: Obrigada!
Guilherme: Você acabou de ouvir mais um episódio do podcast do Senhor Tanquinho.
Roney: Não deixe de se inscrever para não perder nenhum episódio com os maiores especialistas para a sua saúde.