Tradução, adaptação e finalização por Guilherme Torres e Roney Fernandes. O texto original é da nutricionista americana Franziska Spritzler e está aqui.
Quando falamos de dieta low-carb, existe um tema bastante controverso a respeito da contagem de carboidratos.
E ele pode ser resumido na seguinte pergunta: devemos contar a quantidade de carboidratos líquidos dos alimentos ou apenas os carboidratos totais?
Sendo que a polêmica já começa com a própria definição de “carboidratos líquidos”.
Porque este termo não é oficialmente reconhecido, nem é unanimidade entre especialistas em nutrição.
Além disso, devido a informações conflitantes e ultrapassadas, descobrir a maneira certa de calcular carboidratos líquidos pode ser confuso.
Na verdade, informações sobre carboidratos líquidos nas embalagens de alimentos podem não refletir o número de carboidratos que seu corpo realmente absorve.
Felizmente, saber como o seu organismo processa diferentes tipos de carboidratos pode ajudá-lo a atingir seus objetivos em uma dieta low-carb, como por exemplo:
- ter mais tranquilidade e paz mental ao fazer escolhas alimentares,
- controlar a glicemia sanguínea, e
- atingir suas metas de emagrecimento sem passar fome.
Por isso, leia este texto até o final.
Porque, em cerca de apenas 5 minutos de leitura, nós vamos:
- explicar direitinho para você o que são carboidratos líquidos,
- fornecer dicas sobre como contar os carboidratos de fibras alimentares e álcoois de açúcar como o xilitol,
- analisar os prós e contras de contar carboidratos totais versus carboidratos líquidos.
E vamos começar discutindo o que são carboidratos líquidos.
Conteúdo do post:
O Que São Carboidratos Líquidos (Ou “Carboidratos Digeríveis”)?
De maneira resumida, carboidratos líquidos são aqueles que efetivamente são absorvidos pelo seu organismo.
(Eles também são chamados por alguns autores de “carboidratos digeríveis” ou “carboidratos de impacto”.)
E é importante notar que esse termo “carboidratos líquidos” abrange tanto os carboidratos simples (fontes de monossacarídeos e dissacarídeos, como frutas, legumes, leite, açúcar, mel e xarope) quanto os complexos (fontes de amido, como as batatas).
Em ambos os casos, o que acontece com seu corpo quando você come carboidratos é o seguinte.
O seu corpo “quebra” os carboidratos em unidades individuais de açúcar (que é o que seu organismo consegue utilizar como fonte de energia), utilizando enzimas produzidas pelo seu intestino.
No entanto, alguns carboidratos não podem ser divididos em açúcares individuais.
E outros são apenas parcialmente quebrados e absorvidos — dentre os quais se incluem os álcoois de açúcar como o xilitol e as fibras.
Sendo assim, carboidratos líquidos são aqueles que conseguem ser digeridos pelo seu corpo, e geralmente não incluem álcoois de açúcar ou fibras.
Devido a isso, a maioria dos álcoois de açúcar e das fibras podem ser subtraídos dos totais de carboidratos no cálculo dos carboidratos líquidos.
Ou, de maneira simplificada:
Carboidratos líquidos = carboidratos totais — álcoois de açúcar — fibras.
Resumindo: Quando você come carboidratos, seu corpo os “quebra” em unidades menores que serão absorvidas. Alguns carboidratos como as fibras e os álcoois de açúcar não conseguem ser inteiramente quebrados, e por isso são processados de maneira diferente dos carboidratos digeríveis.
Como Seu Corpo Lida Com Carboidratos Provenientes Das Fibras
A fibra é uma forma única de carboidrato em termos de digestão e efeitos no seu corpo porque, ao contrário do amido e do açúcar, fibras naturais não são absorvidas em seu intestino.
Isso ocorre porque as ligações entre as unidades de açúcar não conseguem ser quebradas pelas enzimas no trato digestivo.
Portanto, as fibras passam diretamente para o cólon, onde podem acontecer duas coisas diversas (dependendo do tipo de fibra).
Pois existem duas grandes categorias de fibras: solúveis e insolúveis.
Cerca de dois terços da fibra que a maioria das pessoas come é insolúvel, enquanto o outro terço é solúvel.
Fibras insolúveis não se dissolvem na água: elas geram fezes mais volumosas e podem ajudar a prevenir a prisão de ventre.
Este tipo de fibra sai do cólon inalterada, fornece zero calorias e não tem efeito sobre os níveis de insulina ou açúcar no sangue.
Por outro lado, a fibra solúvel se dissolve na água e forma um gel que retarda o movimento do alimento através do seu organismo, podendo ajudar você a se sentir saciado.
(Além de também ter seu papel no combate ao intestino preso.)
Depois de chegar em seu cólon, as fibras solúveis são fermentadas em ácidos graxos de cadeia curta por bactérias.
Estes ácidos graxos ajudam a manter seu intestino saudável e podem também trazer inúmeros outros benefícios para a saúde.
Estudos mostraram que a fermentação de 1 grama de fibra solúvel (em ácidos graxos de cadeia curta) fornece cerca de 1 a 2 calorias, dependendo do tipo de fibra.
Dado que cerca de um terço da fibra na maioria dos alimentos é solúvel, uma porção de alimentos contendo 6 gramas de fibra contribuiria com até 4 calorias sob a forma de ácido graxo.
No entanto, apesar de a fibra solúvel fornecer poucas calorias, ela não parece elevar os níveis de glicose no sangue.
Na verdade, pesquisas recentes sugerem que os seus efeitos no intestino podem inclusive ajudar a reduzir os níveis de açúcar no sangue.
Muitos estudos têm mostrado que a fibra solúvel pode levar a um melhor controle da glicemia sanguínea, uma maior sensibilidade à insulina e uma menor absorção de calorias (com uma maior parte delas acaba descartada intacta nas fezes).
Por outro lado, uma fibra processada chamada isomaltooligosacarídeo (IMO) parece ser parcialmente absorvida no intestino delgado, assim como os carboidratos não-fibrosos, o que pode elevar o açúcar no sangue.
Recentemente, vários fabricantes de alimentos substituíram o IMO com outras formas de fibra em seus produtos.
No entanto, o IMO ainda pode ser encontrado em muitos alimentos que se denominam “low-carb”.
Resumindo: Fibras naturais não são absorvidas no intestino delgado. Enquanto a fibra insolúvel passa intacta pelo seu organismo, a fibra solúvel é fermentada no intestino, e contribui com poucas calorias e com efeitos benéficos ou neutros em termos de açúcar no sangue.
Como Seu Corpo Lida Com Carboidratos De Álcoois De Açúcar
O processamento dos álcoois de açúcar no seu organismo acontece da seguinte forma.
Muitos álcoois de açúcar são apenas parcialmente absorvidos no intestino delgado, e há muita variação entre os diferentes tipos.
Pesquisadores relatam que o intestino pode absorver de 2 a 90% dos álcoois de açúcar que chegam até ele.
No entanto, alguns são apenas rapidamente absorvidos pela corrente sanguínea e então excretados na urina.
Além disso, estes álcoois de açúcar podem ter diferentes efeitos na quantidade de açúcar no sangue e nos níveis de insulina, embora todos esses efeitos sejam consideravelmente mais baixos se comparados ao do açúcar de mesa (sacarose), ou mesmo ao da glicose.
Aqui está uma lista dos índices glicêmicos e de insulina para os álcoois de açúcar mais comuns. Para fins de comparação, o índice glicêmico e de insulina da glicose pura são ambos 100.
- Eritritol: Índice glicêmico 0, índice de insulina 2
- Isomalte: Índice glicêmico 9, índice de insulina 6
- Maltitol: Índice glicêmico 35, índice de insulina 27
- Sorbitol: Índice glicêmico 9, índice de insulina 11
- Xilitol: Índice glicêmico 13, índice de insulina 11
Porém, nem todos os álcoois de açúcar são iguais para o seu corpo.
Sendo que o maltitol é o álcool de açúcar mais comumente utilizado em alimentos processados, incluindo barras de proteína de baixo carboidrato e doces sem açúcar.
Ele é parcialmente absorvido no intestino delgado, e o restante é fermentado por bactérias no cólon.
Também foi descoberto que ele fornece cerca de 3 kcal por grama, ou seja, 1 kcal a menos quando comparado com as 4 kcal por grama do açúcar.
No entanto, como o poder adoçante do maltitol é inferior ao do açúcar, você precisaria usar uma quantidade superior de maltitol para substituir o açúcar de mesa (sacarose) — o que faz do maltitol uma péssima escolha.
(Porque você estaria ingerindo a mesma quantidade de calorias, além de existirem evidências de que o maltitol eleve os níveis de açúcar no sangue em pessoas com diabetes e pré-diabetes.)
Por isso, se quiser uma escolha superior, você pode optar pelo xilitol (que já abordamos em detalhes em nosso texto completo).
Ou mesmo pelo eritritol — que, em termos de carboidratos líquidos, parece ser a melhor escolha de todos.
Afinal, cerca de 90% do total ingerido de eritritol é absorvido no intestino delgado e então excretado na urina.
Os restantes 10% são fermentados em ácidos graxos de cadeia curta no cólon (igual acontece com as fibras).
Isso os torna essencialmente livres de carboidratos e livres de calorias.
Porém, tanto o eritritol quanto o xilitol podem provocar alguns problemas digestivos (como gases ou intestino solto) em certas pessoas mais sensíveis.
Estudos têm mostrado que outros álcoois de açúcar são também parcialmente absorvidos e podem elevar um pouco o açúcar no sangue, embora em menor grau do que o maltitol.
No entanto, assim como o eritritol e o xilitol, eles também podem causar inchaço significativo, gases e fezes pouco compactas em algumas pessoas.
Porém mais pesquisas precisam ser feitas: os estudos controlados com álcoois de açúcar envolveram menos de 10 pessoas, e os níveis de açúcar no sangue não foram testados em todos os estudos.
Em geral, álcoois de açúcar não parecem ter um efeito importante sobre os níveis de insulina e açúcar no sangue, mas as respostas individuais podem variar, especialmente entre aqueles com diabetes ou pré-diabetes.
Resumindo: A absorção e a fermentação de álcoois de açúcar variam amplamente. Com exceção do eritritol, a maioria deles pode elevar o açúcar no sangue e a insulina pelo menos um pouco. Pode ser difícil comprar eritritol no Brasil — o xilitol também é uma boa opção.
Agora que já explicamos o básico de como o seu corpo lida com fibras e álcoois de açúcar, vamos ver como calcular a quantidade de carboidratos líquidos nos principais grupos de alimentos.
E vamos dividir os alimentos entre aqueles que são comida de verdade e aqueles que passam por algum tipo de processamento.
Começando, então, com os alimentos de verdade.
Relacionado: Conheça nosso cardápio para 147 dias baseados em comida de verdade + receitas low-carb para emagrecer com saúde.
Calculando Carboidratos Líquidos Em Alimentos De Verdade
Alimentos de verdade geralmente possuem muitas fibras naturais e nenhum álcool de açúcar.
Aqui, estamos chamando de alimento de verdade ou comida de verdade aqueles alimentos minimamente processados como carnes, ovos, verduras, frutas e legumes.
Nesse caso, você pode simplesmente subtrair a fibra dos carboidratos totais para obter os carboidratos líquidos por porção.
Como a maioria desses alimentos não apresenta etiqueta e nem código de barras (principalmente se você comprá-los na feira e no açougue do seu bairro), você deve encontrar suas informações nutricionais de outras maneiras.
Vamos ver abaixo 3 maneiras simples de encontrar essas informações.
Maneira #1 – Usando uma tabela nutricional (como a tabela TACO)
Existem diversas tabelas nutricionais internet afora.
Mas uma das mais confiáveis em português, na nossa opinião, é a tabela TACO (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos).
Essa tabela, elaborada por pesquisadores da Unicamp, estuda a composição de diversos alimentos.
No caso dessa tabela, não encontramos disponível a informação dos carboidratos líquidos.
Por outro lado, ela disponibiliza a informação dos carboidratos totais e também da quantidade de fibras.
Nesse caso, você mesmo pode fazer uma subtração simples.
Por exemplo, 100 gramas abacate apresentam 6,3 gramas de carboidratos totais, dos quais 6 gramas são fibras.
Então, 6,3 gramas de carboidratos totais menos 6 gramas de fibras nos dá 0,3 gramas de carboidratos líquidos a cada 100 gramas de abacate.
Lembrando que a fórmula é a seguinte:
(carboidratos líquidos) = (carboidratos totais) – (fibras)
Maneira #2 – Aplicativo FatScret
No caso do aplicativo FatSecret, ele mesmo pode mostrar a quantidade de carboidratos líquidos de cada alimento — desde que você ajuste suas configurações.
Nós mostramos como configurá-lo corretamente para mostrar os carboidratos líquidos neste rápido vídeo.
Maneira #3 – Tabela do Senhor Tanquinho
Se você não quer fazer as contas da tabela TACO, nós temos um presente para você.
Porque criamos uma tabela com a quantidade de carboidratos das principais comidas e bebidas e a disponibilizamos em nosso post completo sobre o assunto.
Nesse caso, as contas já estão feitas para você.
E você pode baixá-la para consultar offline quando quiser.
Resumindo: Alimentos de verdade contêm fibras, as quais podem ser subtraídas do total de carboidratos para calcularmos os carboidratos líquidos. Existem 3 maneiras simples de descobrir a quantidade de carboidratos líquidos presentes na comida de verdade.
Calculando Carboidratos Líquidos Em Alimentos Processados
Para calcular os carboidratos líquidos de um produto embalado, quanto mais informações você tiver, melhor.
Calculando Carboidratos Líquidos A Partir Da Fibra
A maioria das fibras podem ser completamente subtraídas dos carboidratos totais listados na informação nutricional.
Inclusive, em alguns países, essas tabelas nutricionais apresentam uma linha chamada “carboidratos totais” que já tem a fibra subtraída e listada separadamente.
No entanto, se a fibra isomaltooligosacarídeo (IMO) está na lista de ingredientes, subtraia apenas metade das fibras.
Calculando Carboidratos Líquidos A Partir De Álcoois De Açúcar
De um modo geral, a metade dos carboidratos de álcoois de açúcar pode ser subtraída dos carboidratos totais listados na informação nutricional.
(Especialmente, no caso do xilitol, essa conta funciona particularmente bem.)
O eritritol é uma exceção a esta regrinha prática.
Se ele for o único álcool de açúcar na lista de ingredientes, seus carboidratos podem ser completamente subtraídos dos carboidratos totais.
Esse valor pode ser diferente do número de carboidratos líquidos indicados no rótulo do produto, uma vez que muitas empresas subtraem toda a fibra e os carboidratos de álcool de açúcar no cálculo dos carboidratos líquidos.
Por isso, vale a pena não confiar cegamente nos rótulos alimentícios.
Como também é o caso dos carboidratos fermentados.
Cuidado com os carboidratos fermentados
Muitas vezes os rótulos dos alimentos podem nos enganar no sentido contrário: o de nos fazer acreditar que existem mais carboidratos líquidos num determinado alimento.
Um exemplo clássico é o caso do iogurte.
Se você olhar nas tabelas nutricionais do iogurte verdadeiro (aquele que é realmente integral e feito com poucos ingredientes), você vai observar que existe uma quantidade não-desprezível de carboidratos nele.
Mas na verdade essa é a quantidade de carboidrato contida nos ingredientes dele — e um dos ingredientes é leite.
(Como você pode ver na nossa tabela sobre a quantidade de carboidratos dos principais alimentos, 100g de leite têm cerca de 5g de carboidrato.)
No entanto, quando o leite é fermentado para virar iogurte, uma parte significativa de sua lactose vai ser convertida em ácido lático.
Sendo que o ácido lático é o que dá aquele gosto azedo ao iogurte, e não é um carboidrato.
Desse modo, o iogurte não terá tantos carboidratos quanto sua tabela nutricional indica: pois o carboidrato estava apenas presente em um de seus ingredientes (no caso, o leite).
Resumindo: Uma parte dos álcoois de açúcar e das fibras podem ser subtraídas dos carboidratos totais no cálculo dos carboidratos líquidos.
Mas lembre-se que os rótulos não são 100% confiáveis. (Mais um motivo para comer comida de verdade.)
Prós E Contras De Contar Carboidratos Líquidos
Há alguns prós e contras em se contar a quantidade de carboidratos líquidos — em relação a se contar apenas os carboidratos totais de uma porção de um dado alimento.
Vantagem #1 de contar os carboidratos líquidos: pode ser menos restritivo
Contar carboidratos líquidos pode aumentar as opções de alimentos.
Por exemplo, apesar de amoras, abacates e sementes serem principalmente fibras, eles poderiam ser excluídos de uma dieta very low-carb como a dieta cetogênica se você fosse restringir sua ingestão a 20 gramas de carboidratos totais diariamente.
Ou seja, se você não descontar as fibras de total de carboidratos, muitos alimentos vão parecer muito mais “altos em carboidratos” do que realmente são.
E nesse caso eles poderiam acabar sendo “injustamente” excluídos de seu dia a dia.
Sendo assim, contar carboidratos líquidos permite que você ingira vegetais de baixo amido e alto valor nutricional — e com isso faça escolhas melhores.
Aliás, as fibras são outro bom motivo para contar carboidratos líquidos.
Vantagem #2 de contar os carboidratos líquidos: pode promover maior ingestão de fibras
Alimentos ricos em fibras promovem a saciedade, diminuem o açúcar no sangue e reduzem a absorção de calorias.
Sendo que limitá-las (o que poderia acontecer caso elas não fossem descontadas dos carbs totais) pode produzir efeitos indesejados em alguns casos.
E contar os carboidratos líquidos fornece uma espécie de “passe livre” para a ingestão de fibras alimentares na sua dieta, o que te permite colher esses exatos benefícios.
Vantagem #3 de contar os carboidratos líquidos: pode reduzir o risco de hipoglicemia em pessoas que usam insulina
Tomar insulina considerando a ingestão de carboidratos totais, sem ajustar devidamente para o caso de alimentos ricos em fibras ou que contenham eritritol, pode potencialmente resultar em hipoglicemia (baixo açúcar no sangue).
Isto é: se a sua medicação for pensada para uma certa quantidade de carboidratos, mas você ingerir apenas carboidratos que praticamente não elevam a glicemia sanguínea (como alimentos ricos em fibras ou álcoois de açúcar), alguns efeitos colaterais altamente indesejados podem acontecer.
E justamente por isso é extremamente importante que você consulte sempre seu médico antes de fazer intervenções em sua alimentação — especialmente se você usa insulina ou alguma outra medicação.
Desvantagem #1 de contar os carboidratos líquidos: pode não ser 100% preciso
Neste momento, não é possível calcular carboidratos líquidos com completa precisão.
Seja devido aos efeitos variados de processamento das fibras no organismo, à combinação de álcoois de açúcar usada em produtos, ou às diferentes respostas individuais, o fato é que este método não é 100% consolidado.
Por isso, contar os carboidratos líquidos pode exigir alguma experimentação para descobrir o que funciona melhor para você.
Desvantagem #2 de contar os carboidratos líquidos: pode não funcionar tão bem para pessoas com diabetes tipo 1
Enquanto subtrair as fibras pode ajudar a evitar baixas no açúcar no sangue em algumas pessoas com diabetes tipo 1, outras relatam que contar os carboidratos totais torna mais fácil o gerenciamento do açúcar no sangue.
Por isso, converse sempre com seu médico de confiança.
Desvantagem #3 de contar os carboidratos líquidos: pode levar a alta ingestão de doces sem açúcar
Abusar de barrinhas e outras comidas prontas que são comercializadas como “baixas em carboidratos líquidos” pode retardar a perda de peso, aumentar o açúcar no sangue e desencadear outros problemas de saúde — afinal estão longe de ser “comida de verdade”.
Isso pode reforçar maus hábitos, como basear sua alimentação em sobremesas low-carb (que devem ser apenas um regalo ocasional para o seu paladar), uma vez que elas utilizam adoçantes como os açúcares de álcool.
E o perigo neste caso é deixar de basear sua alimentação em alimentos reais e altamente nutritivos.
De toda forma, em última análise, a decisão sobre se você deve contar carboidratos totais ou líquidos deve se basear no que funciona melhor para você.
Resumindo: Contar carboidratos digeríveis ou líquidos pode ser útil para algumas pessoas, enquanto outros podem preferir contar carboidratos totais. A escolha é toda sua.
Conclusão E Palavras Finais
No texto de hoje, vimos os principais prós e contras de se contar carboidratos líquidos ou carboidratos totais.
Sendo que compreender como seu corpo processa os diferentes tipos de carboidratos pode ajudar você a gerenciar seu açúcar no sangue, peso e saúde em geral.
E testar o cálculo de carboidratos líquidos é uma maneira de fazer isso.
Lembrando que o termo “carboidratos líquidos” refere-se simplesmente a carboidratos que são absorvidos pelo organismo.
Para calcular os carboidratos líquidos em alimentos integrais, subtraia a fibra do número total de carboidratos.
Para calcular os carboidratos líquidos em alimentos processados, subtraia a fibra e uma parte dos álcoois de açúcar.
No entanto, lembre-se que os carboidratos “líquidos” listados nos rótulos dos alimentos podem ser enganosos, e as respostas individuais também podem variar.
Se você achar que contar carboidratos líquidos leva a níveis de açúcar no sangue maior do que o esperado ou outros problemas, você pode preferir contar carboidratos totais.
A chave é ingerir o número de carboidratos que permite que você alcance seus objetivos de saúde, não importando como você os calcula.
Afinal de contas, o mais importante é encontrar um modelo alimentar que funcione para você — e, para muitas pessoas, esse modelo é uma dieta low-carb (seja controlando carboidratos líquidos ou totais).
Relacionado: Conheça nosso cardápio para 147 dias baseados em comida de verdade + receitas low-carb para emagrecer com saúde.
Referências
Para deixar a leitura mais fluida, separamos algumas das referências citadas no texto original e as agrupamos aqui:
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12947435
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16277764
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1783248
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18287346
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18358253
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19087388
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19335713
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22254008
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22458938
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2379777
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24412651
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24969963
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25297613
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27280817
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- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7859694
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8933647
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9094877
- http://jn.nutrition.org/content/129/7/1436S.full
- http://nutritiondata.self.com/facts/fruits-and-fruit-juices/1843/2
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11396693
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9109608
- https://fdc.nal.usda.gov/
- https://en.wikipedia.org/wiki/Isomaltooligosaccharide
tenho uma duvida. na tabela de info nutriccional de um alimento tem info de carboidratos liquidos e info de carboidratos
devo somar os dois para saber a quantidade total de carboidratos
Oi Flavio.
sim… mas nesse caso, só deveria se levar em consideração os carboidratos líquidos.
Forte abraço,
do Senhor tanquinho