A melhor dieta é aquela que não tem prazo de validade.”
No episódio de hoje, vamos conversar com a Nutricionista Nanda Muller.
Se esse nome não é familiar para você, talvez o de algumas de suas pacientes seja.
Pois dentre elas se incluem atrizes globais como Deborah Secco e Juliana Paes.
E inclusive a Nanda também apareceu na TV, até mesmo no programa Encontro com a Fátima Bernardes falando sobre jejum intermitente.
(Veja o vídeo neste link.)
Mas, como você vai ver na entrevista, a Nanda tem muito mais a dizer do que os poucos minutos em rede nacional permitiram.
Porque, neste bate-papo, falamos sobre:
- como a Nanda mudou da alimentação tradicional para a low-carb,
- a frustração do efeito sanfona (e como se livrar dele),
- as dúvidas mais comuns entre os iniciantes,
- como sair do modo “fazer dieta” e adotar um estilo de vida,
- o ciclo de frustrações da dieta tradicional,
- o que a Nanda não falou na Globo,
E muito mais!
O bate-papo foi excelente, e você pode acompanhar mais do trabalho da Nanda nos seguintes endereços:
- Site da Nanda: www.nandamuller.com.br
- Instagram: @nutrinandamuller
- Facebook: facebook.com/nutrinandamuller
Ouça o podcast completo clicando no player abaixo:
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Transcrição Do Episódio
Guilherme – Senhor Tanquinho: Bem-vindo a mais um podcast do Senhor Tanquinho. Eu sou o Guilherme.
Roney – Senhor Tanquinho: E eu sou o Roney. E aqui a nossa missão é deixar você no controle do seu corpo.
Guilherme: Olá, Tanquinhos e Tanquinhas! Bem-vindos a mais uma edição do nosso podcast e hoje a gente conta com a ilustre presença da nutricionista Nanda Muller.
Guilherme: Como vocês já sabem, a ideia do podcast é ser rapidinho. É um espaço para as pessoas conhecerem mais sobre os convidados aqui do show. As perguntas são curtas, mas você pode levar o tempo que você quiser para responder, tá bom, Nanda?
Nanda Muller: Tá bom! Tudo bem, Tanquinhos?
Guilherme: Tudo bem e você?
Nanda Muller: Tudo bem.
Roney: Bom, falando rapidinho sobre a Nanda… Ela recentemente ganhou notoriedade por trabalhar com algumas atrizes globais, como a Deborah Secco e a Juliana Paes. Inclusive até já foi no Encontro com a Fátima Bernardes, na Globo, para tirar algumas dúvidas sobre jejum intermitente. Não é isso, Nanda? A gente falou aqui rapidinho, mas se apresente um pouquinho melhor para o pessoal que não te conhece.
Nanda Muller: Está bom. Então, eu sou a Nanda Muller e vocês vão me encontrar assim nas redes sociais. Eu sou nutricionista já há 12 anos, me formei em Santa Catarina, na Univali, trabalhei lá por muitos anos, em Jaraguá do Sul e agora vai fazer dois anos que eu estou morando no Rio de Janeiro e atuando aqui.
Nanda Muller: E aí, por meio do Rafa, que é meu namorado, que é personal dessas atrizes, elas acabaram conhecendo meu trabalho, se interessando e aí eu fiz esse trabalho com a Juliana, com a Deborah Secco, entre outras atrizes também, não-globais.
Roney: Legal. E quando que você acha que começou realmente a se interessar por essa questão de alimentação, de saúde e com isso que você trabalha hoje?
Nanda Muller: Antes de começar a faculdade, você diz?
Guilherme: Isso! O que que guiou as suas escolhas? Por que que você escolheu essa faculdade? Como que foi seu processo para começar a se interessar por alimentação? Ou mesmo se mudou alguma coisa na faculdade, e como foi isso?
Nanda Muller: Tá. Faz tempo isso [risos]! Bom, eu escolhi nutrição meio que por acaso, mas depois eu descobri que é a minha profissão mesmo. E quando eu comecei a atuar em clínica, descobrindo que eu podia melhorar a vida das pessoas, sentir aquela gratidão… isso foi me nutrindo cada vez mais para fazer eu amar cada vez mais essa profissão. Então eu me encontrei logo de início, né?
Nanda Muller: Sempre gostei de ler sobre alimentação, sobre nutrição, e foi isso que me levou à faculdade. Mas eu mesma nunca tinha ido a uma nutricionista. Não fazia nem ideia [risos] do que uma nutricionista faria. Eu fiz a faculdade assim, meio que na doida mesmo. Então foi depois que eu fui descobrindo, obviamente.
Nanda Muller: Eu entrei na faculdade em 2001 e saí em 2004, e o que eu aprendi lá era o que eu tinha como referência, e fui colocando isso em prática por alguns anos. Depois de um tempo que eu realmente precisei emagrecer e percebi que com aqueles conhecimentos padrões, com o conhecimento convencional não estava dando certo.
Nanda Muller: Aí eu fui pesquisando, estudando mais e cheguei, então hoje, já tem alguns anos, a atender e mesmo praticar uma alimentação mais voltada para low-carb, comidas de verdade, enfim… E foi assim, a minha história de entrar na nutrição foi essa, e aí obviamente depois, com um tempo, foi mudando porque a gente vai se atualizando e estudando e foi mais pela necessidade mesmo, né?
Nanda Muller: Eu sempre fui uma pessoa, uma criança magra. Nunca tive problema com isso, muito pelo contrário: eu tinha um complexo de magreza e aí depois quando eu entrei na faculdade que eu comecei a ganhar uns quilinhos. E fazia as maiores loucuras para perder aqueles quilinhos e aí é aquela história clássica, a gente quer perder dois, perde dois, ganha três e aí cinco se transformam em 10…
Nanda Muller: Então eu tive minha fase de efeito sanfona e eu falo que o sofrimento é o mesmo para quem sofre com 10 ou 20 ou 30 quilos – porque você faz privações, depois você tem compulsões e sofre na privação, depois sofre com a culpa, com a compulsão alimentar, com não gostar do corpo… então eu passei por tudo isso. Nunca fui obesa, mas tive esse sentimento.
Nanda Muller: E aí teve um ponto, foi mais ou menos em 2012, quando eu fiz a minha primeira viagem para fora do Brasil, fui fazer meu mestrado lá em Portugal, onde eu engordei, foi meu auge… não foi nem tanto em quilos na balança, mas eu fiquei muito acima do meu normal e quando eu voltei eu me vi desesperada porque eu tentei fazer o processo de emagrecimento pelos padrões convencionais e eu não conseguia porque eu sofria muito com aquela história de comer a cada três horas e aí era granolinha, biscoito fit, iogurte light, toda aquela história… só que naquela época meus pacientes já tinham bastante sucesso comigo, eles emagreciam um monte. No entanto, eu me questionei “Como é que eles conseguem?”, mas aí eu comecei a perceber que na verdade eles não conseguiam porque, para mim, o que funciona é aquilo que você consegue alcançar e sustentar.
Nanda Muller: E aí, eu via que os meus pacientes, apesar de emagrecerem 20, 30 quilos, eles não tinham autonomia porque quando eles paravam de ir ao meu consultório, fazer aquele atendimento que era semanal, eu brinco até que era uma terapia nutricional, eu encontrava eles seis meses, um ano depois, eles estavam com aquele peso recuperado ou até mais gordos.
Nanda Muller: Isso é uma coisa muito frustrante para o nutricionista porque você pensa: “Poxa, eu não ajudei essa pessoa de fato. Ela não conseguiu mudar a vida dela.”. Porque a gente não quer só que uma pessoa emagreça para que você tenha sucesso. Você quer que a pessoa tenha sucesso, que ela mude de vida, que ela fique feliz.
Guilherme: Com certeza.
Nanda Muller: Então eu descobri nesse momento que eu não passava essa autonomia para os meus pacientes. Não porque eu não quisesse, mas porque eu não tinha o ponto de vista que eu tenho hoje da nutrição… e aí nesse momento foi engraçado porque o meu irmão, que não é da área da saúde, ele estava fazendo uma dieta, que todo mundo deve conhecer, que é a do Atkins, que é uma dieta cetogênica, enfim, e obviamente com os conhecimentos que eu tinha só da faculdade naquela época eu torci o nariz.
Nanda Muller: Eu falei que não podia fazer isso e blá, blá, blá e ele falou, ele olhou para mim e falou assim: “Nanda, abre a mente.” e aí eu falei: “Está bom, vou abrir a mente.”. Fui bem quietinha abrir o Google [risos], para ver o que que era aquela dieta que ele estava fazendo porque ele comia gordura e não sofria de fome e estava emagrecendo e eu falei: “Caraca, eu estou aqui sofrendo, não estou emagrecendo, comendo de três em três horas, com fome o tempo todo…”.
Nanda Muller: Então aquilo ali foi a chave, foi muito engraçado. Eu sempre cito isso nas minhas palestras, inclusive, porque aí quando eu entrei no Google para saber que dieta era essa que ele estava fazendo, que eu fui chegando através das pesquisas no site do Doutor Souto, no blog dele e aí eu comecei a ler a respeito e fui lendo os artigos científicos, enfim, e aí teve a primeira palestra dele no Rio de Janeiro. Eu nem morava aqui ainda, e peguei o avião lá de Jaraguá do Sul, Santa Catarina, para o Rio só para assistir a palestra dele.
Nanda Muller: E aí quando eu assisti a palestra dele, ele falando daquela forma, de todas as evidências científicas, eu falei: “Gente, como nunca ninguém falou isso para mim antes?” e aí foi um caminho sem volta… um mundo novo se abriu, eu comecei a falar: “Cara, é isso, não tem volta.”, então eu comecei a praticar, estudar e colocar em prática com os meus pacientes também.
Nanda Muller: E aí o mais legal foi que eu com esse tempo todo fui evoluindo, passei por fases de errar também, fui aprendendo, tive fases extremistas, fases de carbofobia, todas as fases de errar, de errar na quantidade de gordura, enfim, e hoje eu cheguei num equilíbrio muito legal e tenho uma estabilidade de peso que por muitos anos eu não tive. Isso foi muito legal. E também consigo dar essa autonomia para os meus pacientes. Isso é muito bacana também. Você encontrar teu paciente um ano depois e ele estar ainda mais magro, sem estar passando com você, só com os ensinamentos que ele teve. Essa parte é muito bacana.
Nanda Muller: Inclusive até a Juliana Paes, esses dias eu encontrei ela, faz um ano, faz mais de um ano que a gente fez a nossa consulta e foram dois encontros, duas consultas apenas. Ela prestou muita atenção em todos os ensinamentos que eu passei para ela. Ela mudou realmente também o ponto de vista, foi fazendo as mudanças principais e ela nesse um ano está bem. Está mais estável do que nunca o shape dela, nunca foi gorda, óbvio, mas sempre estava naqueles altos e baixos e ela está se mantendo muito legal.
Nanda Muller: Isso que é muito bacana é você encontrar teu paciente depois e ele estar feliz, estar bem ou até mais magro, enfim… essa que foi a grande virada, assim, um resumo da minha historinha na nutrição até hoje.
Guilherme: Com certeza. Nossa, achei super legal a sua história, Nanda, até porque você fala de vários pontos que eu me identifico, e que eu tenho certeza que várias pessoas que estão ouvindo a gente agora se identificam também. Toda essa história do “perder dois, ganhar três”, de você precisar, às vezes, daquela terapia nutricional. Então não é um negócio sustentável, é um negócio muito sofrido e depois você com low-carb, estudando, estudando ainda mais um blog como o do Doutor Souto, que é cheio de referências científicas, você conseguir essa independência igual você mencionou.
Guilherme: Eu acho que é muito satisfatório, justamente como você disse, esse fato de você conseguir passar o conhecimento para a pessoa e ela internalizar isso e conseguir seguir independentemente depois.
Nanda Muller: Isso é muito bom. E é engraçado que hoje eu dou palestras junto com o Souto, né? Então, é muito doido. Eu fui na primeira palestra dele, achei o máximo e hoje eu estou aí, palestrando com ele também. É muito bacana.
Roney: Legal, Nanda. E você no final citou seus pacientes, a gente gostaria de saber qual que é a pergunta ou a dúvida que você mais recebe, seja dos seus clientes no seu consultório, ou seja nas mídias sociais… o que você acha que o pessoal mais tem dúvida?
Nanda Muller: Sobre o jejum, obviamente. Muita gente tem dúvida em relação a alimentos e bebidas, enfim, o que quebra o jejum, mas acho que isso é uma coisa muito simples, que a resposta é muito simples.
Eu prefiro falar sobre um outro ponto que é: as pessoas chegam e, eu tenho muitos pacientes que já chegam fazendo low-carb porque hoje em dia com rede social eles já chegam para você sabendo a sua linha de trabalho…
Nanda Muller: Então são poucos os casos que caem de paraquedas lá e não sabem o que vão ouvir e a maioria que eu vejo, é que já faz low-carb pelo menos na teoria. A grande dúvida é: “Pô, eu já faço, por que que eu não emagreço? O que que está acontecendo? Onde eu estou errando? São quantidades? Eu sei tudo o que eu tenho que fazer, mas eu não consigo emagrecer.”.
Nanda Muller: Então eu vejo que um grande erro das pessoas, às vezes não é nem o conhecimento porque isso está muito acessível hoje, né? Você pode pesquisar, ler… a internet ajuda, facilita muita coisa e o conhecimento é liberdade, né?
Guilherme: Com certeza.
Nanda Muller: É a base de qualquer transformação. Só que isso hoje é muito acessível, às vezes você nem precisa ir em nenhum profissional para descobrir e estudar muita coisa, mas eu vejo que um grande erro que as pessoas têm é a pressa, né? Pressa de emagrecer, de se comparar com os outros, de achar que a alimentação vai ser igual para todo mundo, que você vai pegar uma receita de bolo e vai seguir aquilo e aquilo vai funcionar, ou que ela tem que ser perfeita, fazer o esquema 100%, não pode furar nunca…
Nanda Muller: Então eu sempre comento com os meus pacientes que eles têm que parar de fazer dieta. Eu não passo dieta para ninguém. Eu vou conversar, ver o que a pessoa precisa melhorar, transformar na alimentação dela e muitas vezes na teoria ela já sabe fazer tudo direitinho. Ela chega e me fala: “Olha, meu dia é assim”, aí eu falo: “Bom, está perfeito, agora, por quantos dias você vai conseguir seguir assim perfeito?”.
Nanda Muller: Então às vezes a pessoa se cobra demais e eu vejo que acaba se atrapalhando nisso e é uma coisa por que eu passei e que eu descobri também que é um dos meus erros e hoje se eu tenho bastante estabilidade também no meu peso é devido a isso. Então, assim, eu até tenho um projeto que é o “Devagar e sempre, para sempre” onde eu pego muito nessa questão que o sucesso, né, do teu resultado não é a velocidade, não é perfeição, então não precisa ser rápido, não vai ser perfeito. O sucesso vem da constância de você fazer aquilo para sempre e ser constante não é ser perfeito, né?
Nanda Muller: É fazer a coisa na sua vida real. Então eu sempre falo que é “devagar e sempre, para sempre” porque, assim, emagrecer na vida real é um processo mais lento… Porque você vai ter um problema pessoal, você vai ter uma viagem, as meninas vão ter uma TPM, enfim, acontecem várias coisas pelo caminho. Então eu prefiro que a pessoa emagreça vivendo a vida real porque aí ela vai alcançar o resultado dela sem estar dentro de uma bolha, entende?
Guilherme: Sim, com certeza.
Nanda Muller: Porque às vezes a pessoa quer ser perfeita, entra numa bolha, faz tudo 100% lindo, aí sai da bolha, volta para a vida real e não sabe o que fazer e aí chuta o balde, aí todo aquele ciclo ruim. Então ela tem que entender que vai ter processos e momentos que ela não vai emagrecer, mas que para algumas pessoas, dentro do contexto dela, naquela situação da vida dela, às vezes não engordar já é um progresso.
Nanda Muller: Então eu sempre peço para elas valorizarem o seu progresso, para ela não comparar o capítulo 1 dela com o capítulo 20 de outra pessoa que tem outro contexto, outra vida. Então eu acho que isso é um dos grandes erros: as pessoas querem ser perfeitas, querem resultado rápido, querem se comparar e aí vivem num 8 ou 80, vivem fazendo dieta, mesmo que a low-carb, mesmo que comida de verdade.
Nanda Muller: Então isso é um ponto que a gente tem que trabalhar bastante e que eu acho que além do conhecimento, isso também dá autonomia, dá equilíbrio e dá estabilidade para a pessoa e eu gosto bastante de trabalhar isso com os meus pacientes. Nossa, eu falei demais! [Risos].
Guilherme: Não, a gente está adorando até porque você tocou um ponto muito importante, dessa questão de a pessoa tentar fazer tudo sozinha, tudo perfeito e aí, quando ela não consegue, ela passa pelo mesmo ciclo de culpa e de frustração que ela já passaria com uma dieta tradicional.
Nanda Muller: Exatamente. Eu sempre falo, eu mostro um exemplo para elas, mostro um slide, de que é um ciclo vicioso da proibição, daí da culpa e do fracasso que ela sente quando ela come aquilo que ela se proibiu, e daí dessa culpa vem uma despedida e aí depois da despedida vem a tentativa de recomeço, que é como uma proibição – e aí ela fica nisso, sabe?
Nanda Muller: Tanto que eu trabalho com refeições livres. Não que eu libere, porque eu não mando nada em ninguém, mas eu sugiro para que elas façam – mas depende de como está a alimentação da pessoa. Se está muito ruim, sei lá, então três refeições livres por semana. Se está mais legal, uma ou duas. Porque a real é essa: é muito difícil alguém que siga 100% de forma xiita, religiosa… tem pessoas que fazem isso, são felizes com isso, mas a maioria esmagadora não é assim e eu trabalho com os fatos, eu sou muito realista, sabe?
Nanda Muller: Então eu falo: “eu prefiro que você faça três refeições livres, diluídas numa semana, do que você faça uma semana perfeita e 15 dias chutando o balde.”. Aí depois de uma semana perfeita, 15 dias chutando o balde. Ela vai comer muito menos porcaria, se ela fizesse três refeições livres numa semana, sabe? Porque o efeito global dessa orientação é a longo prazo e a longo prazo essas três refeiçõezinhas fazem parte da vida, do social, e do emocional – enfim, se ela não tiver nenhuma doença, obviamente que limite alguns alimentos. Eu acho que é muito tranquilo, assim.
Roney: Que legal, Nanda, realmente é totalmente alinhado com o que a gente pensa também, essa questão de ter refeições livres e de levar a dieta para a vida.
Guilherme: Em questão de ter uma dieta para a vida real. É uma orientação que você consegue seguir sem ser um sofrimento, sem ser xiita, como você disse.
Roney: Como a gente sempre fala, como a gente escreve sobre a dieta Atkins, Slow Carb, dieta low-carb, Dieta Paleo no blog, a gente fala que a melhor dieta é aquela que você consegue seguir. Não tem uma que é melhor para todo mundo, depende da pessoa.
Nanda Muller: Isso, é aquela que não tem prazo de validade.
Nanda Muller: Porque se você começa uma dieta pensando “ai, quando é que eu vou acabar para poder comer não sei o quê?” nem começa [risos]. Então é mudança para a vida mesmo e com as desviadas da vida real, que é normal… e óbvio, no meio do caminho, a gente pode usar estratégias de emagrecimento pontuais, só que muitas vezes essas estratégias acabam virando um hábito, sabe?
Nanda Muller: Por exemplo, tirar o carboidrato do café da manhã para não começar o dia ativando insulina e tal. Então às vezes a gente usa isso como uma estratégia e a pessoa começa a ver que ela realmente não tem muita fome de manhã, primeiro ela tira o carboidrato, daqui a pouco ela tira essa refeição porque ela vê que ela não tem fome e aí vira um hábito para ela e ela achava que, nossa, nunca ficaria sem comer pão de manhã na vida.
Guilherme: Então nesse contexto, eu acho que você falou bastante de mentalidade, falou bastante de encarar a alimentação como algo para você levar para a vida, para você se acostumar e fazer bem e conseguir manter num longo prazo. Então, para quem entende isso, mas tem dificuldade em seguir a alimentação, que a pessoa já entendeu que é melhor para ela, mas que ela tem a dificuldade de seguir na prática, qual seria o melhor conselho para essa pessoa? O que falta para essa pessoa conseguir se comportar da maneira que ela sabe que seria melhor para ela?
Nanda Muller: Eu acho que é exatamente isso que eu estava falando, essa tranquilidade. Então, se ela tem conhecimento, por que que ela não está conseguindo colocar em prática? Porque muitas vezes ela quer ser perfeita. Ela acha que ela não pode furar, que ela vai ter que ser 100%… eu acho que ela pode buscar o 100% fazer o melhor onde estiver. Fazer o teu melhor, mas sabendo que mesmo buscando o 100%, você não vai ser.
Nanda Muller: E aí isso já dá uma leveza, já tira aquela questão da culpa. É isso que eu percebo, assim, essa sensação de culpa, de querer ser perfeito… esse perfeccionismo atrapalha bastante os benefícios de qualquer dieta, não só dessa alimentação. Então eu acho que esse é o grande ponto, assim, pensar que é para a vida.
Nanda Muller: Às vezes eu pergunto assim para a pessoa, ela gosta de beber cerveja, tá? Ela não tem nenhum problema de saúde, enfim, ela só está querendo emagrecer e aí eu pergunto assim (porque ela já vem morrendo de medo achando que eu vou cortar a cerveja dela).
Nanda Muller: Aí eu pergunto assim: “Bom, fulano, você quer nunca mais tomar cerveja na sua vida?”, aí a pessoa olha para mim e fala: “Não!”.
Nanda Muller: Ela não quer nunca mais não tomar cerveja. Eu falo: “Então beleza, você vai ter que emagrecer tomando cerveja. A gente só vai ajustar as coisas para isso, colocar limites…”. Ou doce, né? Para quem gosta muito disso. Eu mesma como doce todo final de semana. Então, é, a gente tem que ver assim: “Pô, gosta muito disso?” porque tem coisas que naturalmente as pessoas vão ficando seletivas e não, por exemplo, ah, sei lá: “pão me deixa estufado, não gosto, né. Glúten não tem me feito bem.”, então você naturalmente vai deixando de lado. Ou mesmo bebida alcóolica, a pessoa já não consegue beber tanto, ela não se sente tão bem, ela vai reduzindo.
Nanda Muller: Por isso que eu nem me preocupo em falar: “Olha, você tem que parar de fazer isso, comer aquilo, ou aquilo”. Então é só colocar prioridades. Eu falo que as exceções têm que valer cada gota de insulina, e que tem que envolver amor. Então pense: é uma situação especial? Te faz bem? Vale a pena? Porque você tendo conhecimento, você tem responsabilidade sobre as suas escolhas, né? E aí é só colocar limites, colocar um equilíbrio e vida que segue.
Guilherme: Com certeza. Eu acho que é ótimo esse negócio de valer cada gota de insulina, acho que você tocou num ponto muito bom porque a gente sabe que tem vários alimentos, várias bebidas, enfim, várias coisas que a gente pode ingerir que não são legais para a gente, mas para algumas pessoas é muito mais fácil ficar sem o pão, enquanto elas já não conseguem, ou não querem, deixar de lado a sobremesa…
Guilherme: Então é aquela questão que você disse mesmo de ter o amor, de ter aquela relação saudável com o alimento mesmo. Você conseguir filtrar o que você faz questão de manter, ou que você às vezes tem uma refeição em família, uma comemoração que às vezes vale a pena você não ser xiita na alimentação, e também naquilo que não vale a pena você pisar na jaca todo dia.
Nanda Muller: Perfeito. E outra coisa que é um ponto importante, às vezes a pessoa, ela está comendo de forma perfeita, ela abre poucas exceções, mas ela está comendo demais. É, porque ela ainda não entendeu que ela precisa comer só quando ela sente fome. Porque com a nossa alimentação as pessoas naturalmente sentem menos fome, mas mesmo assim, comer, a gente consegue comer sem fome. Isso não é difícil.
Nanda Muller: Então eu mesma, assim, quando eu iniciei na low-carb, eu comia muito, eu comia muitas vezes, até mesmo de curiosidade e eu não acho que seja um grande pecado isso porque quando a pessoa entra nessa vida, é diferente, é divertido e ela quer experimentar receitas, ela vai num restaurante e ela vai ver que tem várias opções low-carb no cardápio… Então assim, num primeiro momento é divertido querer provar…
Nanda Muller: Eu deixo à vontade porque faz parte do processo e aí depois vai percebendo, assim: “Não, tá, então eu tenho que reduzir porque…”. Eu até passo uma tarefinha que é muito legal, que é a pessoa fazer um diário alimentar. E ela vai anotando cada vez que ela come, ela escreve do lado, bem grande: “Com fome” ou “Sem fome” [risos]. Porque a gente tem consciência. A gente tem consciência de quando come com ou sem fome. Não tem problema se você comer sem fome, desde que você tenha consciência e vá melhorando isso.
Nanda Muller: Então vai anotando durante uma semana e no final daquela semana você conta quantas vezes você comeu sem fome e aí você procura, né, se compromete na semana seguinte, melhorar isso. Vai diminuindo, prestando atenção que refeição você está fazendo sem fome, se é sempre a mesma, o que você tem que mudar na sua agenda, talvez, se aquela refeição for importante que você faça naquele horário, o que que você tem que mudar? Talvez na refeição anterior, comer menos ou não comer? Para que você tenha fome na refeição que você tem que sentar e comer.
Nanda Muller: Então vai ajustando. Isso é uma rotina, na agenda e nas preferências de cada um. Mas essa questão de ter uma consciência, acho que é bem importante e para mim, assim, é 50% do trabalho. Eu mesma só passei a emagrecer, de fato com a low-carb, quando eu passei a comer só com fome. Na maior parte do tempo – porque obviamente a gente não é perfeito, né?
Guilherme: Exato. E acho legal que parte dessa sua perspectiva, dessas atividades, do diário alimentar, com fome ou sem fome, você consegue passar com muita clareza também por já ter passado por todas essas fases. Por você entender que é um processo. Não é uma chave que você liga e um dia você ficou um low-carb perfeito, você separa a fome, do hábito.
Nanda Muller: Exato. É um processo. Isso mesmo.
Roney: Nanda, aqui a gente está numa zona sem censuras (a gente sabe que o nosso público já é um público que se interessa e estuda há algum tempo sobre alimentação saudável, e até sobre essa perspectiva evolutiva, que a gente também sempre expõe no blog e nas mídias sociais). Por outro lado, a gente sabe que, quando você vai, por exemplo, num programa de TV, talvez você não possa falar tudo o que a gente já sabe e tem de conhecimento porque seria um susto para as pessoas ouvir de uma hora para outra algo como “Se você quer emagrecer talvez seja melhor evitar algumas frutas, mas você pode comer bacon.”. E, então, você acha que é difícil, assim, esse primeiro contato, principalmente na TV? Você tem que evitar falar algumas coisas? Você já sabe bem o que você pode falar e o que não pode? O que você mais gostaria de falar nessas ocasiões, mas que você não acha adequado falar num primeiro momento?
Nanda Muller: Então, no programa, no início do ano, que eu fui na Fátima para falar de jejum, nossa, assim, eu estava em Natal, de férias, e eles me buscaram de lá porque eu falei: “Pode me buscar porque eu faço questão de ir” porque eu fiquei muito preocupada, assim, com quem ia [risos] lá falar sobre jejum, porque é uma coisa muito complicada.
Nanda Muller: É um programa que passa na TV e abrange, assim, pessoas, né, de vários níveis, intelectuais inclusive. Então eu queria ir lá para que as pessoas entendessem, assim, que poxa, jejum não é uma dieta, né, é uma estratégia, não é nada de modinha e não é para todo mundo. Então foi interessante que eu consegui passar essa mensagem. A entrevista está até no meu canal no YouTube que é Nanda Muller.
(É este vídeo abaixo.)
Nanda Muller: E eu consegui porque era ao vivo, sabe, eu tentei fazer o meu máximo dentro da baguncinha que estava aquele programa, mas o que eu acho que é complicado falar para um público em geral é o seguinte: que, para quem está acostumado, quem já lê e estuda, você pode falar determinadas coisas que a pessoa vai ter um discernimento. Mas a gente tem que se preocupar mesmo com o que vai falar porque tem muita gente que não tem noção, então acaba sendo um pouco irresponsável porque ela vai pegar só as partes que interessam, e vai manter o que ela faz de errado. Então, por exemplo, pode comer bacon. E eu até falo nas minhas redes sociais que eu não acho que todo mundo tenha que comer bacon o tempo todo, todo dia…
Nanda Muller: Porque uma das leis da nutrição é variedade, né? Então a gente tem que variar todos os alimentos, cores, para atingir o máximo de nutrientes e eu brinco que a gente tem que variar os venenos também [risos.]. Então beleza, “Ah, peixe tem não sei o quê, carne tem não sei o quê, frango é isso e aquilo”, então varia… Não comam todo dia a mesma coisa – eu acho importante isso.
Nanda Muller: Então tem coisas, tem informações que são delicadas mesmo de passar para um público que você não conhece. Eu acho que a gente como profissional da saúde tem que ter bastante responsabilidade nisso. E eu vou te dar um exemplo: tem uma senhora que trabalha na minha casa. Eu já sei que ela é diabética, tem obesidade abdominal, pressão alta… ou seja, ela é uma bomba-relógio.
Nanda Muller: E eu já sentei e conversei com ela, tentei explicar da forma mais clara possível, mas não adianta, não entra na cabeça dela, comigo, eu falando ali sentadinha, escrevendo, aí você imagina que existem milhões dessas donas Ana, e que estão assistindo as coisas e aí elas vão continuar comendo arroz, farofa, pão e bacon e manteiga, tudo junto [risos] sabe? Ou então fazendo jejum do nada.
Nanda Muller: É complicado. Eu acho que a gente tem que cuidar muito com onde você está, para que público você está falando. Eu acho que é uma das responsabilidades do profissional, sabe? Até porque a gente está sendo sempre visado aí pelos nossos conselhos, então, tem que ter cuidado.
Guilherme: É verdade. Bom, Nanda, a gente está chegando aqui ao finalzinho da entrevista. Acho que você tocou em pontos muito legais, muito importantes e que são válidos tanto para quem está começando e tem que encarar como um processo, tem que entender que não é uma dieta, que não é algo restritivo, que não é algo que você muda do dia para a noite; quanto para quem já está há algum tempo e tem outros desafios para superar. A carbofobia você mencionou uma hora e também, às vezes, o perfeccionismo que a pessoa tem e a gente queria então pedir para você, por favor, para quem deseja aprender mais ou se consultar com você, como que as pessoas podem ter seu contato? E quais suas mídias sociais? Como que elas podem acompanhar mais do seu trabalho e talvez marcar uma consulta?
Nanda Muller: Ah, está bom, obrigada, meninos! Olha só, o meu Instagram é @nutrinandamuller, Muller é M-U-L-L-E-R, tá? Lá tem, é o Instagram profissional, então tem endereço, tem e-mail, tem telefone. Tem até o botãozinho para clicar para ligar, para mandar e-mail e como chegar. Então lá é mais fácil de encontrar todos os meios de comunicação. O Facebook também Nanda Muller, tem o canal no YouTube, Nanda Muller e tem o meu site que é nandamuller.com.br e até no meu site eu estou sempre promovendo, se a pessoa se inscreve lá, ela recebe receitas, e-book, e-mail com link dos vídeos, das coisas que saem na mídia… É bem bacana. Eu sugiro que entrem e inscrevam o e-mail que sempre tem novidade legal.
Guilherme: Bacana, pessoal, entra lá e coloca o e-mail. Só por curiosidade, você também mencionou um projeto “Devagar e sempre, para sempre”, o que que é esse projeto exatamente?
Nanda Muller: O Projeto “Devagar e sempre, para sempre” eu lancei a primeira turma já tem uns dois, três meses. Na verdade, é um projeto com passo a passo, com fases, com tarefinhas para as pessoas, tanto que não fazem low-carb ainda ou para as que fazem e estão com dificuldades. Então é um projeto online, na verdade, né, que abrange informações bem interessantes e inclusive essa questão toda comportamental. Não é uma, não é uma dieta, não é um cardápio, não é nada personalizado, mas a primeira turma foram acho que 90 pessoas. Foi muito bacana e a gente vai lançar mais uma turma agora e esse nome surgiu justamente porque eu vivo falando para os meus pacientes “Devagar e sempre, para sempre”. É um mantra, né?
Nanda Muller: E aí, como eu sempre quis, tipo, porque quando eu faço live no Instagram, enfim, as pessoas me perguntam muitas coisas, eu vejo que elas têm essa necessidade de “Ah, vem pra cá. Vem pra tal estado. Vem para não sei aonde.” e tem tanta gente que poderia ter acesso a informações, que eu fiz esse projetinho para que, quem quiser, entra, compra é, e fica lá dentro desse grupinho, tem acesso aos vídeos sempre que quiser ver. Porque são informações que eu passo sempre nas minhas redes sociais só que aí ela vai poder ter para ela, para sempre, sempre que precisar de uma motivação. E tem também um grupo que a gente faz durante o projeto que são dois meses, três meses onde eu fico lá tirando dúvidas gerais, é bem bacana. Então agora vai ter mais uma turma.
Guilherme: Nossa, super bacana. Avisa a gente quando for lançar que a gente ajuda a divulgar também porque eu acho que tem muita gente que acompanha o nosso trabalho e que poderia se beneficiar bastante desse projeto.
Nanda Muller: Ah, com certeza. Eu agradeço.
Roney: Bom, Nanda, muito obrigado por sua participação. A gente com certeza vai deixar todos os links das suas mídias sociais, do site, do projeto, aqui na descrição, para já avisar o pessoal que pode procurar aqui embaixo no vídeo ou no podcast e a gente fica por aqui.
Guilherme: A gente com certeza vai querer te chamar novamente para uma segunda rodada, talvez com algumas coisas mais específicas, mas a gente fica muito feliz que você pôde dedicar um pedacinho do seu tempo para falar com a gente sobre essas questões tão bacanas sobre alimentação e comportamento que a gente sabe que são super importantes para a saúde de muita gente.
Nanda Muller: Obrigada, meninos, eu adorei a conversa. Foi muito bom. Agradeço o convite e a oportunidade de estar aqui e passar informação para o maior número possível de pessoas, para que mais gente se beneficie com as mudanças que a gente quer promover, de saúde e qualidade de vida. Muito obrigada!
Roney: Muito obrigado, Nanda. Um abraço.
Nanda Muller: Abraço.
Guilherme: Bom, pessoal, obrigado por ter ouvido até aqui. Tenho certeza que vocês tiraram muita coisa boa desse episódio, a Nanda falou vários pontos muito legais sobre alimentação, comportamento e estilo de vida e a gente vê vocês com mais um convidado especial no próximo episódio do nosso podcast.
Roney: Um forte abraço.
Roney e Guilherme: Do Senhor Tanquinho.
Guilherme: Você acabou de ouvir mais um episódio do podcast do Senhor Tanquinho.
Roney: Não deixe de se inscrever para não perder nenhum episódio com os maiores especialistas para a sua saúde.