Muitos benefícios estão ligados ao caldo de ossos, incluindo benefícios para pele, intestino, articulações, cabelo, unha, diversas coisas.
O caldo de ossos é uma fonte natural de colágeno. Ele é muito melhor do que aquele que se compra na farmácia, e do que qualquer outra forma que a gente possa consumir.“
Hoje temos um podcast inteiramente dedicado ao caldo de ossos.
Trazemos duas especialistas no assunto para falar desta bebida que cada vez mais pessoas buscam consumir.
O caldo de ossos remonta à alimentação ancestral do ser humano — e hoje a fundadora do Cozinha De Pedra Bibiana Mandagará e a nutricionista Isabela Clerot vão contar tudo sobre este mágico elixir.
Escute o podcast atentamente para saber tudo sobre caldo de ossos. Inclusive:
- por que consumir caldo de ossos,
- como experimentar caldo de ossos pela primeira vez (e convencer outras pessoas também),
- nojo do caldo? Aqui está o que você precisa saber,
- quais as melhores receitas para fazer com o caldo de ossos,
- os diferentes modos de preparar caldo de osso,
- quanto tempo na panela para ter um bom caldo,
- os nutrientes do caldo de ossos,
- caldo de ossos: uma prova de amor e sustentabilidade,
- como armazenar seu caldo corretamente,
E muito, muito mais.
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A Bibiana já participou de uma aula extra que oferecemos aos alunos do Cardápio Low-Carb / Cetogênica — se deseja um manual de refeições saudáveis para emagrecer, vale a pena conhecer.
Ambas as convidadas estão presentes em várias mídias sociais.
Siga-as — e diga um “oi’, falando que veio por causa do podcast.
A Bibiana é mais presente no Instagram e Telegram:
E a nutri Isabela Clerot no Instagram https://www.instagram.com/belaclerot/.
A gente também está presente em várias mídias sociais.
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- Instagram: https://www.instagram.com/senhortanquinho/
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- email: https://materiais.senhortanquinho.com/transcricoes-podcast
Abaixo você encontra nosso agradecimento aos apoiadores que possibilitam este projeto ser um sucesso.
E também a transcrição completa do episódio.
Para ser avisado de novos episódios, lembre-se de nos seguir no email e no canal do Telegram.
Tem episódios novos todas as segundas e sextas-feiras.
A transcrição completa do episódio está abaixo do agradecimento aos apoiadores do podcast.
Conteúdo do post:
Obrigado Aos Apoiadores Do Podcast
Bem-vindo a mais um podcast do Senhor Tanquinho.
Somos Guilherme e Roney, e aqui a nossa missão é deixar você no controle do seu corpo.
Antes de irmos ao episódio em si, queremos agradecer aos apoiadores que tornam este projeto possível.
Apoiador #1 — Loja Online Tudo Low-Carb
Este podcast é um oferecimento da loja online Tudo Low-Carb.
A Tudo Low-Carb é uma loja que vende somente produtos que se encaixam numa dieta low-carb e cetogênica.
Lá você vai comprar de tudo, desde farinhas low-carb até adoçantes como xilitol, eritritol, e estévia.
Além de temperos e produtos naturais, feitos com comida de verdade.
Nós conhecemos pessoalmente Eliana, fundadora da loja.
E ela nos garantiu que monitora constantemente os valores para que a Tudo Low-Carb tenha os melhores preços dos adoçantes xilitol, eritritol e da farinha de amêndoas.
Então, se esse é seu caso, se você quer comprar ingredientes para receitas low-carb, recomendamos acessar a Tudo Low-Carb — porque lá é garantido que você vai encontrar.
Apoiador #2 — Medidor de cetonas Uaiketo
Esse podcast também é um oferecimento do Uaiketo — e o que é o Uaiketo?
O Uaiketo é um aparelhinho que serve para medir o seu nível de cetose através do hálito.
A gente achou muito interessante esse aparelho porque você pode saber o seu nível de cetose sem ter que furar o seu dedo ou fazer um exame de sangue para isso.
É um aparelho realmente revolucionário no mercado — e o mais legal é que o Uaiketo é uma tecnologia 100% brasileira.
O Iago, criador deste aparelho, entrou em contato com a gente, e a gente achou super legal divulgar essa iniciativa — é por isso que hoje o Uaiketo é um dos patrocinadores aqui do podcast.
A gente recomenda que você conheça esse aparelho, se a sua intenção é saber o seu nível de corpos cetônicos. É só acessar uaiketo.com.br.
Apoiador #3 — Nossos alunos do Guia Dieta Cetogênica
Este podcast só existe graças aos alunos do nosso programa VIP Guia Dieta Cetogênica.
O Guia Dieta Cetogênica é um curso em vídeo com todas as informações, passo a passo, para você seguir uma dieta cetogênica de sucesso.
E como bônus para você que escuta os nossos podcasts, a gente colocou dentro do programa, na área de membros especiais, todos os nossos livros e manuais digitais já publicados até hoje.
Então, são centenas de receitas. Tem também o nosso livro de apoio, com 120 dúvidas sobre alimentação saudável respondidas, com prefácio do Dr. José Neto, um livro super elogiado por profissionais como Dr. Rodrigo Bomeny, Danilo Balu e por vários e vários convidados que já passaram pelo nosso podcast.
E ainda tem tabelas, infográficos, textos explicativos, resumos em pdf, um grupo secreto no Facebook e muito, muito mais.
Então, convido você a conhecer o nosso programa Guia Dieta Cetogênica.
Transcrição Completa Do Episódio Sobre Caldo De Ossos
Guilherme: Olá, Tanquinho. Olá, Tanquinha. Sejam muito bem-vindos e bem-vindas a mais um episódio do nosso podcast.
E hoje temos aqui mais um podcast com não uma, mas duas convidadas, a Bibiana, da cozinha de pedra, e também a nutri Isabela Clerot.
Tudo bem com vocês, pessoal? Como é que vocês estão?
Nutricionista Isabela Clerot: Oi, tudo joia? Tudo bom, Gui? Tudo bom, Roney? Oi, Bibi.
Bibiana Mandagará: Oi, gente, tudo bem? Como é que vocês estão? Por aqui está tudo ótimo. É um prazer estar aqui com vocês, eu estou muito feliz.
Roney: Que legal, gente, é um prazer ter vocês aqui conosco, muito obrigado por terem aceitado o convite. E vamos tentar essa experiência com dois convidados.
A gente já fez com o Dr. Azzini e o Dr. João Vitor, deu super certo, e vamos tentar novamente, eu acho que vai ficar ótimo. E hoje a gente vai falar sobre caldo de ossos, até porque as duas manjam bastante sobre caldo de ossos e então por isso que a gente as convidou.
E vamos começar então perguntando de onde que surgiu esse interesse por vocês pesquisarem mais sobre caldo de osso, ou melhor, em começar a fazer caldo de ossos em casa mesmo, onde vocês descobriram e por que quiseram começar a fazer.
Bibiana Mandagará: Que legal, então vamos lá. Em 2014 eu comecei a dieta paleolítica e é muito comum entre as pessoas que começam a dieta paleolítica dar de cara com a receita de caldo de ossos.
Eu tentei, tentei fazer no fogão à lenha, achei aquilo tudo um absurdo, tinha que cozinhar por horas e horas e horas, aí eu fui dormir, porque era 48 horas que tinha que deixar, aí eu fui dormir, o fogo apagou, foi um horror, e eu disse, eu não quero fazer essa receita maluca.
Achava que o negócio fedia, desisti.
E aí, há uns dois anos atrás, a minha sogra, que tem fibromialgia, foi indicado pra ela fazer dieta low-carb e tomar caldo de ossos, e foi umas duas semanas de discussão, dizendo que tinha que fazer, e eu disse que não, que essa receita é um inferno, é muito difícil de fazer, tem que deixar horas na panela, vai pegar fogo na casa, e todos esses medos que eu tinha.
E foi através do site do Senhor Tanquinho, inclusive, que eu descobri que essa receita poderia ser feita na panela de pressão, e todas as minhas dúvidas se resolveram através do site do Senhor Tanquinho e do site do Mark Sisson.
Aí, com essas referências, eu me convenci que era possível.
Como eu tenho muito medo de panela de pressão, eu comprei uma boa panela de pressão elétrica, que hoje é um assunto que a gente conversa muito lá no perfil, sobre essa panela, e comecei a fazer.
Comecei a fazer, foi dando errado, dando certo, dando errado e dando certo, e eu comecei o perfil especializado em janeiro desse ano, agora vai completar um ano, que a gente também tem uma empresa especializada em produção de caldo de ossos, a primeira empresa do Brasil a se especializar. Enfim, tem sido um sucesso, e essa é a minha breve história com o caldo.
Nutricionista Isabela Clerot: Ok, então eu vou falar aqui como foi que eu comecei a tomar caldo de ossos.
Eu também tive meu primeiro contato com a dieta low-carb, paleolítica em 2015, e aí eu comecei a meio que enlouquecer com o tema, e descobri que a gente tava sendo enganado há muitos anos.
E também, nas minhas pesquisas, a primeira referência que vem quando a gente faz pesquisas sobre isso, é o Blog do Senhor Tanquinho, então foi uma referência para mim.
E aí eu cheguei a ver sobre caldo de ossos, vi também a Pat Feldman falando muito sobre caldo de osso no perfil dela, ela fazia muito caldo na época, e ela fazia esse caldo de cozimento lento.
E eu consegui comprar numa garage sale, de americanos que moravam aqui em Brasília (eu sou de Brasília), eu consegui comprar uma panela daquela slow cooker, e aí eu resolvi fazer o caldo de osso naquela panela, porque ela fica ali a 60 graus, ligada a noite inteira — eu deixei dois dias a panela ligada, completando com água.
A casa cheirava a caldo de osso, assim, e no final das contas eu tava meio enjoada e não conseguia tomar aquele negócio.
Mas, eu congelava e usava para cozinhar, então algum benefício eu já sabia ali que tava tendo.
Mas depois, com o tempo, eu fui aprimorando, aí depois eu conheci a Bibiana, depois eu descobri que também podia fazer o caldo de ossos na panela de pressão, eu comprei a minha panela de pressão elétrica e faço o meu caldo de osso também, e tomo os caldos de ossos da Bibiana também, que é muito bom.
Hoje em dia, eu atendo como nutricionista e eu ensino meus pacientes que na adaptação para dieta low-carb e quem quer fazer jejum intermitente, na hora da adaptação, o caldo de osso ele ajuda muito.
Por Que Consumir Caldo De Ossos
Guilherme: Ah, muito interessante a história, e você mencionou que ajuda bastante na adaptação.
Eu acho que esse deve ser um ponto curioso para muitas pessoas que estão ouvindo a gente e não têm o costume de consumir o caldo de osso.
Que tipo de benefícios as pessoas podem esperar de consumir isso, ou mesmo na adaptação; o que você percebe, observa, e mesmo fala para as pessoas que seria interessante pra elas, talvez, consumirem o caldo?
Nutricionista Isabela Clerot: Então, o que eu observo e o que a gente sabe, o que a gente estuda bastante, é que quando a gente tá fazendo uma adaptação à uma dieta low-carb, na verdade, quando a gente começa qualquer dieta, a primeira coisa que a gente queima e que a gente perde, é o glicogênio.
E quando a gente queima glicogênio, a gente perde muita água, porque as moléculas de glicogênio, elas atraem a água e a gente fica mais inchado.
Então, na medida que a gente vai queimando o glicogênio, a gente perde água, essa água cai na corrente sanguínea, os nossos rins eliminam essa água, e acabam eliminando também minerais da nossa circulação.
Os minerais mais abundantes, que a gente usa muito no nosso corpo, é o sódio — que é o sal —, potássio, e magnésio.
E como os ossos são o nosso armazém de minerais do nosso corpo, onde o nosso armazena esses minerais, acaba que quando a gente faz o caldo de osso, ele fica com muitos minerais ali dentro.
Bibi, quer falar mais alguma coisa sobre isso?
Bibiana Mandagará: Tem tanta coisa. Eu acho que uma das coisas mais interessantes que tem de tomar caldo de ossos é que a nossa dieta, é a questão do colágeno.
A nossa dieta durante todo o nosso período evolutivo, a gente se acostumou a consumir o animal, como eles falam, do focinho à cauda.
A gente não consome mais, que nem hoje, a gente só pega a picanha, filé mignon, coxão mole, essas carnes mais musculares, e a gente sempre usou o animal inteiro.
E, o que falta hoje na nossa alimentação, a nossa alimentação ocidental padrão, é a fonte de alimentos com colágeno, certo? E isso interfere no nosso consumo.
Tem um aminoácido do colágeno que se chama glicina, que ele é muito importante para as nossas funções metabólicas básicas, enfim.
E aí, isso é muito, muito interessante, a gente precisa disso, a gente é capaz de produzir esse aminoácido, mas não o suficiente, é isso interfere em várias coisas como, por exemplo, dores nas articulações, várias coisas.
O colágeno está em tudo no nosso corpo, a prova disso é que a nossa pele é feita de colágeno, então, as rugas que a gente tem é a materialização da falta de colágeno no corpo.
Então, tem muitos, muitos benefícios que passam por pele, passa por intestino, por articulações, por cabelo, unha, diversas coisas.
Mas, a fonte, assim, do colágeno é muito importante, e o caldo de ossos é uma fonte natural disso, que é muito melhor do que a fonte da farmácia e qualquer outra forma que a gente possa consumir.
Como Experimentar (E Convencer Alguém A Provar) O Caldo De Ossos Pela Primeira Vez
Roney: É incrível como o caldo de osso tem, realmente, muitos benefícios bacanas, como vocês duas falaram, e acredito que a Isa, como nutricionista, e a Bibi, quando as pessoas chegam para perguntar pra elas na mídias sociais, por exemplo, ou quando vocês recomendam para as pessoas, às vezes pode parecer estranho num primeiro momento né, caldo de ossos.
Isso acontece também com a gente, comigo e com o Gui, as pessoas não gostam do cheiro ou, só de pensar na aparência de um monte de osso cozinhando já ficam meio com o pé atrás, assim.
Então, a gente queria saber quais são as reações mais comuns que vocês veem quando vocês recomendam para as pessoas, e quais os argumentos que vocês usam para mostrar que não vale a pena tentar, pelo menos, uma primeira vez.
Nutricionista Isabela Clerot: Eu tenho uma história engraçada, até, de um paciente que ele chegou pra mim, cheio de restrições, ele queria uma dieta que pudesse ser toda pedida via iFood, então ele fez uma série de exigências, era um paciente bem, bem complexo, e o mais engraçado é que lá pelo terceiro retorno dele, que ele já tava ali entrando, se adaptando, aceitando um pouco mais das minhas orientações, ele me relatou que ele tinha uma diarreia crônica, então tudo que ele comia, ele tinha diarreia logo em seguida.
E aí eu falei, a gente precisa tratar desse intestino, porque a gente sabe que ter diarreia crônica não é bom.
Além disso, isso é característica de uma disbiose, que é um desequilíbrio lá na microbiota intestinal, que hoje em dia a ciência já sabe que é uma parte muito importante da nossa saúde, que o intestino é muito importante pra gente.
E aí eu sugeri a ele começar a usar o caldo de osso.
Porque tem o colágeno, que ajuda muito na cicatrização do intestino, e aí melhora a permeabilidade intestinal.
E a reação dele foi super engraçada, que ele falou pra mim, “eco, eco, eco, de jeito nenhum que eu vou tomar, imagina, esse negócio deve ser fedido, esse negócio deve ser horrível”.
E eu fui insistindo, fui insistindo, passou o tempo e hoje ele faz propaganda do caldo da Bibi que ele consome diariamente.
Bibiana Mandagará: É verdade, mas eu tenho uma coleção de frases, vocês não deviam ter me perguntado isso.
Eu acho essa a parte mais divertida de lidar com o caldo de osso, principalmente porque tem um padrão, a pessoa quando tem o caldo de ossos na frente dela, normalmente é congelado, ela pega e passa três dias olhando o potinho e falando, assim, “eu vou tomar, não, eu vou tomar amanhã; não, eu vou tomar hoje; não, eu vou tomar amanhã”.
Enfim, acaba que ela toma e acha melhor.
Mas, nas redes eu fiz uma live sobre nojo de ossos e tem uma série de coisas que as pessoas não pensam, elas pensam no osso, sentem nojo, mas elas não imaginam como o osso tá na nossa alimentação, por exemplo, quando a gente fica doente, ninguém questiona que uma canja de pode ser ótimo pra gente se recuperar, sabe.
Quando a gente tem uma gripe, ou uma coisa assim, ou, por exemplo, ninguém questiona que uma comida tradicional, como a rabada ou como o mocotó possa ser legal, também.
E Quem Tem Nojo Do Caldo?
Poderia ter nojo da rabada e do mocotó, mas tem uma coisa que é interessante que se chama brodo, na culinária clássica, a primeira coisa quando tu entra na faculdade de gastronomia, é aprender a fazer esse brodo, ou o que eles chama de fundo, que é o conhecido caldo de carne.
Tu pega ossos de animais, carne muscular, pode ser tanto de frango ou de boi e tu faz aquele caldo de carne para usar nos alimentos.
Então, esse caldo ele vem os ossos, eles têm realçador de sabor, então, num restaurante caro, quando tu chega assim pra comer uma comida cara, francesa, italiana, enfim, tu vai pagar um caminhão de dinheiro e em vez de água, os chefes de cozinha vão estar usando caldo de ossos.
Então, assim, se a pessoa tem nojo de tomar caldo de ossos por algum motivo, ela possivelmente pagaria muito caro num restaurante francês para comer comida com caldo de ossos e não sentiria nojo, estaria tomando sem saber.
Nutricionista Isabela Clerot: Quando a isso, Bibi, é interessante a gente pensar no seguinte.
Muito antes de eu começar a fazer uma dieta paleo, de buscar a saúde pela alimentação, eu era uma pessoa, como a grande maioria das pessoas, que usava aqueles caldinhos, aqueles cubinhos que a indústria faz pra gente, de caldo de carne, de caldo de frango.
E ali, carne e frango mesmo, se tem algum resquício, provavelmente é do refugo, da carne e do frango e do peixe, seja lá do que for. E a gordura que tem naqueles cubinhos, é uma gordura hidrogenada, que é uma gordura altamente inflamatória, é uma gordura artificial e que nosso corpo não reconhece como uma gordura natural.
E aí, a gente fica com nojo do caldo de osso, ou do mocotó.
Tem muita gente que tem nojo do mocotó ou da canja, porque ela tem aquela gordura que o osso solta, e essa é uma das gorduras mais saudáveis, e ela é anti-inflamatória também.
Então, hoje em dia quando eu faço caldo de osso, e a Bibiana também já separa a gordura para cozinhar, eu clarifico a gordura, guardo ela na geladeira e uso ela para cozinhar.
Além de ela ser deliciosa e ter esse realçador de sabor natural, que a Bibiana citou, a comida fica muito mais gostosa do que com aquele caldinho artificial, aquele cubinho, e ela fica muito mais saudável também.
Bibiana Mandagará: Nossa, isso aí é um capítulo inteiro à parte, a questão da gordura.
Mas, só retomando, uma outra face que as pessoas não têm nojo é a gelatina comercial, que inclusive algumas pessoas até não sabem que é de origem animal.
A gelatina comercial também é feita com uma parte da pele, parte do couro que fica entre o couro e o músculo.
Enfim, todas essas coisas têm tudo a ver com ossos, assim, e também tem a questão do pé de galinha, que as pessoas acham que é comida de pobre, que osso é comida de pobre.
Às vezes alguns seguidores meus falam que a família fala que vai doar dinheiro porque deve estar faltando dinheiro para a pessoa que fica fervendo pé de galinha, que ela está pobre, coitada, [risos], essas coisas…
Mas, quanto ao que tu comentou do tutano, é importante a gente falar, tem um estudo que eu posso mandar pra vocês sobre os nossos hábitos na era paleolítica.
Talvez o ser humano não estivesse aqui, a gente não estivesse aqui gravando esse podcast se não fosse o tutano.
Eles encontraram ossos daquela época quebrados de uma forma específica, o que que acontecia?
A gente não é muito bom caçador, então a gente se alimentava muito de carcaças, e quando a gente recolhia isso, a gente recolhia os ossos muito acompanhados com pele, porque fazia ele ter uma duração maior, um validade maior, que chegava a durar até três meses, a gente saia perambulando por aí, e na época de escassez, aqueles jejuns muito prolongados que a gente já está metabolicamente adaptados, a gente quebrava esses ossos no meio e se alimentava dessa gordura, desse tutano que, como a Isabel comentou.
Esta é a gordura mais nutritiva que tem no animal inteiro, que inclusive protege, tem a questão da regulação da sensibilidade à insulina, protege, é uma gordura que protege de diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade, essas coisas assim. Então a gente está adaptado a consumir tutano desde a evolução inteira.
Receitas Com Caldo De Ossos
Roney: Ah, incrível, gente, incrível, muito bacana tudo isso que vocês falaram.
E, a respeito da parte que a Bibi falou de o caldo de ossos ser usado em vários restaurantes, eu queria perguntar em que tipo de receitas vocês já utilizaram o caldo de ossos que, muitas vezes, se bem inserido numa receita, num cozido, às vezes, ou mesmo numa sobremesa, que eu sei que a Bibi já fez, muita gente não deve nem perceber que foi utilizado o caldo de ossos na preparação.
Nutricionista Isabela Clerot: A Bibiana é a rainha das receitas, então eu vou até falar antes dela porque a minha resposta é bem mais pobre do que a dela.
Mas, assim, no básico, eu comecei fazendo os caldos, quando você faz uma sopa, cozinha legumes, cozinha uma carne, e eu usava sempre ali o caldo de osso, e continuo usando até hoje, toda vez que eu preciso colocar mais caldo na minha comida, que eu quero que ela fique mais suculenta, eu uso o caldo de osso pra isso.
Para cozinhar legumes, para fazer sopas, aqui a gente gosta muito de fazer experimentos.
Eu fiz um experimento outro dia, o meu marido também cozinha muito bem, e a gente fez um experimento outro dia de fazer um daqueles, aquelas sopas tipo japonesas, aqueles… nossa, me falhou o nome agora.
Mas a gente fez aquela sopa tipo japonesa, com legumes, com ovos, com carnes e tal.
No lugar do caldo, a gente usou o caldo de ossos, que já era um caldo que tinha bastante tempero de carne, porque era um caldo que eu fiz com osso e carne juntos, e eu fiz um espaguete de mamão verde para substituir aquele macarrãozinho que eles usam de arroz, então ficou muito gostoso.
Bibiana Mandagará: Então, o que que eu descobri, assim, quando eu comecei a fazer caldo de ossos, que todas as receitas que eu encontrei na Internet eram basicamente sopas.
Ia ossos, ia carnes, ia vegetais e o resultado era um gosto de sopa, aí eu resolvi fazer com as ervas que eu tinha em casa, assim, e aí os primeiros que eu fiz foi com ervas, e depois eu acabei adicionando vegetais, e o meu sogro me disse assim, “mas esse com vegetal tem gosto de sopa, não tem gosto de caldo de ossos”.
Aí eu comecei a buscar o que que era gosto de caldo de ossos, né, e fui experimentando, sempre me familiarizei melhor com o caldo de especiarias, até que eu cheguei no caldo de ossos sem sabor, que é um conceito que a gente trouxe no Instagram desde o início do ano, que é mostrar para as pessoas que o caldo de ossos pode te dar uma liberdade muito grande de consumir da maneira que tu quiser, quando tu não coloca sal e nem tempero.
Porque muita gente não gosta, ou porque tem gente que não gosta de sopa, ou porque não gosta de ossos assados, tem diversos motivos para a gente não gostar de caldo de ossos né, mas, quando a gente falou que o caldo de ossos é um realçador de sabor, ele tem um glutamato natural, assim como vários alimentos também têm essa questão do glutamato, que é um realçador do sabor.
A gente percebe que onde tu colocar ele, ele se adapta e ele realça o sabor das outras coisas, então tem um nível de ingredientes que tu pode usar, que ele vai mascarar o gosto do caldo e realçar e transformar isso de uma forma interessante.
Então, se a gente for pensar que o colágeno cozido ele é gelatina, a gente pode trabalhar o consumo do caldo de ossos culinariamente, fazendo uma gelatina natural, e aí tu pode pegar esse caldo que gelado vai estar uma gelatina, e não colocar sal, e colocar, enfim, algum sabor, por exemplo, cacau ou eritritol e fazer uma gelatina, às vezes um creme de leite ou não, fazer uma gelatina de chocolate, aí ele tu coloca na geladeira e ele tem um ponto de gelatina.
Agora no final de semana eu e a Bela a gente fez uma tortinha de limão, que inclusive foi a massa de uma receita do Senhor Tanquinho, que a gente usou a massa podre do empadão low-carb do Senhor Tanquinho, e eu adaptei com a gordura do caldo de ossos e eritritol para ficar doce.
Eu fiz uma gelatina de limão, a gente bateu um pouco com nata e ficou uma tortinha linda.
Se tu bater a gelatina, ela pode ir para um ponto de mousse; se tu congelar, tu pode fazer cubinhos de gelo e usar numa vitamina, usar numa limonada, por exemplo, enfim, tem diversos usos, assim como temperar a comida, se tu não for fazer nenhuma dessas coisas sem sabor, tu pode substituir qualquer lugar que tu usaria água numa receita, substitui por caldo de ossos que ele vai realçar o sabor e vai fazer tu ser a grande cozinheira maravilhosa da tua casa, que todo mundo vai querer a tua comida.
Enfim, dá pra usar tanto como água, tanto como gelo, tanto como gelatina, tanto quanto todas as texturas que a gelatina e que a água podem te dar para realçar o sabor das comidas.
Os Diferentes Modos De Preparo Do Caldo De Ossos
Guilherme: Perfeito, Bibi, então a gente já viu várias possibilidades de uso, de receitas doces e salgadas, e até mesmo em quais contextos que ele pode ser usado para substituir outros ingredientes ou para realçar sabor em outras preparações.
E eu queria saber se pra você que faz em grande volume, pra vender o caldo de ossos, é diferente o modo de preparar que a pessoa que faz pra consumir no dia a dia, faz também como você faz pra consumir em casa, também?
E se também tem alguma diferença no preparo quando você vai pensar em consumir o caldo de ossos puro, por exemplo, que eu costumo consumir — eu costumo tomar mais ele numa xícara, como se fosse um chazinho de noite — ou se você vai usar numa receita, ou se vai usar receita doce, salgada, se você tem algum tipo de preparação prévia, alguma outra estratégia na hora de produzir mesmo.
Bibiana Mandagará: É verdade, a gente fala, fala, fala de todas as possibilidades, mas a mais comum e a mais legal de todas, que é a que eu uso também, é tomar numa xícara, purinho, ali, como se fosse um chazinho, um café, realmente é a melhor maneira de tomar.
A maneira que eu faço é a seguinte, não existe diferença, eu acho que independente se ele é culinário.
O caldo culinário pode ser feito em menos tempo, mas quando a gente fala em caldo de osso, a gente fala de um caldo terapêutico, onde o tempo é a coisa mais importante para se fazer um caldo de ossos de qualidade, com uma gelatina de qualidade.
Então, eu sempre digo assim, quanto mais tempo, melhor.
Então, se tu for fazer, por exemplo, na panela de pressão elétrica, que não perde água, que é como eu faço aqui pra venda, por uma questão de produção mesmo, que é melhor pra produzir, eu deixo oito horas na panela de pressão elétrica.
Poderia deixar no mínimo três, mas quanto mais tempo melhor, então eu gosto de fazer um colágeno de mais qualidade, né, e aí eu deixo oito horas, mas isso não é uma regra.
Eu sei que é muito difícil deixar oito horas na panela de pressão de fogão, porque tem que abrir, completar a água, então eu digo que é no mínimo dos mínimos três horas, e se for assim em fogo baixo, seria no mínimo 48 horas.
Então, a panela de pressão é um ganho muito bom. Eu faço como qualquer pessoa poderia fazer em casa, eu só deixo mais tempo por essa questão da panela.
Nutricionista Isabela Clerot: Bibi, eu queria falar também das formas de preparar. Você faz um caldo que você usa água e o vinagre junto com os ossos e não coloca mais nenhum tempero, e aí você faz um caldo bem neutro que fica, inclusive, a coloração dele fica bem clara, bem neutra, e esse caldo dá pra usar como você falou, pra fazer uma limonada, pra bater com café e um creme de leite, aí você faz um capuccino, dá pra fazer de várias formas, né. E tem também o caldo temperado.
Eu, por exemplo, quando eu acho que uma carne que eu vejo que tá bonita, que tem ossos, por exemplo, outro dia eu comprei uma rabada que tava linda, e é uma carne que tem muitos ossos, muito colágeno nela, eu fiz ela bem temperada, e aí eu usei cebola, alho, até coloquei um copo de vinho, deixei evaporar, e fiz um brodo mesmo, eu fiz aquele fundo, com muito tempero e congelei também, e esse caldo eu faço como o Gui falou, eu descongelo ele numa canequinha, e ele vira um caldinho quentinho ali, que eu posso tomar no final do dia, e é bem gostoso para dormir depois de um caldo de osso, por causa da glicina, que vai ajudar na produção da melatonina, e eu também uso ele para cozinhar pratos salgados, para fazer fundo da sopa e tal.
Mas, o caldo sem sabor ou aquele caldo mais neutro de ervas, que você também costuma fazer, que ele tem bem menos tempero, ele vai bem com quase tudo né, de preparar, assim, receitas e para consumir o caldo.
Bibiana Mandagará: É, eu tenho o sem sabor, que é sem o tempero, sem sal; tem o de ervas frescas, eu pego as ervinhas da horta, deixo cozinhar só um pouquinho no caldo e bato no liquidificador pra dar uma cor e uma realçada de sabor; tem o de cúrcuma com gengibre, que é um ótimo termogênico.
Eles funcionam para tomar puro e para colocar na comida, para temperar e, assim como, por exemplo, o sem sabor poderia fazer não como risoto, mas tem gente que faz risoto e quer fazer uma receita que o caldo não interfira no sabor, aí tu usa um sem sabor para realçar o sabor das coisas que estão na comida e o caldo não interferir.
Mas, de modo geral, o que eu faço é do mesmo jeito que qualquer pessoa faria em casa, eu só faço num período maior de cozimento.
Quanto Tempo Na Panela Para Ter Um Bom Caldo
Roney: Perfeito, gente. Aproveitando esse último ponto que você falou, era justamente sobre isso que eu queria perguntar, quanto tempo vocês deixam cozinhando; qual o tipo de panela, vocês já citaram panela de pressão, né, mas daria pra ser na panela normal? Na panela de pressão, muita gente pergunta, não destrói alguns nutrientes? E, por último, como vocês armazenam depois que o caldo tá feito. Acho que são dúvidas que a gente já viu surgir tanto no nosso vídeo, quanto no nosso texto, sobre caldo de ossos.
Bibiana Mandagará: Ele pode ser feito na panela comum, não de pressão, que é o método tradicional de cozimento lento.
Ficaria: frango 24 horas e boi de 48 a 72 horas.
Ele pode ser feito na panela de pressão comum, aquela do fogão que solta vapor, só que daí tu tem que conhecer bem a tua panela, pra saber de quanto em quanto tempo tu tem que abrir pra completar a água. E também pode ser feito e, aí seria no mínimo duas horas para frango e no mínimo dos mínimos, três horas pra boi — mas eu sempre digo que se puder deixar mais, deixa mais.
E na panela de pressão elétrica é uma questão muito exata, porque como ela não perde água, aí você tem que colocar um quilo de osso para um litro de água, e aí tu pode deixar quanto tempo quiser. Não precisa abrir, não faz barulho e não perde vapor. São essas as fórmulas, sabe.
Nutrientes Do Caldo De Ossos
Sobre perder nutrientes, é lógico que tanto quanto o sabor, quanto alguns nutrientes que são mais sensíveis ao calor, é possível que se perca alguma coisa na pressão, mas eu acho que todo mundo aqui consegue lembrar daquele exemplo que é a diferença entre o bom e o ótimo, sabe.
Se, por exemplo, seria muito bom se a gente consumisse ovos caipiras, mas a distância entre a gente consumir o ovo, sabe, tipo assim, a gente não vai consumir porque não é caipira? Não, a gente vai consumir o de granja, mesmo assim, porque é melhor consumir ovo do que não consumir nada, entendeu.
Então, é melhor a gente consumir caldo de ossos na panela de pressão, do que não consumir caldo de ossos e não ter a fonte de glicina e de colágeno que o nosso corpo precisa para funcionar bem. Então, não tem tanta diferença na prática, sabe, é um tanto irrelevante, mas pode sim se perder alguma coisa no calor, e pode sim, de alguma forma, o sabor no cozimento lento ser um tanto mais refinado.
Mas eu não levaria isso em consideração porque deixar de tomar o caldo de ossos por isso é muito mais danoso do que, enfim, eu não vou dormir com o fogão ligado, então vai ser assim e pronto.
Quando eu tiver uma indústria, eu com certeza vou mudar para o cozimento lento para oferecer uma… não uma coisa melhor, porque o caldo de panela de pressão ele não é ruim, de forma alguma, as pessoas têm muitos benefícios da mesma forma com ele. Mas, ele é mais refinado, com certeza, em cozimento lento.
Nutricionista Isabela Clerot: Uma das grandes riquezas do caldo de ossos são os minerais e o colágeno, que é uma proteína.
Os minerais, eles não se perdem com o cozimento, a gente perde algumas vitaminas, que são as vitaminas hidrossolúveis, aquelas que se diluem em água, e elas se perdem muito rápido nesse cozimento.
Então, quando você faz um caldo de osso em casa, por exemplo, que você coloca ali alho, cebola, você pode colocar cheiro verde, você pode colocar um alho-poró, coisas assim, que vão dar bastante sabor para a sua comida, as vitaminas dessas verduras que você colocou ali, desses temperos, provavelmente elas vão se perder nesse cozimento prolongado.
Mas, como a Bibiana falou, os benefícios que você tem absolvendo aquele colágeno, aquela glicina que tá ali naquele caldo e os minerais que estão ali naquele caldo, eles são maiores do que a perda que você tem, e essas vitaminas e esses que se perdem no cozimento, você é capaz de adquirir de outros alimentos se você tem uma dieta bem balanceada, uma dieta bem feita.
Então, o caldo de ossos ele vem pra complementar essa dieta bem feita, ele também não deve ser a única fonte de vitaminas e minerais da sua alimentação. Ele é um complemento.
Bibiana Mandagará: Até porque o forte dele não é ser fonte de vitamina e de nada assim, o que a gente procura na suplementação com o caldo de ossos é o colágeno, porque se a gente comesse a cartilagem da coxinha e da asa, se a gente comesse a pele, se a gente comesse rabada sempre, se a gente comesse carnes duras, se a gente comesse um monte de coisa que a gente deixou de comer, não só isso que eu tô citando, mas um monte de parte do animal que vai fora, ou mesmo comer o tutano assado, por exemplo, tudo bem, a gente teria fonte, mas a nossa alimentação é muito pobre em colágeno, e a gente precisa disso pra ficar de pé.
A gente só fica de pé porque o colágeno existe, porque ele é a nossa cola, ele é que mantém a nossa estrutura, as coisas tudo funcionando, se não a gente seria um saquinho solto, e é isso aí: a gente precisa disso.
Guilherme: Com certeza, e é interessante que você mencionou da importância de uma alimentação que seja completa né, o caldo de osso não vai fazer milagre numa dieta que seja à base de açúcar, óleo de soja e salsicha, ele vai complementar uma alimentação que já seja baseada em alimentos bons.
E é curioso também que você mencionou partes do animal que a gente não consome.
Outro dia mesmo eu fui com a minha mãe, e a gente comprou um salmão inteiro, e o moço da peixaria foi limpar, e perguntou “você vai querer a espinha e a cabeça?”, minha mãe já ia falando “não, não quero, pode jogar fora”, e eu “não, não eu quero sim, quero sim”.
Você já está pagando por ele, porque pesa o peixe antes de limpar, mas é um item que seria descartado em outro cenário, mas eu me lembrei que a espinha pode servir para fazer um caldo de osso, a cabeça a gente pode fazer alguma preparação, assim, cozinhar também, numa dieta mais alta em carboidratos poderia fazer um pirão — talvez a gente faça alguma coisa tipo um pirão low-carb, vamos ver o que vai acontecer.
Mas, tem como aproveitar nessas partes nobres do animal, cheias de nutrientes também, muita gente ainda jogaria fora a pele do salmão, que também é super rica em ômega 3.
Então, são partes, são coisas que a gente foi perdendo o costume de consumir, e que as pessoas hoje em dia têm essa reação de ter nojo de comer fígado, de comer pé de galinha, de comer pele, mas essas coisas fazem parte do animal é o que vocês falaram, no nosso passado evolutivo a gente não descartava essas coisas nutritivas.
Caldo De Ossos: Amor E Sustentabilidade
Bibiana Mandagará: Tem um post que eu falo que é “obrigada, querido boi”. Eu acho que é, sinceramente, que é uma prova de amor ao boi ou a todos os animais, é um ato de respeito à vida deles, que a gente faça uso deles por inteiro, tanto o couro quanto os ossos, com todas essas coisas que iriam fora, porque é um absurdo que o animal tenha vivido a vida inteira para se resumir em picanha e filé mignon.
Quantos animais, de bois, a gente precisa para dar conta de tudo isso que a gente consome de picanha nos churrascos que têm por aí, sabe.
Enquanto a gente tem um corte que é muito consumido, a gente tem quase a metade do boi que é jogada fora, que é colágeno, que é uma coisa que falta na alimentação de todo mundo, que a gente tá desperdiçando ou entregando para a indústria de sabão.
Então, eu acho que é uma prova de amor ao animal que ele nos retribui com amor ainda, que essa saúde toda que a gente pode ter, nos cicatriza de dentro pra fora, sabe. É muito sustentável também.
Nutricionista Isabela Clerot: Isso, eu ia entrar nesse detalhe. Hoje em dia a gente vê crescendo cada vez mais esse discurso do sustentável, do tratamento correto dos animais, etc.
E aí, entra um discurso bem polêmico que é o do veganismo, de deixar de comer animais, mas assim, a gente sabe que pra nossa saúde, os alimentos de origem animal, eles são essenciais.
E uma vez que a gente consome animais, então vamos respeitar esse animal e comer ele inteiro, e não jogar ele fora e desperdiçar.
Eu também fico muito brava, por exemplo, quando alguém estraga uma carne, e não só por ter gastado ali um dinheiro pra comprar aquela carne, mas porque aquele animal ele merece respeito.
Bibiana Mandagará: Eu tive alguns clientes e estavam muito mal, muito debilitadas do intestino, diversas coisas que elas aparecem doentes aqui e chorando e dizendo que o sonho delas eram ser vegetarianas, ser veganas, e aí eu converso com elas e digo como essa troca de amor, assim, sabe.
A gente respeita a vida dele, ele nos devolve com muito amor, fazendo ela ficar saudável e de pé de novo, eu acho tudo isso muito lindo, sinceramente.
Como Armazenar Caldo De Ossos
Roney: Perfeito, gente, ótimos pontos que vocês tocaram e o caldo de ossos é uma forma de a gente realmente aproveitar tudo mesmo que os animais podem oferecer, além de comer todas as carnes, comer os miúdos, as vísceras que também são super nutritivos pra gente.
O caldo de osso é, assim, a parte final, realmente aproveitar até os ossos, mesmo quem come as vísceras, muitas vezes, acaba descartando essa parte dos ossos.
E, gente, depois que vocês o caldo de ossos, como vocês guardam, porque se vocês fazem pouquinho, para só consumir na hora, por dois ou três dias, pode ser que pareça que foi muito trabalho pra pouca coisa.
Se você faz muito, corre o risco de estragar, então, é possível congelar? Por quanto tempo vocês acham que dura na geladeira ou no congelador?
Nutricionista Isabela Clerot: Olha, pra consumir em casa, eu comecei congelando o caldo de osso nos cubinhos mesmo de fazer gelo, aquelas forminhas de fazer gelo, no formato do gelo, e aí depois eu tirava esses cubinhos já congelados e botava numa sacolinha, e esses cubinhos eu usava para fazer comida.
Depois, eu aprendi a colocar essa gelatina, esse caldo em potinhos maiores, já numa porção que encheria meia caneca, por exemplo, uns potinhos de 200ml, por aí, 150ml, e congelar.
Agora, com relação ao tempo de congelamento, eu acho que a Bibiana pode falar até melhor do que eu, porque ela estudou bastante isso daí.
Bibiana Mandagará: Pois é, ele dura até cinco dias na geladeira e seis meses no congelador.
Mas eu vou te contar uma coisa, eu nunca vi um caldo de seis meses no congelador, eu não sei se ele passa, porque eu nunca vi ele ficar seis meses no congelador. A gente sempre toma antes.
Acho que também, na geladeira, quando ele começa a soltar uma aguinha assim ele já está indo para o caminho de estragar.
Eu costumo vender, eu já vendi em um litro, mas é muito ruim, porque às vezes a pessoa ela só quer tomar a dose diária, então eu vendo ele em potes de 200 ml, que seria uma dose diária interessante, que seria uma xícara, mas também em cubinhos de gelo, porque tem gente que não quer tomar a dose toda, e também porque quer bater em suco e a pedra de gelo poderia quebrar o liquidificador.
E também tem gente que dá pra crianças, e para crianças o de 200 ml seria uma dose muito grande, assim, ia passar a fome da criança.
Então, é isso, eu sempre aconselho congelar em porções únicas, que tu vai tirar, vai descongelar, vai consumir e aí tu vai ter sempre ali, ele vai estar disponível pra ti.
É isso, eu aconselho em quantidades maiores porque tu vai ter que derreter, porcionar, esquecer na geladeira, perder caldo. Também aconselho fazer a maior quantidade possível.
É por isso que quando me perguntam qual panela comprar, é a maior possível, porque daí tu faz uma maior quantidade possível e armazena o maior número de potinhos possíveis, e passa um tempo sem fazer para não ficar fazendo toda hora.
Nutricionista Isabela Clerot: É, porque mesmo com a panela de pressão elétrica, é um processo de pelo menos um dia pro outro, no mínimo.
Tem aquele processo de botar na geladeira, deixar separar a gordura, e você separa a gordura, clarifica, guarda, então é um processo de pelo menos de uma noite até o dia seguinte, de manhã, no mínimo.
Bibiana Mandagará: A gente cozinha os ossos, daí filtra, aí espera esfriar um pouco, coloca na geladeira de um dia pro outro, depois separa a gordura e aí tu pode derreter e colocar nos potinhos, ou tu pode, quando for gelar, colocar na forma e cortar os cubinhos de gelatina e congelar em cubos maiores de gelatina, para talvez caber mais no congelador, não sei.
Eu tenho também, sobre essa questão de cubo de gelo pequeninho, eu comprei formas com tampa, essa é uma dica muito interessante, porque daí não vira o caldo no congelador, porque o caldo ele gruda em tudo. Quando vira no congelador é uma desgraça.
Outros Alimentos Que Não Podem Faltar Na Sua Dieta
Roney: Show, gente. E, antes de a gente encerrar, uma última perguntinha aqui. Além do caldo de ossos, quais outros alimentos não faltam na alimentação de vocês?
Nutricionista Isabela Clerot: Carnes, muitas carnes, de todos os jeitos.
Aqui em casa a gente come muito hambúrguer caseiro, eu faço muita carne de porco, meu marido é alemão então ele tem o hábito de comer carne de porco e a gente come muita carne de porco.
A carne de porco a gente aprendeu a fazer deixando a gordura, porque a carne fica muito mais macia e saborosa; costelinha de porco; vegetais, eu gosto muito de fazer receitas, assim, no forno e também eu faço muitas receitas com espaguete, eu faço espaguete de pupunha, eu faço espaguete de mamão verde, eu faço espaguete de abobrinha e todos os jeitos, e eu faço muitos molhos também, com carne moída, tomate.
Então, assim, que não falta todos os dias: ovos, todos os dias eu como ovos, eu como carnes e alguns vegetais.
Nem sempre eu como salada fria, às vezes eu como os vegetais quentes.
Bibiana Mandagará: Pois é, aqui a gente tá na prática, a gente tá correndo muito, sabe, e aí a gente descobre que cozinhar dá um trabalho terrível, e faz uma louça terrível.
A gente tá numa linha mais carnívora porque a gente adora, porque nos dá mais saciedade, acaba que às vezes a gente faz só uma refeição por dia.
A gente tem descoberto vários tipos de cortes de carne, o que não falta aqui é nata, pra fazer um frango com nata; também não falta aqui coração de galinha, porque quando a gente consome bastante carne, além de suplementar com o caldo de ossos, é muito importante comer miúdos.
De vegetais, cara, é cebola, moranga, repolho, umas coisas mais específicas, assim, porque a gente não consome muitos vegetais aqui, sabe.
Eu descobri que as fibras não me fazem tão bem, assim, então a gente está mais numa linha ceto carnívora, assim, numa linha cetogênica bem restrita, assim, sabe.
Muitos ovos, daí tem o dia do hambúrguer também, então tem uma vez por semana o hambúrguer com bacon, com queijos, a gente consome muitos queijos. Então, é mais isso, assim. Muitos cortes diferentes de carne e, principalmente, carne vermelha.
Nutricionista Isabela Clerot: eu tenho um hábito interessante que eu adotei a pouco tempo, além de trabalhar como nutricionista, eu também tenho um outro trabalho que eu tive que voltar a trabalhar presencialmente, e lá a gente tá com esse problema.
Como a gente está no meio de uma pandemia, eu tenho evitado restaurantes, nem pensar, e tenho evitado ir no refeitório, porque é um lugar onde tá todo mundo sem máscara.
Então, o que que eu tenho feito, eu tenho levado o meu caldo de osso, para comer, para tomar na hora do almoço, então eu faço jejum pela manhã, na hora do almoço eu tomo um caldo de ossos, e aí a noite quando eu chego em casa eu vou comer.
Isso é um hábito que tem sido bem interessante também, porque ele dá uma saciedade e ele tem um efeito tão bom, eu fico tão bem no período da tarde, e eu normalmente treino no fim da tarde, eu treino pesado, e eu tenho energia total para treinar e, depois do treino é que eu vou sentar para comer alguma coisa.
Então tá sendo um hábito bem legal esse de ter o caldo de ossos para tomar na hora do almoço.
Bibiana Mandagará: Lembrei, também, que a gente teve uma conversa, a gente gravou uma aula no treinamento Tanquinho de cardápio low-carb, acho que é assim que se chama o nosso curso, né, aí vocês me perguntaram o que que eu tinha na cozinha que era o meu coringa, e eu disse que era uma frigideira.
Então, essa questão da alimentação, o interessante é que eu tenho uma frigideira de ferro fundido aqui que é a única coisa que a gente usa, seja para fazer vegetais, seja para fazer carnes, assim, a alimentação aqui é muito simples, baseada em comida de verdade, sem grãos, tudo que a gente pode caçar e colher. Só que hoje em dia é mais caçar, porque daí é mais rápido e a gente se sacia mais.
Acompanhe A Bibi E A Bela
Guilherme: Faz sentido, faz sentido, boas escolhas de alimentos. E, pessoal, a gente gostou bastante do papo aqui, e tenho certeza que tem tá ouvindo a gente que se interessou por caldo de ossos, talvez queira acompanhar o trabalho de vocês, queira saber mais sobre isso.
Vocês falam bastante sobre caldo de ossos nas mídias sociais, então passa pro pessoal onde eles podem saber mais sobre vocês, aprofundar mais no assunto e acompanhar os seus movimentos, as suas novas receitas com caldo de osso e muito, muito mais.
Nutricionista Isabela Clerot: Bom, eu vou começar falando, eu tenho Instagram, o meu perfil pessoal e eu também faço bastantes posts sobre atividade física e alimentação, eu faço muitos posts sobre isso, então o meu Instagram pessoal é @belaclerot, e o meu Instagram profissional, e ali eu só tenho posts sobre nutrição mesmo, e eu falo também bastante de caldo de osso, é o @belanutrição.
Bibiana Mandagará: Eu estou no @cozinhadepedra e em todas as redes e no Telegram.
Mas o nosso canal principal é o Instagram, onde a gente fala especialmente sobre caldo de ossos, alguma coisa sobre estilo de vida, mas a gente é especializado nisso.
Tem muita ideia legal que o pessoal manda, muita receita legal, então tá todo mundo convidado a ir lá, mandar mensagem, toda terça-feira tem live às oito da noite, pra gente conversar sobre colágeno natural, caldo de ossos, essas coisas, tá todo mundo convidado.
Roney: Legal, gente, muito legal, a gente vai deixar os links para os perfis de vocês, aqui linkados na entrevista também, e é incrível como um assunto como o caldo de osso, que parecia que nem renderia tanto assim, no começo, já estamos aí com 50 minutos de conversa.
A gente percebe que com especialistas que nem vocês, o assunto vai rendendo, vai fluindo e a gente falou sobre um monte de coisa bacana a respeito dessa bebida, desse alimento tão nutritivo para a nossa saúde.
Então, eu queria aproveitar para agradecer vocês por tantas informações valiosas, por um conteúdo tão bom que vocês ajudaram a gente a produzir. Então, muito obrigado, Bela, muito obrigado, Bibi, pela presença e pelas informações.
Nutricionista Isabela Clerot: A gente que agradece a oportunidade de estar aqui conversando com vocês. É engraçado porque pra quem entrou nesse mundo paleo, e tinha o Senhor Tanquinho como ídolo, assim, a gente estar aqui batendo esse papo é muito legal, é muito mesmo.
Bibiana Mandagará: Eu queria agradecer, eu sou suspeita, vocês me acompanham desde o início, desde 2014, desde que eu descobri, vocês me acompanham sempre para tirar todas as minhas dúvidas, para levar nesse mundo low-carb pela mão, aí, e hoje em dia ter vocês como parceiros e como amigos é umas das coisas que mais me envaidece.
Eu tenho muito orgulho de estar aqui, eu tô muito feliz, de verdade, de todo coração, muito obrigada.
Roney: Que show, gente, que show, a gente fica muito feliz por essas palavras de vocês, pela presença de vocês, pelo tempo de vocês, realmente foi um prazer pra gente, é ótimo ter vocês como parceiras, também.
Então, muito obrigado novamente. A gente se fala numa próxima oportunidade.
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Um forte abraço.