Quando você está adaptado ao jejum e fazendo da forma correta, não é para sentir tontura, não é para sentir vertigem, não é para transpirar e desmaiar. É para ser algo natural e bom.”
No episódio de hoje, contamos com a graduanda em nutrição e pesquisadora assídua sobre jejum intermitente Flavia Trajano.
Então, se você se interessa pelo tema do jejum — ou se tem alguma dúvida sobre jejum intermitente — vai amar este episódio.
Porque a Flavia foca muito da sua pesquisa e dos seus estudos em responder dúvidas e destruir mitos sobre o jejum intermitente.
Sugerimos que você escute atentamente a este episódio.
Porque, quando terminar de ouvi-lo, você saberá exatamente:
- qual a história pessoal de luta contra o peso da Flavia,
- como ela descobriu o jejum intermitente,
- por que o jejum pode ajudar a quebrar o platô de peso,
- o que você precisa saber antes de começar a jejuar,
- como começar a praticar o jejum,
- se você deveria experimentar um jejum mais longo,
- a importância de variar os protocolos de jejum,
- afinal de contas… o que quebra o jejum?
- remédios, vitaminas, suplementos… posso tomar em jejum?
- quais são os erros mais comuns do jejum intermitente,
- quais os hábitos saudáveis que a Flavia tem (e que você pode adotar),
- como aprender mais sobre jejum intermitente e emagrecimento com a Flavia,
- se fazer jejum causa distúrbios alimentares,
- a mensagem final da Flavia para você,
e muito, muito mais!
Depois de ouvir o episódio, conte para a Flavia — ela interage diariamente com as pessoas usando:
- Instagram: @jejumintermitente
- Facebook: grupo Jejum Intermitente Sem Mitos
- Curso completo: Emagrecer Sem Mitos
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Muito obrigado por nos escutar e ler todas as semanas!
Conteúdo do post:
Transcrição Completa Do Episódio
Guilherme: Olá, Tanquinho! Olá, Tanquinha!
Sejam bem-vindos e bem-vindas a mais um episódio do nosso podcast. Sendo que esta é mais uma das nossas super entrevistas com convidados especiais.
A convidada de hoje é a Flavia Trajano.
Tudo bem, Flavia?
Flavia Trajano: Tudo bem, Guilherme!
Olá, Tanquinhos e Tanquinhas!
Roney: Para quem não sabe, a Flavia é estudante de Nutrição, palestrante e também autora do curso digital “Emagrecimento sem Mitos”.
Então, Flavia, como você pode se apresentar e contar um pouquinho da sua história para quem está nos ouvindo, mas ainda não te conhece?
A História Da Flavia
Flavia Trajano: Então, como surgiu essa questão do “sem mitos”.
Na verdade, no nosso cenário de emagrecimento hoje, a maior dificuldade das pessoas é lidar com os mitos.
Nós, quando começamos a tentar a entrar em um processo de emagrecimento, começamos a enfrentar a realidade.
E vemos alguns conceitos arraigados nas diretrizes e nas bases da Nutrição e começamos a ter dificuldades em emagrecer quando nós vamos seguir essa linha.
E eu tive essa mesma dificuldade. A mesma que todo mundo.
Tive sempre efeito ioiô, aquela balança que vai, e que sobe e que desce…
Então eu sempre tive essa dificuldade em lidar com a manutenção do corpo, com os hábitos, enfim.
E aí a última tentativa que eu tive foi tentar emagrecer da forma mais tentada aí, a dieta de comer de três em três horas e redução calórica, uma das mais utilizadas no mundo.
Então na hora de implementar isso no dia-a-dia eu tive grande dificuldade.
E aí eu comecei a pensar: “Nossa, deve ter um jeito mais fácil!”.
Porque eu sempre fui aquela pessoa que, quando eu decido fazer algo, eu quero fazer bem feito.
Então não tinha nada a ver com eu não estar fazendo da forma correta.
Eu queria fazer muito certo, queria ter aquele resultado, mas eu estava grandes dificuldades em lidar com a fome, lidar com o relógio…
Como uma pessoa que tem problemas em comer demais, ficar comendo toda hora, ter vários estímulos; além de ter uma vida social…
Então, quando você vai somar todos esses fatores, fica quase impossível você emagrecer nos dias de hoje.
Então foi aí que surgiu toda essa pesquisa.
Eu comecei, como autodidata, a testar, a estudar.
O primeiro passo foi o livro “Dieta da Mente”, que ele fala muito sobre os tipos de alimentos e como esses alimentos reagem no nosso corpo — que cada alimento tem uma propriedade e uma reação muito específica — e aí eu testei e falei: “Não, é isso! Nossa, sem fome… vai!”.
Emagrecer sem sentir fome é a melhor… não existe coisa melhor.
Foi aí que tudo começou. Comecei a estudar mais a fundo e comecei a me interessar pelo assunto e a, de uma certa forma, a compartilhar isso com as pessoas.
Como A Flavia Descobriu O Jejum
Guilherme: Ah, legal, Flavia.
E como é que o jejum surgiu nesse contexto?
Porque ele é mais ou menos o oposto de comer de três em três horas, que é uma recomendação tradicional que a gente escuta por aí, que nós mesmos já fomos vítimas o passado.
Flavia Trajano: Exatamente!
Então, nessa trajetória eu encontrei também o Blog do Dr. Souto, onde ele explica muito bem sobre as bases científicas da low-carb, de como reduzir o índice glicêmico, a carga glicêmica dos alimentos, essa composição da sua dieta…
E que reduzir os carboidratos vai te ajudar a manter esses níveis de insulina baixos, enfim, Dr. Souto brilhantemente explica.
E foi assim, comecei testando, consegui reduzir a fome.
Só que uma questão muito importante que eu vi em mim, e muitas pessoas têm essa dificuldade, é que mesmo fazendo as três refeições normais, seguindo toda a nossa base aí comportamental de alimentação, muitas pessoas entram no efeito platô.
Em que às vezes elas comem três vezes, comem os alimentos certos, mas de uma certa forma ultrapassa as quantidades, porque tem aquela tendência de comer sempre um pouco a mais do que a saciedade.
Porque a pessoa que é magra, intuitivamente, tem aquele fator da saciedade muito automático.
Ela sente que saciou, ela para. É aquela pessoa que não faz dieta.
Ela come aquelas quantidades e o corpo dela se adaptou daquela forma, então ela não ganha e nem perde peso.
As pessoas que têm sobrepeso geralmente têm um histórico de anos de sobrepeso, elas têm essa tendência a comer a mais.
E aí é onde eu sentia a necessidade de… eu comecei a sentir menos fome, mas aí a balança e o resultado não estavam exatamente como eu queria e eu sabia que eu ultrapassava um pouco essas quantidades e o número de refeições, às vezes.
Às vezes três refeições, às vezes um lanchinho ali low-carb.
E um dia eu assisti um vídeo, um podcast do Dr. Jason Fung, que ele falava nessa questão do jejum, citou muito essa parte evolutiva — quanto mais vezes você come, mais vontade você vai ter — e todo aquele efeito hormonal no corpo… eu falei: “Nossa, faz todo o sentido!”.
Para uma pessoa que come muito, realmente é uma forma de ter um resultado.
Só que para mim era bizarro eu levantar da cama e não comer nada? Que coisa!
Soa muito arbitrário. Mas eu não comecei fazendo assim loucamente “vou fazer tantas horas”, mas comecei a espaçar mais as minhas refeições.
Eu ia conforme a fome e aí eu sabia que era ok, li muito antes de fazer.
Eu sabia que eu não ia morrer se eu ficasse lá seis horas, oito horas sem comer.
E aí foi indo! As primeiras 12, 14 horas foram mágicas.
E aí quando você levanta da cama e vê que você não está com fome, que já tem mais de 12, 14 horas que você não come e você está com menos fome do que quando você fez uma refeição há poucas horas — três, quatro horas depois — eu pensei: “Nossa, isso é fantástico!”.
E aí foi onde todo o resultado veio em autoconhecimento, comecei a ver que a maioria das vezes eu comia por estímulos — estímulos visuais; hábitos; estímulos do olfato, que nós somos muito pegos pelo olfato.
E para mim surgiu: “Nossa, essa é a maneira que vai caber no meu estilo de vida” porque eu não sirvo para comer várias vezes ao dia porque facilmente eu vou ganhar peso comendo várias vezes ao dia. E foi assim que aconteceu.
O Que Você Precisa Saber Antes De Começar A Jejuar
Roney: Ah, que legal, Flavia.
Eu acho que quem ouviu você agora deve estar bem animado para tentar fazer jejum, ainda mais com os benefícios que você já foi citando.
E nós sabemos também que você tem nas suas mídias sociais diversos seguidores, são realmente milhares, e nós queríamos saber quais, pela sua experiência, são as coisas que toda pessoa deveria saber antes de tentar começar a jejuar.
Flavia Trajano: Então, todo dia eu ouço diversos depoimentos.
Têm pessoas que começam sem preparo algum, comendo bobagem, comendo besteira e tentam fazer jejum.
Eu sempre falo que esse é o caminho mais difícil.
Esses dias uma veio me falar que foi para a academia e passou mal.
Aí eu perguntei: “O que você comeu antes, no dia anterior?”, “Comi brigadeiro”.
(E não foi brigadeiro low-carb.)
Aí eu falei a explicação: “Você passou mal porque você ingeriu muito açúcar, esse açúcar ficou com uma concentração alta no seu corpo, bruscamente você resolveu fazer jejum e deu o efeito da hipoglicemia reativa, efeito rebote desse pico de açúcar e você teve esse desconforto”.
A hipoglicemia reativa não é nem tanto por essa questão de quanto açúcar tem no seu sangue, mas essa velocidade, essa quantidade de açúcar que você coloca de uma vez só para dentro e depois a velocidade que esse pico gera o efeito rebote.
O que eu digo para as pessoas é a começarem a tirar esses excessos de açúcares, de farinhas.
A primeira coisa que vai ajudar a pessoa a praticar o jejum porque ela vai sentir mais facilidade, ela vai sentir o que é realmente fome e aí ela não vai ficar dando esses picos de açúcares, de desconforto.
Porque o desconforto é o que faz a maioria das pessoas desistir e é isso o que geralmente acontece: elas comem fast food, doce, tentam fazer jejum, não dá certo e “ah, o jejum não é para mim, então eu vou desistir porque isso não vai funcionar para mim.
Como Começar A Fazer Jejum
Guilherme: Ah, entendi.
Essas são algumas características que a pessoa precisa saber antes de começar o jejum.
E se a pessoa nunca fez jejum antes, como ela tem que começar?
Você mencionou na sua história que não pulou direto para jejuns mais longos, começou espaçando as refeições…
Você acha que esse é o caminho para todo mundo?
Qual é o caminho das pedras para quem se interessa por jejum, mas não sabe como iniciar essa prática?
Flavia Trajano: Sim. Eu, primeiramente, comecei com a alimentação, igual eu falei “o efeito dos alimentos”, comendo mais proteínas — quem segue vocês aqui no podcast deve saber muito bem sobre a estratégia cetogênica, low-carb, carnívora – então, tirar esses excessos de carboidratos e começar a comer mais proteínas.
O que eu fiz, por exemplo?
Eu nunca pulava o café da manhã.
Meus jejuns não começaram pulando o café da manhã.
Começaram assim: eu tomava o café da manhã low-carb, com ovos em vez de pão…
Tirava aquele boom de açúcar logo pela manhã, aquele pico glicêmico.
Então comecei a comer ovos, comia o abacate ou alguma coisa assim.
E aí a diferença foi que quando eu chegava ao meio-dia eu não estava com fome, diferente de quando eu comia uma barrinha de cereal ou quando eu comia tapioca com banana de manhã.
Chegava 11h00 eu estava morrendo de fome! Tonta!
No caso, quando eu comecei só a fazer essas trocas, chegava meio-dia, nada de fome.
“Ah, não estou com fome ao meio-dia, não estou com fome às 13h00…”.
Às 15h00 começava a dar aquela fominha: “Ah, agora eu vou comer”.
Então foi primeiro essa sensação do jejum natural: primeiro eu acredito que a forma de se mudar um hábito é sempre de forma gradativa.
(Muito parecido com o protocolo WHEN de jejum intermitente.)
É uma forma mais eficaz porque você vai conseguindo se adaptar de forma gradual, sem aqueles avanços muito grandes e depois você acaba desistindo.
Tudo o que se torna muito difícil, muito audacioso inicialmente, de uma forma muito brusca, faz com que nós tenhamos medo e com que nós recuemos.
Então a forma gradativa é mais aceitável aos nossos olhos.
Então veio de forma natural: eu vi que eu não ficava com fome e aí a primeira tentativa foi de 14 horas, que era jantar às 20h00 e depois, no outro dia, almoçar, 11h30, 12h00.
E aí quando eu acordava com essa sensação, por causa de toda a reação hormonal do jejum — cortisol mais elevado de manhã por causa do ritmo circadiano — naturalmente nós sentimos menos fome, principalmente quando nós não colocamos alimentos com alto índice glicêmico.
Então eu pensei: “Nossa, estou sem fome, vou até o almoço tranquilamente”.
Mas foi um dia após o outro tentando.
E daí, depois de um tempo eu comecei a programar, a fazer jejuns programados: “Ah, agora eu quero tentar o de 24 horas”.
Esses primeiros programados você fica um pouco ansioso porque você fica: “Nossa, nunca fiquei tantas horas! Nossa, 18 horas sem comer!”.
Então isso também afeta o nosso psicológico.
Então, por isso que eu digo para fazer de forma gradativa, ir tentando e fazendo porque com certeza a pessoa vai se adaptando mais e vai dando certo.
Será Que Você Deveria Tentar Jejuns Mais Longos?
Roney: Perfeito, Flavia!
Talvez que esteja escutando a gente agora está pensando: “Pô, eu já consigo fazer 12 horas de jejum todos os dias” ou então “Já consigo fazer 14 horas, 16 horas todos os dias”.
Essa pessoa, você acha que ela deve tentar continuar progredindo, tentar fazer um protocolo, por exemplo, de 24 horas eventualmente — porque talvez isso tenha mais benefícios — ou manter um jejum assim (16/8) diariamente já é um bom tipo de protocolo a ser seguido?
Flavia Trajano: Então, eu acho que depende do objetivo dessa pessoa.
Se essa pessoa está fazendo 16 horas todos os dias nessa janela, sempre a mesma, e ela parou de emagrecer; então ela pode, sim, tentar fazer…
Existe até aquele protocolo do Michael Mosley, que é o protocolo 5/2, que é fazer jejuns alternados.
Não é bem o de 24, mas é como se em dois dias na semana você ingerisse, no máximo, 500 calorias, ou seja, dá mais ou menos, se você fizer um jejum de 24 horas ou 20 horas, você vai fazer uma refeição e vai ingerir 500 calorias nessa refeição e fazer em dias alternados.
O que acontece muito?
As pessoas que fazem todos os dias 16 horas e comem sempre as mesmas quantidades, os mesmos estímulos, o corpo daquela pessoa tende a se adaptar, no processo geral da homeostase.
O corpo sempre vai tentar se adaptar.
Inicialmente o de 16 traz muito resultado, têm muitas pessoas que usam como manutenção, mas quando a pessoa não está no ideal que ela gostaria de perder mais gordura, perder mais peso, geralmente se tenta protocolos mais avançados — fazer esses dias alternados, de 24, dois dias na semana, três dias na semana.
E aí os protocolos vão… de várias horas, enfim, depende muito do objetivo e da, digamos, aplicabilidade daquela pessoa.
Eu sempre penso na saúde mental e no que a pessoa sente.
É desconfortável às vezes fazer mais de 24 horas.
Mas se para a pessoa for algo que ela consiga fazer sem grandes desconfortos, algo que seja aplicável na vida dela, eu acho que ok.
Mas sem virar aquela paranoia, sem virar aquela questão de a pessoa estar pagando penitência: “tem que fazer tantas horas”.
Vira meio que um sofrimento e, com isso, a gente tende a desistir do hábito porque tudo o que é muito difícil a gente acaba desistindo.
Sobre A Importância De Variar Os Protocolos De Jejum
Guilherme: Muito legal, Flavia.
Acho bacana que um tema que fica aparente na maneira que você fala é que não é para ser sofrida, não é para ser uma coisa muito difícil, um obstáculo intransponível, e sim uma mudança de hábitos gradual.
Isso eu acho bem interessante.
E quando nós falamos de mudar os hábitos, como você mencionou, você falou um pouco da adaptação do corpo aos protocolos.
Você acha interessante, então, mudar o tipo de protocolo de jejum intermitente que é adotado a cada poucos meses?
Ou para a manutenção, se está funcionando, a pessoa se adaptou, ela segue isso?
E, ao mesmo tempo, uma dúvida que pode surgir no pessoal é: “Pô, mas se eu programo os meus jejuns e faço 16/8 todos os dias, por exemplo, eu não sei se eu estou ouvindo a minha fome ou comendo por hábito” porque muita gente fala disso, de comer “ouvindo a fome”, comer intuitivo.
Qual é o seu pensamento sobre todas essas possíveis mudanças de maneiras de incorporar o jejum no dia a dia?
Flavia Trajano: Então, o protocolo 16 horas geralmente é utilizado mais para a manutenção, e no início, quando a pessoa está se adaptando.
Geralmente as pessoas entram nesse efeito platô e, sim, é aplicável fazer de 24, de 36… eu sigo muito o blog do Dr. Jason Fung, principalmente para mulheres fazerem uma semana de protocolos de 42 horas, fazerem duas vezes por semana o de 42. Então vai depender.
Só que como eu disse, 42 horas também já é um protocolo mais avançado, não é para qualquer pessoa, em qualquer fase.
Se ela está no início vai ser muito difícil e se ela está ouvindo isso, ela vai me achar uma louca falando de 42 horas sem comer.
Mas existem esses protocolos. Tem gente que faz três, quatro dias, cinco dias, enfim. Tem o nosso amigo Hilton Sousa lá que fez um mês de jejum, se alimentando somente nos finais de semana, quatro semanas seguidas.
Então, tem aí todos os protocolos.
O que eu acredito é que a pessoa tem que estar disponível a fazer aquilo sem tanto sofrimento.
E no de 16, como você perguntou, acaba virando um hábito, sim, também, Guilherme.
Porque a pessoa pensa: “Ah, vou almoçar e vou jantar” e geralmente tem aquela janela de oito horas de alimentação.
Às vezes já fica automático porque dependendo, por exemplo, se você faz, digamos… se você não está seguindo ali aqueles seus hábitos.
Você foi em um rodízio, por exemplo, de churrasco, comeu almoço.
Dificilmente você vai conseguir jantar, né?
Mas, claro, tem pessoas que seguem aquele hábito: “Eu tenho que jantar”.
Mas se ela estiver ouvindo a fome e, principalmente devido ao fato de ela ter comido bastante proteínas e gorduras, fisiologicamente ela não vai sentir fome mais.
Se for aquela fome do hábito, a pessoa vai insistir em almoçar e jantar.
E o que acontece muito é que daí vira aquela mesma questão de comer de três em três horas, vira a mesma base: comer duas vezes ao dia começa a ser um hábito e não, digamos, a questão de comer intuitivo, de comer conforme a fome.
Porque se você for pensar, a fome real mesmo varia.
Tanto é que ela vem em ondas — vem e vai — por exemplo, no jejum de 24 horas: você vai ter lá um pico de fome e de repente você programou para quebrar o teu jejum às 19h00, mas mais ou menos 13h00 você vai ter aquele pico de fome, você vai sentir: “Putz” e vai toma uma água, toma um café… aquela onda passa.
Então você pensa: “Até às 19h00 eu vou aguentar tranquilo”, aí chega 19h00 e às vezes nem está com tanta fome mais, mas foi o que você programou.
Então essa questão da intenção e dos hábitos de como nós nos relacionamos com a comida tem muito mais efeito sobre os nossos hábitos e sobre como nós comemos do que a própria resposta fisiológica à fome que nós temos no nosso corpo.
O Que Quebra O Jejum
Roney: Perfeito, Flavia.
Agora eu vou fazer uma pergunta aqui que eu acho que você já deve estar cansada de ouvir, que é a famosa: “O que quebra o jejum?”
Porque assim, nós já ouvimos falar de jejum de calorias, por exemplo, em jejum seco, em jejum de insulina…
E isso talvez confunde um pouco as pessoas e, principalmente, quem nunca ouviu falar em jejum e está começando agora e tem muitas dúvidas sobre isso.
Às vezes até nós ficamos: “Caramba, de novo essa pergunta?”, mas nós lembramos que as pessoas estão começando agora e estão tendo dúvidas.
E teria alguma regra prática para falar para as pessoas sobre o que quebra o jejum?
Flavia Trajano: Então, ontem eu estava… eu estou cursando Nutrição, né?
E ontem uma moça da minha sala sabe que eu trabalho com um Instagram sobre o assunto e ela veio me fazer essa pergunta.
Eu falei: “Não! Até você aqui?!”. Assim, eu disse para ela: “Limão, na minha opinião… depende do seu objetivo. O que você quer com esse jejum?”.
Hoje se estuda muito o jejum com o intuito da autofagia, aquela questão da limpeza a nível celular – até o prêmio Nobel foi em função desse mecanismo fisiológico.
Eu estava lendo essa semana, por exemplo, a pessoa que está em tratamento de câncer, faz quimioterapia e ela quer fazer jejum para ter essa resposta autofágica – uma limpeza mais profunda — então nesses protocolos em que tem um nível de complexidade muito mais profunda… a única coisa que não quebra o jejum é a água.
Então se a pessoa quer essa restauração a nível celular, que quer algo muito intenso, só pode tomar água porque o que pode acontecer?
Se ela toma o café… dependendo da quantidade, de repente, para uma pessoa vai ter uma mínima resposta da insulina, mas para outras não. Então isso não tem como nós quantificarmos, dizermos: “Tantas colheres, xícaras de café não têm resposta no teu corpo”.
Não dá para ter uma regra.
Então se é esse jejum com teor mais aprofundado a pessoa só deve ingerir água.
No caso dos muçulmanos, como o jejum é religioso, então é aquela coisa: “Não, pode ingerir nada do nascer do Sol ao pôr-do-Sol”. Então eles fazem jejum seco.
Então, se for no aspecto religioso você vai seguir lá, conforme as normas, as diretrizes do teu jejum religioso, dependendo do tipo de jejum.
No jejum básico, se você está querendo… no protocolo de 16/8, que você quer ter uma diminuição da insulina, uma resposta sistêmica, metabólica, melhorar a tua saúde.
Então, vamos ver o limão.
Eu já pensei que pudesse quebrar, mas umas gotinhas de limão não vão ter uma, digamos, diferença muito grande nesse teu jejum diário.
O café também não quebra (café sem açúcar e sem adoçante).
Aí muita gente pergunta: “Ah, mas o adoçante? Tem vários médicos que defendem que pode usar o adoçante”.
O que eu penso sobre o adoçante?
Como nós temos aquelas respostas fisiológicas da fome cefálica, por exemplo, só o fato do sabor adocicado, independente se esse doce é do açúcar ou do adoçante, para o meu cérebro, para as minhas papilas gustativas vai ter uma resposta, eu posso ter picos de fome, posso atrapalhar o meu jejum.
É isso que eu penso.
Então, se por exemplo, mesmo que o adoçante não tenha calorias, mas ele vai me dar uma resposta de fome, vai me dificultar o jejum e vai me fazer comer mais, então não vale a pena não ingerir calorias para atrapalhar o meu resultado.
É a mesma coisa com refrigerantes zero.
Eles não têm calorias, mas te despertam uma fome que não fecha a conta, para mim não faz sentido.
Mas têm pessoas que utilizam e não sentem esses picos de fome, então depende de cada um.
Fala-se também do café com óleo de coco, que o óleo de coco, por ser gordura, não vai ativar a insulina; mas tem calorias.
Então se a pessoa faz um jejum de 16 horas e ela ingere vários cafés, com várias colheres de óleo de coco, ela vai estar ingerindo várias calorias e mais as refeições que ela vai fazer.
Então pode ter um saldo também a mais na quantidade de alimento.
Então nós estamos pensando assim: no jejum para o emagrecimento a prioridade não é somente a restrição de calorias.
Nós temos todo um efeito metabólico, fisiológico aí que nos ajuda no emagrecimento, mas sim, as calorias também são importantes, as quantidades.
Não faz sentido para o meu corpo queimar a minha gordura corporal como fonte de energia se eu estou recebendo um alimento via oral trazendo energia.
Então a fonte primária da energia que o corpo vai requisitar vai ser sempre dos alimentos e depois da nossa gordura corporal.
Vitaminas, Remédios E Suplementos No Jejum
Guilherme: Show, Flavia. Acho que isso explica a maioria das dúvidas que as pessoas têm sobre o que quebra o jejum.
E elas ainda perguntam sobre remédios, multivitamínicos, e suplementos no jejum…
Você pode dar uma passada rápida nesses nutrientes?
Flavia Trajano: Sim.
As vitaminas, por exemplo, como vitamina D, vitamina B12, vários tipos de vitaminas não quebram o jejum.
Agora o suplemento, por exemplo, glutamina, BCAA… como são suplementos à base de proteínas, eles vão ter, sim, uma resposta da insulina.
É uma proteína que você está ingerindo em forma de suplemento.
ntão esses suplementos proteicos, com certeza, quebram o jejum.
Mas às vezes alguns nutricionistas indicam na janela para a pessoa tomar, um suplemento pré-treino para ter um efeito, enfim… aí como eu digo, vai depender muito do objetivo, da orientação, o que a pessoa está seguindo, o que ela está priorizando.
Os remédios também.
O remédio não quebra o jejum.
E, principalmente se esse remédio foi orientado, foi prescrito pelo seu médico, você deve continuar tomando sua medicação normalmente e não se preocupar com jejum e, sim, priorizar a prescrição médica.
Guilherme: Com certeza!
É bom deixar as pessoas com as prioridades no lugar, né?
Às vezes a pessoa está com uma condição que precisa do remédio e mais importante do que ela fazer o jejum é ela usar a medicação, conforme ela foi receitada.
Flavia Trajano: Exatamente.
Erros Comuns Do Jejum Intermitente
Roney: Está certo, Flavia.
Então nós já demos uma boa abordagem sobre o que quebra o jejum, sobre protocolos de jejum, mas agora seria interessante nós falamos sobre quais são os erros mais comuns que você percebe em quem inicia o jejum — a prática de jejum intermitente — ou mesmo quem já faz jejum há bastante tempo.
Flavia Trajano: Então, os erros maiores são relacionados à alimentação: como a pessoa come.
Eu digo que o jejum, quando você está adaptado e ele está sendo feito da forma correta, não é para sentir tontura, não é para sentir vertigem, não é para transpirar e desmaiar.
Não. Não é para acontecer isso. Então se está acontecendo isso, provavelmente está relacionado ao que você ingere antes de fazer o jejum.
Então os erros básicos estão em comer alimentos ricos em açúcares, carboidratos — pão, macarrão, bolo — que viram açúcar também no sangue, e depois tentarem fazer jejum.
Aquele típico “saiu da Páscoa — nunca fez jejum — vou fazer o jejum depois do almoço de Páscoa”.
Com certeza não vai ser muito bem executado. A pessoa vai sentir muito desconforto.
Até porque as pessoas, só de reduzirem o açúcar, tirarem esses excessos de carboidratos, se elas vão tirando gradativamente, elas não irão ter essas sensações, essas reações.
Mas se elas fazem de uma forma brusca, com certeza, o corpo vai ter uma resposta muito mais intensa.
Outra coisa que está nos erros comuns: as pessoas utilizam muito adoçante, tipo, refrigerante diet, light, sem açúcar e fazem jejum.
Ou até mesmo têm várias pessoas que tomam café com açúcar e acham que estão fazendo jejum.
Então, se você está ingerindo o açúcar, definitivamente você não está fazendo jejum.
Porque o princípio básico aí do descanso para o nosso trato digestório é não ter nenhum macronutriente, principalmente o açúcar, que tem um efeito metabólico mais rápido no nosso corpo.
Então são esses os erros principais.
Outros erros que as pessoas falam muito é: elas mal estão adaptadas ao jejum e vão começar a treinar em jejum.
E junta toda aquela questão psicológica de estar se adaptando, ainda não estar cetoadaptado — o corpo ainda não está adaptado a queimar gordura como fonte de energia.
E a pessoa vai lá e faz um exercício intenso e tem um desconforto, um desmaio, ou seja, além do psicológico também da pessoa “estou treinando em jejum…” — nossa, isso é quase um pecado na cabeça de muitos — e aí é onde tem os problemas.
Então é como eu sempre falo: começa a se adaptar primeiro ao jejum, não treina se você não está adaptado ao jejum.
Faz uma coisa de cada vez, esteja bem adaptado e aí então você começa a fazer os treinos de forma gradativa também.
Guilherme: Acho que isso reforça aquele ponto que nós mencionamos de ter a hierarquia das coisas no lugar.
Então primeiro conserta a alimentação, se acostuma a ficar bem em jejum antes de resolver fazer treinos em jejum.
Então vá pouco a pouco evoluindo e se acostumando com a prática.
Flavia Trajano: Exatamente.
Os Hábitos Saudáveis Da Flavia
Guilherme: Flavia, além do jejum intermitente, que outros hábitos saudáveis você tem no seu dia a dia?
Flavia Trajano: Então, desde quando eu resolvi emagrecer eu comecei a fazer exercício físico.
Uma coisa também que eu descobri é que eu tenho muita disposição, eu sou uma pessoa muito ativa.
E como antes os meus hábitos alimentares eram péssimos: tipo, eu comia depois do almoço, aquela macarronada, empacava no sofá e, aí só levantava no outro dia.
Muitos aqui devem saber do que eu estou falando.
Então eu me achava super preguiçosa: “Nossa, eu não tenho disposição”.
E com esse processo de mudança eu comecei a fazer exercício e comecei a gostar muito do exercício físico, de vários.
Já fiz alguns tipos e hoje eu estou fazendo crossfit, que é um exercício mais intenso que eu gosto… e jogo vôlei às vezes, de final de semana, na praia.
Então é um outro hábito que, realmente, mudou a minha vida em, com certeza, todos os aspectos, de você ter toda aquela restauração, todos aqueles efeitos metabólicos do exercício físico, aquela sensação de bem-estar.
Então realmente isso mudou drasticamente a minha vida.
Como Aprender Mais Sobre Jejum Com A Flavia
Guilherme: Show, show. Que legal!
E uma pergunta, é que nós sabemos que você tem um curso que fala um pouquinho sobre o jejum intermitente sem mitos e um pouco também sobre as bases da alimentação.
Você poderia falar um pouco sobre o que ele explica exatamente, para quem é e para quem não é esse curso que você preparou?
Flavia Trajano: Então, o curso Emagrecer Sem Mitos é um curso básico para as pessoas.
Muitas pessoas chegam no Instagram sem saber nada sobre alimentação.
Elas vêm com aquela ideia de que tem que comer várias vezes por dia…
E já tiveram vários episódios de fracasso na perda de peso e têm a ideia de: “Ah, vou tentar o jejum”.
O jejum já foi até classificado como “a dieta para quem não consegue fazer dieta”.
E como a regra básica é simples — “não comer” — tudo se torna mais fácil.
É só não comer por um período de tempo X.
Então esse curso é muito básico, ensina essas questões de:
- Por que nós temos fome?
- Quais alimentos nos fazem ter mais fome?
- Quais as horas?
- O que é indicado?
- Como eu tenho que começar?
As pessoas têm muito medo: “Ah, vou fazer tantas horas todos os dias? Uma refeição por dia, duas?”
Então o curso agrega toda essa base.
É como se fosse um curso básico mesmo de educação — a verdadeira reeducação alimentar — de seguir a fome, seguir a saciedade e incorporar o jejum.
Ensinamos a incorporar o estado não-alimentado e o estado alimentado de uma forma que gere o equilíbrio e que você consiga perder peso.
Roney: Ah, bacana, Flavia.
O curso é bem bacana, e nós vamos deixar um link para quem quiser conhecer mais sobre o curso.
Flavia, antes de nós falarmos sobre as suas mídias sociais, onde o pessoal pode acompanhar mais o seu trabalho, você poderia responder uma pergunta que nós recebemos muito, que é a seguinte.
Fazer Jejum Por Muito Tempo Não Vai Causar Nenhum Tipo De Distúrbio Alimentar?
Flavia Trajano: Sim, essa pergunta é muito constante.
Agora eu estou cursando Nutrição, mas o que me despertou muito nessa mudança foi a questão de hábitos.
Eu estudei um pouco de Psicologia antes de entrar na Nutrição.
Então assim, eu estudei um pouco sobre Teoria Cognitivo-Comportamental, um pouco de Psicanálise, um pouco das abordagens básicas da Psicologia.
A questão dos transtornos, principalmente do transtorno alimentar, sempre vem associado a outro tipo transtorno: um transtorno de ansiedade, um transtorno de humor… ele está sempre enviesado em um transtorno, em alguma causa mais profunda.
Então as pessoas confundem muito porque quem tem transtorno, por exemplo… a anorexia faz muito jejum.
A mesma coisa que eu te falo: a pessoa que tem TOC lava muito as mãos.
Então nós podemos afirmar que ao lavar muito as mãos você pode ter TOC? Não. Então é justamente somente um gatilho.
O jejum é um gatilho, mas ele não é a causa.
Obviamente pessoas com transtornos já diagnosticadas devem ser acompanhadas pelo seu Psiquiatra, Psicólogo, fazer um tratamento Multidisciplinar, e ser acompanhado também por um Nutricionista para ficar supervisionando essa ingesta.
Sendo que a questão do transtorno alimentar sempre tem picos: uma hora a pessoa está — principalmente na bulimia — muito magra, de repente ela come muito e engorda.
Então tem efeito sanfona, está sempre tendo vários picos.
E essa pessoa tem que ser, com certeza, acompanhada.
E talvez o jejum não seja a melhor abordagem para pessoas já diagnosticadas, principalmente sem acompanhamento.
Então uma pessoa com anorexia, com baixo peso, deve fazer jejum?
Obviamente que não.
Principalmente porque o princípio básico do jejum é para ter saúde e para ter uma perda de peso.
O jejum, principalmente, intermitente e programado.
Então se a pessoa não tem um excesso de peso, se na verdade ela tem baixo peso, o jejum não é uma ferramenta aplicada ao caso dela.
Então é sempre usando a questão do bom senso.
O que eu ouço muitas pessoas falando é na área de compulsão. As pessoas que são compulsivas, são compulsivas geralmente não só na alimentação, mas com outros fatores.
Então o que elas relatam é que nas dietas tradicionais que elas comem várias vezes ao dia, elas têm vários, digamos, tipos de reforços: todos os dias ela tem três ou quatro refeições e ela vai ter o reforço de se alimentar, como se fosse um item de tentação a cada vez que ela se alimenta.
O que elas vêm me relatar é que essa compulsão diminuiu com o jejum porque como o estímulo primário, de ficar comendo toda hora, é reduzido; e ela esperar sentir a fome real, fisiológica; ela vai saber muito bem dimensionar, quantificar essa fome.
E até no momento em que ela está saciada ela sabe parar porque ela ficou com esse mecanismo mais ativo, devido à diminuição aí da exposição à várias refeições.
Então, nesse caso, o que eu ouço de muitas pessoas relatando, é até uma melhora nesse quadro de compulsão, que é diferente também do transtorno.
São coisas diferentes, mas que vale a pena a gente falar, sim, um pouquinho de cada, para as pessoas entenderem.
Siga A Flavia
Guilherme: Excelente, Flavia!
Acho que fez muito sentido.
A sua abordagem é muito sensata, sobretudo, isso é bem importante, no mundo com tantas pessoas radicais.
E para quem quiser acompanhar mais o seu trabalho, saber mais sobre o Jejum Sem Mitos e saber um pouco mais sobre como você pensa a respeito do jejum — eu sei que você sempre posta coisas legais no seu Instagram — o que as pessoas têm que fazer para acompanhar as suas postagens internet a fora?
Flavia Trajano: Então, tem o Instagram @jejumintermitente; tem o grupo também no Facebook – Jejum Intermitente Sem Mitos – que foi lá onde tudo começou.
E o que é interessante lá é que várias pessoas interagem.
Então todos os dias tem um quadro de depoimentos, de histórias, muito… realmente é um know how assim muito grande porque todos os dias é muito intenso.
Então têm experiências, desabafos… e é onde nós, cada dia mais, percebemos que os hábitos alimentares estão reforçados, têm bases na parte comportamental, na parte não só fisiológica.
E eu acho que a fisiológica é uma das bases até mais fáceis de lidar, porque saber se você está com fome real é muito fácil.
Mas essa questão da afetividade, da emoção vinculada à comida e desse processo de emagrecimento que envolve ansiedade realmente é a parte mais difícil.
E ali com essas trocas eu vejo que as pessoas conseguem se identificar e conseguem ter mais sucesso.
A Mensagem Final Da Flavia Para Você
Roney: Perfeito, Flavia.
Agora você teria alguma mensagem final para deixar para quem está nos ouvindo até aqui?
Pode ser qualquer coisa, pode ser sobre jejum, pode não ser, pode ser sobre saúde… enfim, o espaço está livre para você falar o que quiser.
Flavia Trajano: Tá.
A gente tem um grupo de WhatsApp de pessoas que fizeram os cursos anteriores e é interessante ter essa troca também.
E hoje estavam falando que as pessoas, em geral, têm uma grande dificuldade em praticar o jejum por causa da questão social.
E até tem um post de vocês “o que eu respondo sobre o meu jejum? O que eu digo para as pessoas que eu não vou comer?” uma vez eu repostei, eu lembro… é “o que dizer às pessoas quando você está de jejum?” é uma coisa assim.
E esse é um dos pontos mais difíceis: a questão da interação social.
É o que eu sempre falo: se você vai em um jantar, você tem um jantar programado, obviamente não é a melhor opção você fazer jejum.
Óbvio. Você vai em um jantar, você vai para comer, para socializar, enfim, não é o momento.
Mas sempre que você está no trabalho ou na escola, enfim, em algum lugar em que as pessoas te perguntam. Se você come, elas ficam te questionando; se você não come… também!
Aí sempre me perguntam: “Ah, mas você come?”, aí eu respondo: “Sim. O meu jejum é intermitente, não permanente. Então, sim, eu como, até por isso estou muito bem, saudável. E nós precisamos ter esse equilíbrio entre o estado alimento e o estado não-alimentado. Então é o jejum intermitente e não jejum permanente”.
Respondendo assim eu acho que, mesmo para as pessoas leigas que gostam de criticar, elas começam a pensar, a questionar realmente: intermitente.
Eu acho que é aí onde está a dúvida do conceito; o que é, realmente, intermitente.
Guilherme: Ótimo, ótimo!
Acho que as pessoas muitas vezes se chocam com essa questão de ficar várias horas sem comer, mas muitas vezes elas têm essa vontade latente, de conseguir ficar várias horas sem comer.
Muitas vezes quando elas estão presas em um ciclo de comer carboidratos refinados a cada três, quatro horas, ela não consegue sair de casa sem pensar no próximo lanche, na próxima refeição.
Então nesse aspecto o jejum realmente é algo libertador.
Flavia Trajano: Exatamente, exatamente.
Então é um choque: “Mas como você consegue pular o café da manhã? Nossa, eu não consigo nem sair de casa” porque está nesse vício, nesse ciclo vicioso do carboidrato, do açúcar, desse pico.
E realmente, é possível sair dele!
Eu saí, vocês também, muitos conseguem sair e quando nós entendemos essa reação no corpo, todos esses benefícios, é realmente algo libertador.
Eu penso: “Nossa, eu faria esse estilo de vida mesmo, para sempre” porque nós não passamos aquele apuro de estar no trânsito: “Ah, não vou comer!’. A gente não se desespera.
Ou se a sua reunião atrasou, você não vai conseguir almoçar naquele momento, fica até algo mais fácil de lidar: “Eu não almocei, mas daqui a pouco eu vou comer”.
É sempre aquela história que nós contamos para nós mesmos e fica mais fácil de levar e você se torna até um pouco mais resiliente com as outras coisas, porque é algo óbvio, mas as pessoas não se imaginam fazendo isso porque elas estão nesse ciclo sem fim.
Roney: Perfeito, Flavia.
Flavia, nós chegamos agora ao fim da entrevista, nós queríamos te agradecer muito por ter conseguido um horário para falar conosco, por ter dado essa entrevista maravilhosa. Muito obrigado mesmo.
Flavia Trajano: Eu agradeço vocês, gosto muito do trabalho de vocês, vocês são muito coerentes, têm uma adesão aí muito bacana, um conteúdo maravilhoso e eu que agradeço também o convite. Foi uma honra e um prazer estar aqui com vocês.
Guilherme: Muito obrigado!
Nós gostamos muito de poder contar com você hoje aqui como convidada e também tenho certeza que quem nos ouviu até aqui também gostou muito.
Então, pessoal, se você nos ouviu até aqui, pode seguir a Flavia lá no Instagram.
Nós vamos deixar abaixo os links que a Flavia mencionou:
- Instagram: @jejumintermitente
- Facebook: grupo Jejum Intermitente Sem Mitos
- Curso completo: Emagrecer Sem Mitos
- Grupo VIP de Whatsapp (para quem fez o curso)
E recomendamos que você não perca as próximas entrevistas e os próximos episódios.
Para isso é só se inscrever no seu player de podcast favorito.
Muito obrigado por ter nos ouvido até aqui e muito obrigado, novamente, à Flavia.
Roney: Nós nos vemos em uma próxima semana.
Nós soltamos podcasts todas as segundas-feiras. E se você se inscrever, você não vai perder nenhum!
Então, até um próximo episódio.
Um forte abraço
Roney e Guilherme: Do Senhor Tanquinho.
Em um jejum prolongado – digamos de 48 horas, é normal sentir fome mesmo que se seja um low carber? É preciso então “surfar as ondas” de fome? Grato pela atenção.
Bom dia Carlos, tudo bom?
É normal sim, afinal essa é a resposta do corpo a longos períodos sem alimentação.
O jeito é ir distraindo o corpo com as dicas que demos no podcast – ou então repensar a necessidade de jejuns tão longos.
Forte abraço!